Ciro ganha o primeiro round









Ciro ganha o primeiro round
TSE dá direito de resposta e também proíbe o programa de Serra de usar imagem e voz do candidato do PPS

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concedeu ontem direito de resposta ao candidato à Presidência pela Frente Trabalhista (PPS, PDT e PTB), Ciro Gomes, no programa de José Serra (PSDB) e proibiu o tucano de usar a imagem e a voz de Ciro na qual ele chama um ouvinte de "burro".
O tempo concedido pelo tribunal equivalerá ao tempo de programa usado no ataque a Ciro. O programa de Serra usou trechos de uma entrevista de Ciro a uma rádio na qual ele chamava um ouvinte de "burro" e chamou o candidato do PPS de "destemperado".

Serra terá 24 horas para recorrer da decisão, a partir da comunicação oficial da decisão. Se entrar com o recurso, o TSE terá 72 horas para apreciá-lo.

A decisão de proibir o uso de imagem e voz de Ciro no programa de Serra foi em liminar solicitada pelo candidato do PPS e concedida pelo ministro auxiliar do TSE , Caputo Bastos.

Na estréia do horário gratuito, na terça-feira, o programa eleitoral de Serra veiculou uma resposta de Ciro a um ouvinte durante uma entrevista na Bahia sobre o apoio que recebe do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL). O ouvinte havia perguntado se o candidato queria ser presidente da Suíça, porque ele dissera que não daria cargos aos aliados se fosse eleito.

A resposta foi: "Lá é parlamentarista. É só um aviso aí para esses petistas furibundos. Tem que fazer as perguntas com um pouco mais de cuidado para largar de ser burro".

Ciro enviou ontem um recado a Serra: "Eu vou dizer claramente, com todos os 'esses' e 'erres', quem é que é ladrão, quem roubou", afirmou. "Isso é um aviso para o ministro da dengue, para aquele que está mandando grampear telefones, para aquele que está mandando espionar a vida alheia, para aquele que não tem proposta e está desesperado."

Já em seu site (www.ciro23.com.br), usando o bordão da personagem dona Jura – "Não é brinquedo, não" -, da novela O Clone, interpretada pela atriz Solange Couto, Ciro critica a gestão de Serra no Ministério da Saúde. Solange apóia o candidato do PSDB e está aparecendo em seus programas.

Tucano continuará bicando
O comando da campanha do candidato José Serra é jogar todos os esforços na propaganda gratuita pela televisão, dando destaque à proposta de aumentar o emprego em todo o País. A estratégia de bater no candidato Ciro Gomes está mantida, apesar das decisões de ontem do TSE proibindo o uso da imagem do candidato do PPS no programa eleitoral do PSDB. A informação do é do líder tucano na Câmara, Jutahy Júnior.

Serra está solicitando aos candidatos a governadores e a deputados federais e estaduais que usem o horário eleitoral gratuito na televisão para pedir votos a seu favor. Além dessa ajuda, Serra, que está em terceiro lugar nas pesquisas, pretende concentrar sua campanha em locais em que os candidatos aos governos estaduais têm estrutura sólida e bom desempenho eleitoral.

"Isso ajudará Serra a se consolidar nos estados, pois seu nome estará associado a pessoas de peso eleitoral", disse Jutahy Júnior, citando, por exemplo, o papel, nesse caso, do deputado Aécio Neves, candidato do PSDB ao governo de Minas, e de Marconi Perillo, que disputa a reeleição ao governo de Goiás pelo PSDB.

Outro pedido de Serra, que ontem lançou em Orlândia (SP) o seu programa para a agricultura, é que os aliados do PSDB reforcem a propaganda em cima do número 45, que é do partido. Os candidatos do PSDB estão, por sua vez, solicitando ao comando nacional da campanha que enviem vinhetas para os estados para ajudar na campanha de popularização do nome de Serra. " Precisamos associar ao máximo o nome de Serra nos programas eleitorais, principalmente levando em conta que é uma campanha televisiva", disse Jutahay.

Serra destacou em Orlândia que o seu programa de governo para a agropecuária tem como meta a geração de três milhões de empregos. Ele divulgou ontem o projeto, o primeiro de uma série de cadernos temáticos setoriais que o comando de campanha divulgará.

