CI debate a retomada do crescimento depois da crise



Ratificar a importância do capital privado na infraestrutura, definir marcos regulatórios estáveis, consolidar a autonomia e independência das agências reguladoras, definir uma agenda permanente de projetos estruturantes e criar mecanismos alternativos de financiamento para o setor privado. Esses são os cinco itens principais que fazer parte da agenda da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base, segundo seu vice-presidente executivo, Ralph Lima Terra. Ele foi um dos participantes da audiência pública realizada na noite desta segunda-feira (17) pela Comissão de Serviços de Infraestrutura.

"Infraestrutura e retomada do crescimento: visões da crise". Esse foi o segundo tema da série de audiências públicas que a Comissão de Infraestrutura vem realizando, envolvendo os desafios estratégicos setoriais. Ralph terra citou vários números que demonstram a crescente participação da iniciativa privada no desenvolvimento da infraestrutura brasileira. Na área da energia elétrica, por exemplo, de 1999 a 2008 foram implantados 5.360 megawatts com recursos públicos e 13.761 megawatts com dinheiro privado. Na área de transmissão, 23 mil quilômetros dos 32 mil construídos o foram pela iniciativa privada.

- Nas linhas de transmissão ocorre o mesmo: há mais de dez anos a grande maioria dos serviços vem sendo realizados com recursos privados. Essa é a demonstração de que quando as regras são estáveis, claras e objetivas, os investidores privados vêm - disse Ralph Terra.

O presidente da Comissão de Infraestrutura, senador Fernando Collor (PTB-AL), indagou de Ralph Terra qual a visão da ABDIB com relação a questão ambiental. O vice-presidente respondeu que a associação procura adotar uma posição intermediária entre um extremo que defende a tese de que em função do meio ambiente nada pode ser feito e o outro que entende que a título do desenvolvimento, da necessidade do país, tudo pode ser feito.

Já o senador Gilberto Goelnner (DEM-MT) defendeu mais investimentos em hidrovias como uma forma de baratear o transporte no país. Ele comparou que enquanto a Europa investe forte no setor e até os Estados Unidos, que possui apenas um grande rio, o Mississipi, tem uma importante malha hidroviária, o Brasil não aproveita "os seus vários mississipis". Ralph Terra concordou com a tese do senador e lamentou que complexos hidroviários não tenham sido prioridade nos últimos governos que o país teve.

A crise e o Brasil

O outro convidado, o economista e sócio diretor da empresa Creta, Eduardo de Freitas Teixeira, traçou um quadro da situação do Brasil na época em que a crise mundial se instalou, os impactos que ela provocou e a perspectiva que o país tem de aproveitar o momento para se preparar para um longo período de crescimento sustentável. Na sua visão, nunca a nação brasileira viveu um momento tão positivo.

Eduardo Teixeira lembrou que o Brasil vinha experimentando um período de crescimento quando a crise começou a produzir seus efeitos. A demanda interna era a principal responsável pela expansão econômica. O consumo doméstico vinha sendo estimulado pela baixa continuada das taxas de desemprego e do aumento da massa salarial e do crédito doméstico. As contas públicas também estavam equilibradas e o país acumulava superávits primários há mais de dez anos. As reservas internacionais também vinham em alta.

- O Brasil superou bem a crise porque tinha fundamentos sólidos macroeconômicos. Tivemos uma perda de reservas, mas ela já foi superada. Se fosse em outra época, a inflação teria explodido, mas ela manteve-se baixa, dentro da meta. As finanças públicas também continuaram sob controle, mesmo com os pacotes lançados pelo governo visando estimular o emprego e a renda - enumerou Eduardo Teixeira.

O economista aprovou as medidas adotadas pelo governo para que o país superasse a crise sem sobressaltos, como a diminuição dos compulsórios, a expansão do crédito e a redução dos juros patrocinada pelo sistema financeiro oficial e a criação de uma linha de crédito externa auxiliar aos exportadores. Eduardo Teixeira também destacou a redução do IPI para os automóveis e a desoneração do imposto dos materiais de construção civil.

Por sua vez, o senador Mão Santa (PMDB-PI) confessou que não está muito otimista com o futuro do país. Ele considera que falta pesquisa, estudo e um rumo que permita ao Brasil se posicionar melhor no cenário econômico que tende para o conhecimento, a informática e a produção tecnológica. O senador comparou que a Índia e a China aproveitaram o fato de a mão de obra ser barata e conseguiram se desenvolver nessa área.

Ao final da reunião, foi aprovado requerimento apresentado pelo senador Fernando Collor para realização de audiência pública com a participação do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. O tema será a proposta do governo para o marco regulatório do pré-sal .



17/08/2009

Agência Senado


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