Ciência brasileira é reconhecida no exterior, diz pesquisador



Apesar de a ciência brasileira ter uma história recente, o progresso alcançado nos últimos 40 anos é tal que o Brasil é reconhecido por outras nações. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (12) pelo presidente da Academia Brasileira de Ciência (ABC), Jacob Palis, que participou de audiência pública para celebrar o Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento, comemorado em 10 de novembro.

Palis disse que o Brasil é uma das novas potencias científicas, ao lado da China e da Índia, que crescem em produção e qualidade, em índices maiores do que países desenvolvidos. O Brasil adquiriu prestígio e reconhecimento na área científica, ressaltou, o que exige que o país continue investindo na área. Nesse sentido, o presidente da ABC apelou ao Congresso pela manutenção do orçamento destinado à ciência e tecnologia para 2010, que atualmente representa 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Ele informou que a intenção do governo é de que tais investimentos cheguem a 1,5% do PIB, em cinco anos.

Palis enfatizou que a colaboração científica entre as nações pode contribuir com o progresso e beneficiar os povos menos favorecidos. Ele destacou ainda a necessidade de opção pelo desenvolvimento sustentável.

Racionalidade

O conhecimento científico é o instrumento que racionaliza e propõe soluções para que haja desenvolvimento com sustentabilidade, ressaltou o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Marco Antonio Raupp. Em sua avaliação, a ciência pode reverter os problemas ambientais já existentes, como o aquecimento global, a poluição e a extinção de espécies. Pode ainda evitar problemas futuros, bem como orientar a utilização dos recursos naturais para o desenvolvimento econômico, sem extingui-los ou esgotá-los.

Marco Raupp informou que o Brasil participa com 2% da produção mundial de trabalhos científicos. Esse percentual, ressaltou, está de acordo com o desenvolvimento do país, uma vez que o PIB do país representa 2% da economia mundial. Esse desenvolvimento científico, ressaltou, deve-se especialmente às pesquisas da Petrobras, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre outras instituições.

Educação

O presidente da SBPC também enfatizou a necessidade de haver maior investimento em educação. Em sua opinião, a educação fundamental e média é deficiente, especialmente em matemática, o que repercute na formação de poucos cientistas brasileiros. Para ele, o investimento em educação vai permitir o desenvolvimento econômico e a diminuição das desigualdades regionais.

Na opinião da diretora da Estação Ciência da Universidade de São Paulo (USP), Roseli de Deus Lopes, o sistema educacional não estimula as potencialidades dos brasileiros. Ela sugeriu a intensificação de programas de qualificação continuada de professores, para capacitá-los a lidar com a atual geração de estudantes e com as novas tecnologias.

A pesquisadora também criticou o fato de o conhecimento científico produzido nas universidades não ser transferido à sociedade. Muitas das inteligências brasileiras, observou, são "desperdiçadas", pois, pela falta de oportunidade, muitas vezes, vão atuar em outros países.

O evento, realizado em Plenário, foi promovido pelas comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), de Educação, Cultura e Esporte (CE), de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), de Serviços de Infraestrutura (CI) e de Agricultura e Reforma Agrária (CRA).



12/11/2009

Agência Senado


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