Governo passa informações
O ministro do Planejamento, Guilherme Dias, disse que os seus encontros, ontem, com os coordenadores dos programas de governo dos candidatos à Presidência da República foram realizados para tratar do sistema de planejamento do governo federal e dos preparativos para que o próximo governo possa conduzir a elaboração do Plano Plurianual (PPA) 2004-2007.

"Não se trata de uma transição, mas de disponibilizar informações de maneira transparente", disse o ministro, acrescentando que a mostra a "maturidade institucional do País".

Dias relatou ter aproveitado os encontros de ontem para apresentar aos assessores dos candidatos uma série de estudos que vão subsidiar o planejamento do próximo PPA. O ministro informou que transmitiu também aos assessores o fato de que o governo contratou uma empresa para fazer a análise das ações realizadas na execução do PPA de 2002-2003. Disse que estão em curso também estudos sobre a Amazônia e as práticas de planejamento em seis países desenvolvidos.

O ministro reafirmou que nada foi discutido, nas reuniões, sobre a proposta de Orçamento para 2003, que deverá ser entregue ao Congresso pelo governo até, no máximo, dia 30. "Essas reuniões são uma forma de contribuir com os candidatos para o debate sobre os seus programas de governo".

Dias se reuniu com Luiz Paulo Vellozo Lucas, assessor de Serra; Antônio Palocci, coordenador do programa Lula; e Tito Ryff, assessor econômico de Garotinho. O encontro com Walfrido Mares Guia, da equipe econômica de Ciro, foi adiado para terça-feira.

Ouvinte burro está certo
Não bastasse ter chamado um eleitor de "burro", Ciro Gomes errou ao dizer que a Suíça tem primeiro-ministro, e não presidente. Em entrevista a um programa de rádio de Salvador, chamou de "burro" um ouvinte-eleitor, que fazia pergunta a ele.

O ouvinte disse que dava a impressão de que o candidato presidiria a Suíça, se vencesse as eleições. "A Suíça não tem presidente da República, mas primeiro-ministro", disse Ciro, que ainda completou: "São estes petistas furibundos. Isso é para você deixar de ser burro".

No entanto, o ouvinte tinha razão: a Suíça tem presidente. Segundo o regime suíço, em vigor desde o século XIX, o presidente da Confederação tem um mandato de apenas um ano. Ele tem a função de presidir o Conselho de Ministros e representar o país, acumulando a função de chefe de Estado e de governo.

Lula namora banqueiros
O candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva comparou ontem, durante comício em Rio Branco, sua aproximação com banqueiros e empresários a um namoro que deu certo.
Ao discursar para cerca de 7 mil pessoas às margens do Rio Acre, que leva o nome do estado, administrado pelo PT, Lula disse que não quer mais ver ninguém com medo de sua barba nem da bandeira vermelha do partido. "Esses dias tive uma conversa muito dura e, ao mesmo tempo, muito séria com representantes do sistema financeiro e saí aplaudido", afirmou, ao lembrar sua visita à Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban), na terça-feira.


Candidatos começam a mostrar serviço
Sem se prenderem a ataques pessoais, como ficou esboçado no primeiro programa, os candidatos à Presidência da República partiram ontem para a apresentação de seus programas de governo. Ciro Gomes fixou-se na educação, destacando a importância de melhoria da qualidade do ensino, o acesso ao primeiro emprego, o resgate dos espaços nas universidades e uma educação pública gratuita e de qualidade.

Anthony Garotinho insistiu na proposta de aumentar o salário mínimo para R$ 280 em maio e chegar a R$ 400 nos meses seguintes.

Zé Maria, do PSTU, manteve o discurso de ataque ao acordo brasileiro como FMI e à perspectiva de negociação com a Alca.

Lula mostrou o que seu governo poderá fazer pela saúde, com os hospitais públicos e postos funcionando e um sistema preventivo que prevê investimentos em alimentação a saneamento básico, além da implantação da farmácia popular.

Rui Costa Pimenta, do Partido da Causa Operária, quer os brasileiros sem patrões e sem rabo preso com os patrões.

José Serra investiu no projeto Segunda-feira, de geração de empregos, que envolve todos os ministérios. Segundo Serra, todos os setores vão ter que contratar mais pessoas e seu governo vai se concentrar, principalmente, no aumento das exportações: "O Brasil pode e tem que exportar mais". Serra garante que o governo pode gerar mais 730 mil empregos na educação e 500 mil na saúde.

