CI vai investigar venda da Varig e Dilma Rousseff, por enquanto, não irá prestar depoimento



Senadores da base do governo e da oposição decidiram nesta quinta-feira (5), em reunião da Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI), investigar as denúncias da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu de que a ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff, teria favorecido, em 2005, o fundo norte-americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros durante o processo de venda da Varig e da VarigLog.

Em duas rodadas - nas próximas quartas-feiras, 11 e 18 - serão ouvidas pela CI 11 pessoas, entre elas Denise Abreu e o advogado Roberto Teixeira, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com as denúncias, Teixeira teria usado seus contatos junto ao governo federal a fim de obter vantagens financeiras para os compradores da Varig e da VarigLog, subsidiária que opera no transporte de carga.

A ministra Dilma Rousseff não foi convidada para prestar depoimento nesta pré-apuração das denúncias. Os requerimentos aprovados foram de autoria do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), da líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e de outros membros do DEM e do PSDB. Governo e oposição votaram a favor dos requerimentos, com exceção do senador Lobão Filho (PMDB-MA).

CPI

A oposição alertou que, se os depoimentos não forem convincentes e Denise Abreu confirmar as denúncias perante a CI, haverá pedido de criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar tais denúncias, consideradas por Demóstenes Torres "muito graves". O senador por Goiás não descartou, entretanto, a vinda de Dilma Rousseff ao colegiado. Mas observou que, em primeiro lugar, é necessário ouvir as acusações feitas contra ela.

Já o líder do governo, Romero Jucá, foi claro: foram convidadas as pessoas que, direta ou indiretamente, tomaram parte no processo de liquidação da Varig e da VarigLog. Ele garantiu que o governo quer ver todas as denúncias esclarecidas, "já que não teme nenhuma investigação e não tem compromisso com o erro". A prova, segundo ele, é que a base do governo aprovou todos os requerimentos. Sobre a criação de uma CPI para apurar os fatos, Romero Jucá adiantou que o governo não a teme. Mas entende que, no momento, falar em criação de CPI representa uma visão político-eleitoral das oposições.

Apuração

A primeira audiência pública, marcada para as 10h da próxima quarta-feira (11), contará com sete depoentes. Além de Denise Abreu, o ex-presidente da Anac Milton Zuanazzi; o ex-procurador-geral da Anac João Ilídio de Lima Filho; o juiz da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro Luiz Roberto Ayoub; o procurador Manuel Felipe Brandão; e os ex-diretores da Anac Leur Lomanto e Jorge Veloso, estes últimos que confirmaram as denúncias de Denise Abreu.

No dia 18, deverão prestar depoimento o advogado Roberto Teixeira e os três sócios brasileiros que compraram as empresas, Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel. A lei brasileira proíbe estrangeiros de possuírem mais de 20% do capital das companhias aéreas. A CI também deverá ouvir representantes do sindicato dos trabalhadores da empresa.

Durante a reunião desta quinta-feira, tanto os membros da base do governo quanto os da oposição defenderam a completa apuração das denúncias, apesar de a senadora Ideli Salvatti e de o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) terem estranhado que somente agora, passados três anos da operação de compra e venda das empresas, Denise Abreu tenha feito as acusações. Para Wellington Salgado, a declaração de Denise veio no momento em que Dilma estaria disposta a ser candidata à Presidência da República nas eleições de 2010.

05/06/2008

Agência Senado


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