Ciro ganha tempo no guia de Serra, mas também é censurado








Ciro ganha tempo no guia de Serra, mas também é censurado
BRASÍLIA – O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Caputo Bastos decidiu punir o candidato a presidente José Serra (PSDB/PMDB) pela veiculação de um vídeo no qual o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS/PDT/PTB) chamava de burro um ouvinte de uma rádio baiana. Bastos considerou que, ao retirar a pergunta do ouvinte, que tinha sido considerada desairosa pelos advogados de Ciro, a equipe que produziu a publicidade eleitoral de Serra fez com que a resposta ficasse fora do contexto.

O ministro do TSE determinou que ele perca o dobro do tempo gasto com a veiculação do vídeo de Ciro Gomes. Mas esse cálculo ainda será feito pela Rede Minas de Televisão, que é a emissora responsável pela geração da publicidade eleitoral gratuita.

Apesar de ter aplicado uma pena a Serra, Bastos negou um pedido de Ciro para que o TSE lhe concedesse direito de resposta. Ele concluiu que não houve ofensa ao candidato da Frente Trabalhista com a transmissão das declarações.

Não foi só o tucano que começou a semana tendo problemas com o TSE. José Gerardo Grossi, outro ministro do Tribunal, determinou ontem que Ciro Gomes não volte a veicular na publicidade eleitoral gratuita imagens apresentadas no programa do último sábado e repetidas anteontem, por considerá-las injuriosas ao candidato José Serra.

No início do programa, enquanto era transmitida a cena de uma luta livre, o locutor afirmava: “Os golpes baixos acabam aqui, daqui pra frente, o nível da programação vai subir”. O detalhe é que o horário eleitoral tinha acabado de veicular a propaganda de Serra. “As cenas constantes da fita anexada para exame, por certo, agridem a honorabilidade dos representantes (Serra e a coligação)”, entendeu Grossi.


Ciro tenta tranqüilizar Freire
Presidenciável garante ao senador pernambucano que, caso eleito, manterá projeto de centro-esquerda e que Scheinkman é apenas um colaborador

Nada parece abalar a convicção do senador Roberto Freire, presidente nacional do PPS, de que o seu projeto de centro-esquerda sobreviverá às alianças e às adesões feitas pelo presidenciável do partido, Ciro Gomes, com o PFL e setores conservadores da política brasileira. E as certezas do senador estão depositadas, basicamente, no discurso do próprio Ciro. Ontem, depois de acompanhar o presidenciável no debate da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), em Brasília, Freire disse ter ficado tranqüilo de que o projeto do PPS será mantido. “Ciro foi o único candidato com discurso de oposição. Ele defendeu a capacidade de intervenção do Estado e foi contra a política neoliberal. Portanto, eu não tenho porque ficar preocupado.” Segundo Freire, Ciro Gomes lhe garantiu que continua no “rumo de centro-esquerda”.

O senador negou que esteja perdendo espaço no palanque de Ciro, após o desembarque de caciques do PFL e, mais recentemente, do ex-governador do Ceará Tasso Jereissati (PSDB). “Não existe isso de isolamento. Não me sinto diminuído. O PPS não tinha nenhuma ingenuidade de que chegaria sozinho ao Governo. É claro que haverá pressões e de que será um processo de disputa de hegemonia. Mas estamos pronto para o embate”, ponderou.

Até o susto tomado com a convocação do economista ultraliberal José Alexandre Scheinkman para participar do programa do presidenciável foi amortizado. “Eu conversei com Ciro e ele me garantiu que esse economista não vai alterar os princípios básicos do nosso programa. Se isso viesse a acontecer, aí sim eu diria que o nosso projeto de centro-esquerda estava indo para as cucuias”, avaliou. Menos polido, Ciro Gomes afirmou, ontem, em entrevista ao Bom Dia Brasil, da TV Globo, que Freire tinha uma idéia equivocada em relação a Scheinkman. “As pessoas muito apressadamente colocam rótulos. Ele (Freire) está equivocado”, declarou Ciro.