No tempo reservado aos candidatos a deputado federal, poucos apresentaram propostas concretas: Aldo Araújo, da coligação Brasília Unida, defende uma universidade pública para Taguatinga; Prof. Cícero quer o resgate da credibilidade do homem público; José Hibba, da coligação Brasília com Respeito, pretende reintegrar o presidiário na sociedade; e José Sabino, defende pena de morte, já.


Procon vai mostrar onde comprar gás mais barato
Pesquisa será feita diariamente pelos fiscais e os preços poderão ser consultados no telefone 1512

O Procon vai divulgar diariamente, por meio de seu telefone 1512, os locais onde o botijão de gás de cozinha poderá ser comprado mais barato em cada cidade satélite do Distrito Federal. A idéia do diretor presidente do Procon, Oswaldo Morais, é ajudar o consumidor a comparar os preços antes de sair de casa.

Oswaldo explica que o Procon não pode controlar nem entrar na área de preços, por isso, os funcionários do vão fazer a pesquisa por telefone e divulgá-la todos os dias. "Esta é a medida que encontramos para beneficiar um número maior de pessoas que queiram saber onde o preço está menor", afirma Oswaldo.

O diretor garante ainda que os estabelecimentos que informarem o preço errado poderão ser punidos. Segundo ele, se houver denúncias, os fiscais, que têm fé pública, vão ligar e depois aparecer no local para verificar o preço. "Publicidade enganosa é publicar um preço e cobrar outro", afirma.

Desde quinta-feira a Secretaria de Fazenda do DF reduziu em 12,4% a base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) sobre o gás de cozinha.

Mas o desconto ainda não chegou no preço médio do produto. O valor médio caiu de R$ 30 para R$ 26,50 esta semana, o que representa uma redução de 11,6%, menor que a concedida pelo governo. O menor preço encontrado, hoje, no DF é de R$ 25 e o maior, R$ 29 (veja quadro ao lado).

Mas a expectativa do superintendente do Sindicato das Distribuidoras de Gás (Sindigás), José Agostinho, é de que até a próxima semana os descontos sejam repassados e o preço médio chegue a R$ 25,60.


Minirreforma eleva tarifa de telefones
Mudanças no PIS e Cofins aumentam carga tributária do setor e podem afetar também a conta de luz e água

A minirreforma tributária em preparo no governo poderá determinar, por si só, um aumento de quase 10% nas tarifas telefônicas, começando pelos celulares.

As operadoras de telefonia celular representadas pela Acel, a associação do setor, pediram ontem ao ministro das Comunicações, Juarez Quadros, que interceda para retirar da minirreforma o setor de telecomunicações. Segundo o diretor da Acel, Antônio dos Santos, o projeto que aumenta a alíquota de PIS e de Cofins pode elevar a carga tributária do setor de 41% para 50%.

Ele disse que o projeto onera substancialmente os serviços e deverá afetar também o setor de eletricidade e água. Os dois setores também passarão a recolher uma alíquota maior dos dois impostos e tenderão a repassar o novo encargo para os consumidores, da mesma forma que as teles.

As empresas esperam que o setor seja excluído do projeto e vão procurar parlamentares para reforçar o argumento. Segundo Santos, a Abrafix (associação que representa as operadoras de telefones fixos) também se movimenta para evitar um aumento nos impostos.

O problema está no tratamento dado pelo projeto à incidência do PIS e da Cofins, os dois tributos que serão afetados. Acaba a incidência em cascata – ou seja, em cada passo da cadeia produtiva – mas, em compensação, eleva as alíquotas.

Segundo o diretor da Acel, Antônio dos Santos, o aumento do PIS, de 0,65% para 1,65%, terá impacto imediato sobre o setor porque a cadeia produtiva das empresas de telecomunicações é pequena se comprarada com a da indústria em geral. Já em relação à Cofins, Antônio dos Santos disse que o impacto irá demorar um pouco mais porque a elevação da alíquota de 3% para 8% ocorrerá 14 meses após a mudança no PIS.


Energia fica mais cara na segunda
Reajuste, o segundo deste ano, fica acima da inflação porque a CEB alegou à Aneel que seus custos e encargos subiram mais

A energia elétrica no Distrito Federal fica 14,5% mais cara a partir de segunda-feira. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou o índice para reajuste anual da Companhia Energética de Brasília (CEB) ontem à noite. O aumento só começa a vigorar na segunda por ser a data do aniversário do contrato de concessão da distribuidora.

