CINCO MILHÕES DIZEM SIM À RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA EXTERNA



Consulta popular sobre a dívida externa realizada entre os dias 2 e 7 de setembro por um conselho de igrejas cristãs, entre as quais a Igreja Católica, mostrou que há uma corrente na sociedade contra o tratamento dado pelo governo à dívida externa. De um total de 5.476.115 cidadãos consultados, o que equivale a 5,16% do eleitorado, 95,02% se disseram favoráveis ao reestudo e à mudança dos acordos feitos com os credores internacionais. Os resultados - que estarão concluídos nos próximos três dias - foram anunciados em solenidade no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados.
O percentual de 95,02% representa a média da maioria das respostas dadas a três perguntas formuladas pelos organizadores do plebiscito. À primeira pergunta constante da cédula de votação - sobre se o Brasil deveria manter os acordos firmados com o Fundo Monetário Internacional (FMI) - 93,79% dos consultados responderam "não". A pergunta seguinte procurava saber a opinião dos brasileiros sobre se o país deveria continuar pagando a dívida externa de US$ 240 bilhões (R$ 439,2 bilhões) sem auditoria dos contratos. A resposta de 96,55% dos consultados foi "não". E 94,73% dos cidadãos participantes da consulta deram um "não" como resposta à terceira pergunta: Os governos federal, estaduais e municipais devem continuar destinando grande parte do orçamento ao pagamento de juros a "especuladores"?
Para o padre Alfredo José Gonçalves, responsável pelo anúncio, a amostra da opinião pública, colhida em 3.444 municípios, "é significativa". A importância do plebiscito informal foi enfatizada por cinco senadores presentes ao evento: Eduardo Suplicy (PT-SP), Heloísa Helena (PT-AL), Marina Silva (PT-AC), Geraldo Cândido (PT-RJ) e Tião Viana (PT-AC). Segundo este último, os resultados "consagram a responsabilidade que os cristãos têm com a situação dos brasileiros e ajudam no grito contra as desigualdades".
Durante a solenidade, Heloísa Helena divulgou cópia de projeto que está apresentando com o objetivo de que o Brasil perdoe as dívida de países pobres. O projeto foi apresentado a pedido do conselho de igrejas, que segue um movimento internacional pela redução drástica da dívida externa dos países do terceiro mundo. Suplicy divulgou cópia de requerimento de informações solicitadas ao Ministério da Fazenda sobre quais são os credores da dívida interna federal.

13/09/2000

Agência Senado


Artigos Relacionados


Suplicy lembra a auditoria e a renegociação da dívida externa realizadas por Vargas

Ademir pede explicações a Malan sobre posição contrária à renegociação da dívida externa

Aprovada renegociação da dívida de Alagoas

CAE APROVA RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA DE MOÇAMBIQUE

FRANCELINO DESTACA A RENEGOCIAÇÃO DE DÍVIDA DE BH

CDHU faz renegociação de dívida na região de Araraquara