O ‘puxão de orelha’ do presidenciável, garante Roberto Freire, também não provocou nenhum incômodo. “Qual o problema dele dizer que eu estou equivocado? O que eu vejo é a imprensa querendo criar uma cizânia entre nós dois. Eu e Ciro temos opiniões diferentes em alguns pontos. O importante são as questões centrais do programa. Da forma como ele (Scheinkman) vai participar, não vejo nenhum problema. Ele não terá uma interferência decisiva”, amenizou o senador.

Ciro, por outro lado, não poupou elogios ao seu novo colaborador. Nas palavras do presidenciável, trata-se de uma das mais brilhantes cabeças pensantes de hoje na economia mundial e brasileira. Apesar das muitas diferenças entre as idéias do economista e o discurso de Ciro Gomes (veja quadro ao lado), o presidenciável ontem tratou de ‘relativizar’ essas diferenças. Ele disse que, na essência, Scheinkman não defende idéias diferentes das de seu programa de governo, e até das do senador Roberto Freire.

O candidato citou que concorda com Scheinkman quando ele defende uma maior
participação do Brasil no comércio mundial, que hoje está abaixo de 1%, considerando fluxos de importação e exportação. O cuidado com que Ciro Gomes está tratando a chegada do novo colaborador em nada lembra a falta de habilidade que o presidenciável, às vezes, demonstra ter, quando discorda, por exemplo, das posições do presidente do seu partido.


Grupos já cortaram US$ 3 bilhões em investimentos no Brasil
São Paulo – O Citigroup, o FleetBoston, o Bank of America e o J.P. Morgan Chase, bancos norte-americanos que prometeram manter o crédito para o País, cortaram juntos US$ 3 bilhões em financiamentos para o Brasil desde o início deste ano, como declararam nos balanços divulgados para o Securities and Exchange Commission (SEC), comissão de valores mobiliários dos EUA. Nos balanços do segundo trimestre, os bancos justificam a redução nas exposições por causa da instabilidade do mercado brasileiro, incerteza eleitoral e das perdas na Argentina.

O FleetBoston, que baixou sua exposição ao País de US$ 8,4 bilhões em 31 de dezembro para US$ 7,7 bilhões em 30 de junho, afirma estar em meio a um reposicionamento de portfólio em relação ao Brasil. O banco cita um prejuízo de US$ 62 milhões (antes de impostos) para trocar títulos do Governo por títulos com prazos mais curtos.

No Boston, a redução nos empréstimos deveu-se principalmente à não-renovação de créditos que venceram no segundo trimestre, principalmente para multinacionais. As perdas líquidas com empréstimos no País, no primeiro semestre, foram de US$ 11 milhões. E os contratos não-cumpridos totalizaram US$ 67 milhões, comparados a US$
18 milhões em 31 de dezembro de 2001.

O Citigroup, que diminuiu sua exposição de US$ 11,9 bilhões no fim do ano para US$ 11,3 bilhões no fim de junho, cita perdas com fraudes corporativas e com a Argentina em seu balanço. Os calotes em empréstimos causaram perdas de US$ 485 milhões no trimestre.

O J.P. Morgan Chase, que reduziu ainda mais sua exposição ao País (de US$ 3,3 bilhões em dezembro de 2001 para US$ 2,2 bilhões no fim de junho) é outro banco que enfatiza sua diminuição de risco no balanço.


Total de empresas subiu 28,6% de 1997 a 2000
RIO – O Cadastro Central de Empresas, atualizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1996, mostrou, na versão referente ao ano 2000, que o mercado de trabalho formal apresentou, no período 1997-2000, resultados melhores do que o crescimento de 8,79% acumulado pela economia do País no período. O número de empresas cresceu 28,6%. O pessoal ocupado, 12,29%. O
pessoal assalariado, 11,18%.

Em 2000, quando a economia brasileira cresceu 4,36%, o número de empresas cresceu 6,5%, o pessoal ocupado aumentou 4,6%, o pessoal assalariado cresceu 5,1% e a renda m


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