Para o reajuste anual as distribuidoras enviam à Aneel um pedido com o índice que consideram correto, segundo uma fórmula de cálculo estabelecida. Para o cálculo são consideradas as variações de custos que a distribuidora teve no decorrer de doze meses.

A fórmula inclui custos não gerenciáveis (como energia comprada de geradoras, Conta de Consumo Combustível, a CCC, taxa de fiscalização e encargos de transmissão) e custos gerenciáveis (que são administrados pela empresa como pessoal) além da inflação medida pelo IGP-M, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

No ano passado, a distribuidora conseguiu um reajuste de 14,36% no preço da energia e a expectativa para este ano era de um índice próximo a este. No entanto, no cálculo do reajuste para o usuário brasiliense a Aneel retirou a parcela de cobertura dos custos de implantação do Mercado Atacadista de Energia (MAE). O desconto foi o equivalente a menos 0,27% no índice concedido à empresa brasiliense.

Este é o segundo aumento no custo da energia elétrica este ano. O primeiro foi em janeiro e era uma compensação às perdas das distribuidoras devido ao racionamento do ano passado.

Alta podia ser maior
O aumento de energia poderia ter sido maior. A Companhia Energética de Brasília (CEB) fez dois pedidos de reajustes à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No primeiro, sem considerar o mês de julho no cálculo, o índice da distribuidora era de 13,13%. Na segunda solicitação, com o custo de todos os meses incluídos, a empresa brasiliense pediu um reajuste de 15,23%. No entanto, a Aneel só permitiu 14,5% de aumento.

Segundo o superintendente da CEB, Carlos Leal, a companhia está aguardando o relatório da agência para saber porque o índice foi abaixo do esperado. "Utilizamos a mesma fórmula de cálculo. Não sabemos porque a Aneel concedeu um pouco menos", afirma Leal. Ainda de acordo com ele, os principais itens para a composição do reajuste foram o custo da energia comprada pela distribuidora, que aumentou em 17% nos últimos doze meses, a variação do dólar, que acumulou alta de 27,3% nos período e os encargos com a transmissão de energia, que ficou 32,18% mais cara.

Com o reajuste deste ano, a energia elétrica acumula um aumento de 95,95% desde o início do Plano Real em 1994. Quando Fernando Henrique assumiu a presidência o usuário de energia pag ava por volta de R$ 0,1166 por kWh consumido. Atualmente, o brasiliense gasta R$ 0,2285 por kWh, sem considerar o ICMS.


Bolsa de Valores parte para a caça a investidores potenciais
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) está fazendo de tudo para desmistificar e popularizar o investimento em ações. O programa Bovespa vai até você acaba de abrir seu primeiro escritório, na sede da Força Sindical, em São Paulo.

Os responsáveis pelo programa fazem visitas a empresas onde os trabalhadores demonstrem interesse no investimento. A intenção é estender o atendimento para universidades, clubes, associações de classe e outras instituições representativas da sociedade. Tudo para reverter o cenário de baixa participação de pessoas físicas na bolsa. Para se ter uma idéia nos Estados Unidos cerca de 50% da população investe direta ou indiretamente (por meio de fundos de previdência) na Bolsa enquanto no Brasil este número não chega a 2%, segundo especialistas.
Segundo o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Analistas do Mercado de Capitais de São Paulo (Abamec-SP), Milton Luiz Milioni, na década de 1970 a Bovespa teve um movimento inicial de popularização. "Mas o mercado não estava preparado. Não havia regulamentação e nem auto-regulação, se vendeu muita ação ruim e muita gente se deu mal", lembra. Ainda de acordo com ele, esta experiência gerou um certo trauma no pequeno e médio investidor que preferiu então colocar os recursos em opções consideradas mais seguras.

Para o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, outro fator que afasta a pessoa física do investimento em ações são os solavancos da economia nacional.

"No exterior se tem uma cultura de investimento deste tipo e as bolsas oscilam com menor intensidade enquanto aqui as mudanças são muito radicais um dia o índice sobe muito e no outro despenca", diz. Para se ter uma idéia, somente este ano, o índice Ibovespa acumulou 32% de perdas. "Mas o investidor de bolsa não pode ficar checando o investimento todo dia, se não vai ficar louco. Esta é uma forma de aplicação de médio e longo prazo", completa.

