Cientistas de todo o mundo discutem uso sustentável dos oceanos
Pesquisadores de todo o planeta se encontram no Rio de Janeiro, de segunda-feira (24) ao dia 27 de novembro, para o 6º Fórum Mundial de Ciência (FMC 2013), em busca de caminhos para o desenvolvimento global. Os debates envolvem, entre outros assuntos, a exploração sustentável dos recursos oceânicos, diante de pressões exercidas por demandas alimentares, biotecnológicas, energéticas e minerais.
“Nós precisamos aprender cada vez mais sobre os oceanos, entender como eles vão se comportar no futuro”, diz o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre. “Saber como eles respondem ao aquecimento global é fundamental para prevermos quais serão de fato as mudanças climáticas no planeta.” O desafio também será tratado no Seminário Brasil – Ciência, Desenvolvimento e Sustentabilidade, que precede o fórum.
Segundo Nobre, que é climatologista, de 30% a 40% do dióxido de carbono lançado pelo homem na atmosfera atinge os oceanos. Ao reagir com a água do mar, a substância produz ácido carbônico. “Se nós não diminuirmos a emissão de gases de efeito estufa até o final do século, a acidez do oceano vai ter crescido a ponto de causar uma grande perturbação da vida marinha, como a quebra de cadeias alimentares e o desaparecimento de corais”, alerta.
O secretário evoca o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que projeta um aumento do nível do mar entre 60 centímetros e mais de um metro até 2100, por causa do derretimento de geleiras. O problema deve afetar cerca de 40% da população humana, que vive em zonas costeiras, como o próprio Rio de Janeiro.
Em 100 anos, de acordo com o IPCC, grande parte das linhas litorâneas deve sofrer impacto. “Vamos ter que readaptar, rearranjar, ocupar as costas com atividades econômicas diferentes”, previne Nobre. “Países desenvolvidos já se preocupam muito com isso e nós ainda não nos preocupamos. É muito urgente que o Brasil, País com 8,5 mil quilômetros de linha costeira, se volte de uma forma muito clara para o Oceano Atlântico na exploração de seus recursos energéticos e seus recursos vivos, e para a proteção da biodiversidade marinha.”
Uso sustentável
Carlos Nobre destaca o fato de que, atualmente, a população mundial depende da proteína de animais marinhos para se alimentar. “Hoje, se consome mais peixe do que animais terrestres, mas existe uma lacuna muito grande entre as necessidades presentes e futuras”, ressalta. “Há limites para a quantidade de alimento que se consegue retirar dos oceanos de forma sustentável.”
Como a pesca tem sido predatória para espécies como o atum do Atlântico (ou do norte), o secretário acredita que o caminho tecnológico mais eficiente aponta para a maricultura, modalidade de aquicultura em mar aberto ou na costa.
“Os oceanos são um grande reservatório de recursos, tanto vivos como também energéticos, mas nós temos que explorá-lo de maneira sustentável e com muita sabedoria”, indica. Para o titular de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, ainda não existe uma solução para retirar o potencial energético do subsolo sem provocar aumento do aquecimento global.
Recentemente, na opinião de Nobre, o governo federal vem dando passos importantes para a construção de conhecimento sobre o mar, com a criação do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias (Inpoh) e a aquisição de um navio oceanográfico. “Então, nós acordamos para essa realidade, porque nada pode acontecer sem conhecimento. A ciência e o desenvolvimento com tecnologias apropriadas e sustentáveis é pré-condição para o aproveitamento desses imensos recursos que temos na água.”
Fonte:
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
20/11/2013 18:39
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