CFC investiga denúncias envolvendo BNB



A Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) começou, nesta quinta-feira (25), a tomar conhecimento de denúncias sobre o Banco do Nordeste (BNB) relativas a desvios de recursos, improbidade administrativa, tráfico de influência, intermediação de interesses privados e exploração de prestígio, envolvendo o nome do presidente da entidade, Byron Queiróz, nos últimos oito anos.

Durante a reunião desta quinta-feira, a CFC ouviu o depoimento do deputado estadual João Alfredo Telles (PT-CE), que apresentou cerca de 40 denúncias contra o presidente do Banco do Nordeste, referentes à liberação de recursos para bancos que se encontravam em processo de falência, enriquecimento ilícito e favorecimento pessoal.

O deputado contou aos membros da Comissão de Fiscalização e Controle que todas as denúncias já foram devidamente formalizadas há cerca de um ano junto à Justiça cearense, e estranhou que até agora nenhuma providência tenha sido tomada. Segundo ele, existem claras evidências de que o Judiciário local tem relações estreitas com a direção do Banco do Nordeste.

Para o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Tomaz Silva, que também participou da audiência pública na comissão, o rombo de R$ 7 bilhões do Banco do Nordeste teve início em 1995, após constatações feitas por auditorias do TCU e inspeções do Banco Central.

Tomaz Silva revelou que, durante os últimos seis anos, a direção do banco injetou milhões de reais no mercado, via concessão de empréstimos, sem qualquer critério técnico. "Ocorre que os empréstimos não estão sendo pagos, o que vem comprometendo seriamente o patrimônio do banco", acrescentou o sindicalista.

A reunião desta quinta-feira da CFC foi destinada a discutir o descumprimento de decisão judicial que determinava o pagamento de indenização, pelo Banco do Nordeste, à empresa Agroindustrial e Reflorestadora Ltda (Arisa). O presidente da empresa, Antônio José Nóbrega, que também compareceu à comissão, informou que o Banco do Nordeste deve à Arisa R$ 100 milhões, "dinheiro que não é pago em virtude da relação incestuosa que alguns membros do Poder Judiciário do Ceará mantêm com a direção do Banco do Nordeste".

Na reunião, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) manifestou sua preocupação com os resultados de auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU), dando conta de que o BNB registrou um rombo de R$ 7 bilhões de 1995 para cá, ou seja, durante as duas gestões de Byron Queiróz.

Heloísa Helena apresentou requerimento, aprovado pela CFC, convidando Byron Queiróz e o procurador Alekssander Wilksson, do Ministério Público do Ceará, para deporem na comissão a respeito das denúncias envolvendo o Banco do Nordeste. As datas ainda serão marcadas. A senadora quer ouvir também membros do Poder Judiciário do Ceará e empresas que foram agraciadas com empréstimos do banco.



25/04/2002

Agência Senado


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