Milioni também defende o investimento. "Quando se fala em perdas no Ibovespa as pessoas confundem com a carteira que podem ter. Dependendo dos papéis onde se está investindo este índice não reflete a realidade da aplicação. Neste mesmo período algumas carteiras de ações renderam 25% ou mais", afirma Milioni. "O índice é uma referência e representa 80% dos negócios feitos na Bovespa, mas não o mercado todo", completa.

Ações perdem 32% do valor em 8 meses
A Bovespa completa hoje 112 anos desde a fundação. A palavra de ordem para os corretores e especialistas no mercado de ações é esperança. O ano não deve terminar bem. O índice Ibovespa caiu 32% desde janeiro. Deve se recuperar, mas, de acordo com as expectativas, vai fechar 2002 com perdas. A popularização prevista para a bolsa ainda não aconteceu e este ano não deve ajudar muito para atrair os recursos do pequeno e médio investidor.

No entanto, o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, acredita que o próximo ano será próspero. "Acho que com o sucesso das operações com os papéis da Petrobrás e da Vale do Rio Doce as pessoas vão começar a olhar para a bolsa de valores como um bom investimento", afirma. "A economia deve voltar a crescer e os juros devem cair. Com isto o rendimento de outras aplicações vai ficar cada vez menor e a bolsa será uma boa opção para ganhos a médio e longo prazo", completa.

O diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Analistas do Mercado de Capitais de São Paulo (Abamec-SP), Milton Luiz Milioni, também aposta em 2003 para que a bolsa passe a atrair um maior número de pessoas físicas. "Acredito firmemente na popularização da bolsa no futuro", diz. De acordo com ele, a falta de informação do pequeno investidor sobre como fazer a aplicação em ações é a principal razão do afastamento das pessoas físicas. "Muita gente pensa que é preciso muito dinheiro, mas a partir de R$ 100 você pode aplicar. Tem de se pagar uma corretagem de, em média, 0,5% por operação, mas quando se compra imóvel o percentual do corretor é de 7% e ninguém reclama", explica.

Atuação do BC não segura alta do dólar
Mesmo com três intervenções do Banco Central ontem no câmbio vendendo dólares à vista, a moeda norte-americana fechou em alta de 2,11%, a R$ 3,145 para venda e R$ 3,135 para compra, e interrompeu uma sequência de quatro quedas.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 2,18%.

O risco-país brasileiro fechou ontem em alta de 1,38%, a 1.903 pontos, após registrar uma máxima de 1.952 pontos durante o dia. Com isso, o Brasil superou o Uruguai, cujo risco caiu 4,7% e fechou com 1.872 pontos, e assumiu a terceira posição no ranking mundial, atrás apenas de Argentina (6.340 pontos) e Nigéria (2.475 pontos).

O motivo da disparada de ontem teria sido uma grande compra de dólares por um banco em nome da Eletropaulo, que tem uma dívida de US$ 225 milhões a vencer na segunda-feira.

A compra de dólares, além de mais expressiva, acabou estressando o mercado e, segundo operadores, teria levado outras empresas com vencimentos externos nos próximos dias a comprarem para se precaver de uma possível alta da moeda.


Artigos

Teresinha e os candidatos
Ricardo Mendes

Teresa mora só e decidiu mudar a decoração de seu apartamento. Três candidatos visitaram o local. Ninguém a agradou.

O primeiro chegou como quem chega a um bordel vagabundo. Abriu um largo sorriso ao entrar na sala e puxou uma cadeira. Sem embaraço, tirou os sapatos, acomodou os pés malcheirosos sobre a mesa de jantar e acendeu um primeiro cigarro. Ficou por ali meia hora, intercalando observações óbvias e baforadas triunfais. A catinga de fumaça incomodou Teresa, que dispensou o folgado e ainda teve que limpar as cinzas que macularam a toalha de linho. "Que cara porco!", desabafou.
O segundo apareceu na manhã seguinte, bem cedo. Chegou como quem faz locução de rodeio: berrando. Antes mesmo de tocar a campainha, gritou seu nome e o número do seu telefone. Teresa, que ainda lamentava ter sido despertada de forma tão ruidosa num domingo (único dia em que pode dormir até tarde), não hesitou. Abriu a porta somente durante o tempo necessário para dispensar o candidato, que partiu trovejando. "Que cara inconveniente!", resmungou Teresa antes de se atirar na cama.

O terceiro bateu à porta de Teresa na segunda-feira, em horário agendado. Chegou como quem chega a um batizado: bem-vestido, cabelos em ordem, tom de voz moderado, palavras bem escolhidas. Convidado a entrar, retrucou com um convite para almoçar. Teresa espantou-se, mas aceitou. O homem despediu-se e avisou que um chofer a pegaria ao meio-dia. Na hora marcada, o tal motorista apareceu. Abriu a porta da limusine e a levou ao melhor restaurante da cidade. Enquanto degustava uma lagosta, Teresa passou do encanto à desconfiança. Afinal, o que pretendia pagar ao decorador era insuficiente para justificar o que ele estava gastando em sua estratégia para conseguir o serviço. Teresa ouviu do cavalheiro que a preocupação era um detalhe sem importância: ele daria um jeito de ser devidamente remunerado. A mulher pensou nas jóias herdadas da mãe e decidiu se despedir do decorador. "Que cara suspeito!", pensou.

Numa campanha eleitoral, candidatos apresentam-se à cidade como os decoradores que visitaram Teresa. Uns emporcalham a casa dos cidadãos, poluindo as ruas com cartazes, faixas e santinhos. Outros perturbam nossa paz com carros de som e trios elétricos. E há ai nda candidatos que gastam um volume de dinheiro na campanha que não pode ser recuperado de forma lícita durante o eventual mandato – o que é suspeitíssimo.

Lamentável é haver eleitores que votem em pessoas assim, que fazem com a coisa pública o que não permitimos ser feito em nossas casas.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Suíça continua na cola de Maluf
O jornal Tribune de Geneve publica hoje ampla reportagem sobre Paulo Maluf e as investigações existentes, por iniciativa Suíça, por lavagem de dinheiro, e outra a pedido do Brasil, sobre US$ 200 milhões bloqueados no paraíso fiscal de Jersey. “Suíça ajuda o Brasil a elucidar o mistério dos fundos de Maluf”, diz a manchete. O jornal ironiza a possibilidade de Maluf ser eleito governador e cita a decisão de Marta Suplicy de não contratar advogado, o que dificulta a obtenção de extratos de contas no processo.

Mistério cearense
Foi a seleção do Paraguai que botou água no chope da seleção brasileira ou foi o time de Felipão que botou água no chope de Ciro Gomes?

Solidariedade a Noriega
Na visita ao Panamá em 1989 (cuja documentação e fotos estavam com Paulinho, vice de Ciro, para mostrar no debate da Band), a deputada Rita Camata integrou comitiva de parlamentares solidários ao ex-ditador Manuel Noriega, que posava de líder latino enfrentando a truculência dos EUA. Foi e voltou no avião de Noriega, pintado em dois tons de azul berrante.

Vôo exclusivo
A deputada Rita Camata embarcou em Brasília, com destino ao Panamá, às 10h30 de 16 de junho e 1989, no Boeing 727-100, prefixo FAP-001, enviado pelo próprio general, que 6 meses depois seria capturado por tropas americanas e recolhido a penitenciária de segurança máxima da Flórida, sob a acusação de tráfico de drogas. Está preso até hoje.

Recepção festiva
A comitiva de Rita Camata incluiu o embaixador panamenho em Brasília, Victor Manuel Barletta, e deputados como Maurílio Ferreira Lima (PE), Anna Maria Rattes (RJ), Tutu Quadros (SP) e Luiz Alfredo Salomão (RJ). Noriega recebeu Rita e comitiva na sua Fazenda Carta Oro, na fronteira com a Costa Rica, servindo-lhes uísque Old Parr e almoço opíparo.

Beleza destacada
A beleza da deputada Rita Camata não impressionou apenas o general Manoel Noriega, como ele próprio diria, mas também o presidente-fantoche, Manuel Solis Palma, que ficou igualmente intrigado com as roupas extravagantes de Maurílio Ferreira Lima. As fotos com a troca de afetuosos cumprimentos saíram no jornal Estrella del Panama, o maior do país.

Pensando bem...
...o único lugar em que Serra sobe ultimamente é elevador.

Calma, ministro
Não se sabe do que corria o ministro José Cechin (Previdência), ontem, pelas 10h30, na movimentada via L-4, de Brasília. Ignorando a fiscalização eletrônica e a segurança dos cidadãos, o automóvel Fiat Marea preto, a serviço de Cechin e com três ocupantes, trafegava a 140km/h, no mínimo, quando no local a velocidade máxima permitida é de 60km/h.

Pegou mal
Pesquisas qualitativas contratadas por Duda Mendonça, marqueteiro do PT, revelam que o eleitor reagiu mal à aparição do apresentador Gugu Liberato no programa de José Serra, no horário gratuito.

Coincidências
Ciro Gomes ganhou a primeira batalha no Tribunal Superior Eleitoral, que proibiu José Serra de usar sua imagem no programa tucano. Marcam a decisão duas coincidências: o presidente do TSE, Nelson Jobim, amigo de Serra, estava fora, em viagem à China, e o ministro que concedeu a liminar a Ciro, Caputo Bastos, foi o advogado de FhC nas campanhas de 1994 e98.

Mais um factóide
Os partidos de oposição se queixam da reunião, que consideraram inútil, provocada pelo ministro Guilherme Dias (Planejamento). Para eles, a conversa foi vazia, sem conseqüência. Não passou de um factóide.

Questão em aberto
Paulo Giovanni, presidente da Giovanni,FCB, espera que o ministro Barjas Negri (Saúde) acolha sua impugnação à concorrência vencida pela agência de propaganda Ogilvy. Giovanni diz que o item 5.1.17 do contrato veda a manutenção de clientes cujas atividades contrariam políticas, programas ou ações do ministério. A fábrica de cigarros Souza Cruz é cliente da Ogilvy.

Conti em Paris
O jornalista Mario Sergio Conti, que se destacou como diretor de redação da revista Veja e do JB e como repórter da Folha de S. Paulo, autor do best-seller “Notícias do Planalto” (Cia das Letras, SP, 99), assume em Paris, na próxima semana, o posto de correspondente da rádio e da TV Bandeirantes.

Volta para casa
O Itamaraty terá que pagar todos os atrasados e aposentar Aristides Hoseman, ex-funcionário da antiga Embaixada do Brasil em Colônia, Alemanha. Foi demitido após 30 anos de trabalho e durante ação judicial, o que para o TRF foi gol contra para a chancelaria. Pagaremos a conta.

Parentesco de 3º grau
Mauricio Albuquerque, desembargador que julgou improcedente o recurso do tucano Sérgio Guerra (PE), para impedir que inimigos lembrem o seu envolvimento no escândalo do Orçamento, tem um filho casado com a filha de Carlos Wilson, seu concorrente para o Senado. Amigos dizem que Albuquerque deveria se afastar do processo. Seria um gesto de grandeza.

Poder sem pudor

O Lott de Fernando Henrique
Quando ouviu de FhC, em primeira mão, que José Serra seria mesmo o candidato do governo, o então presidente da estatal Furnas Centrais Elétricas, Luiz Carlos Santos, saiu-se com esta:
- O senhor vai repetir JK, presidente: será reconhecido pela História, mas não conseguirá eleger o próprio sucessor.

- Você acha Serra tão ruim assim? - perguntou FhC, intrigado.

- Serra é o Lott alfabetizado, presidente.

O general Henrique Teixeira Lott foi o candidato do JK e perdeu a eleição.


Editorial

HERÓIS SOLIDÁRIOS

Há mais gente pensando no próximo do que pode inicialmente parecer. Pessoas que, sem alardear aos quatro cantos nem divulgar pela imprensa, ajudam outras por vontade fazê-las crescer. Exemplos de solidariedade fundamentais para o que o Brasil se desenvolva e chegue aonde os brasileiros desejam há décadas.

Casos como o do Centro de Ensino Fundamental 427, em Samambaia, onde um programa de reforço escolar é desenvolvido pelos próprios alunos. Os mais capacitados funcionam como monitores para aqueles que têm mais dificuldades de fixar o conteúdo em sala de aula. Dois benefícios diretos surgem dessa iniciativa.

O primeiro é que se contribui para diminuir o índice de repetência e conseqüentemente, de evasão escolar. O segundo é a melhoria na qualidade das aulas, pois alunos melhor preparados rendem mais e contribuem para um ensino melhor.

Aos poucos, a sociedade pode aliviar suas deficiências com ações como essas. Não só na educação, mas na saúde e na assistência social. Se os programas voluntários de sucesso forem agrupados e organizados, sua atuação será vasta e profícua. Com resultados a olhos vistos, poucos brasileiros deixarão de dar sua contribuição. E exemplos de ajuda sem nada em troca serão sempre compensados, nesta ou nas próximas gerações.


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08/23/2002


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