Ciro promete respeitar princípios constitucionais









Ciro promete respeitar princípios constitucionais
No encontro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, ontem à tarde, o candidato à Presidência da República pelo PPS, Ciro Gomes, tinha uma preocupação: passar uma imagem de homem sereno e democrata, e que respeita as instituições. Ciro disse a Mello que algumas vezes suas frases têm sido interpretadas de forma equivocada, como na semana passada, quando afirmou "o mercado que se lixe", durante jantar com empresários em São Paulo. "Ele tornou a ressaltar que foi governador e prefeito e que sempre manteve um nível de compreensão maior com o Legislativo e o Judiciário", contou Marco Aurélio. "E disse que não procede o que se imagina: que, como presidente, venha a atropelar as instituições", acrescentou.

No encontro, Ciro Gomes garantiu a Marco Aurélio que é um democrata e que pretende governar de acordo com os princípios constitucionais, caso seja eleito presidente da República. Em conversa com jornalistas, Ciro disse que a "a Justiça é a pedra de toque da democracia e das liberdades". Antes de entrar para a audiência com o presidente do STF, Ciro afirmou que ultimamente suas palavras têm sido "mal versadas". "Às vezes, por não perceber bem a gravidade ou por desonestidade de comitês", disse, numa referência indireta às equipes de seus adversários na disputa presidencial. O presidenciável afirmou que o povo brasileiro tem sede de Justiça e que o aumento do número de juízes deveria ser efetivado.

Ciro também reuniu-se ontem com o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rubens Aprobato Machado. No encontro, o candidato do PPS, que é advogado, teria se comprometido a receber, democraticamente, eventuais críticas da OAB no caso de ser eleito.


Mulheres de tucanos saem às ruas em busca de votos
As mulheres dos candidatos tucanos que disputam a Presidência da República, o governo do Estado e o Senado Federal por São Paulo, decidiram sair às ruas para buscar votos para os seus maridos. Durante caminhada realizada no início da tarde de ontem pelas ruas do bairro do Brás, zona central da capital, Mônica Serra, esposa de José Serra; Lu Alckmin, mulher do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin; e Edna Matosinho de Pontes, mulher do presidente nacional do PSDB, José Aníbal, distribuíram sorrisos, cumprimentos, panfletos e mostraram muita disposição para tentar convencer o eleitorado de que seus maridos são as melhores opções desta eleição.

Antes do início da caminhada, em entrevista concedida à Agência Estado, Mônica Serra questionou as recentes pesquisas eleitorais que colocam seu marido em terceiro lugar. "Eu não acredito muito nas pesquisas porque o que vejo nas ruas é uma manifestação espontânea e uma aceitação das pessoas pela candidatura Serra. Se pesquisa ganhasse eleição, o prefeito César Maia não teria se elegido. Por isso, a pesquisa verdadeira é a do voto", destacou, ao ser abordada pela comerciaria Angela Cristina Vasquez, que desejava um adesivo da campanha de Serra. "Viu só como as pessoas nos procuram?", completou a esposa do candidato.

Para Mônica, o Brasil está pronto para dar o grande salto, em termos de crescimento e desenvolvimento. Por isso, acredita que os eleitores têm de votar de maneira consciente. Ao falar do voto consciente, ela reiterou: "O Serra é o mais preparado, é o melhor candidato para proporcionar os avanços que o País precisa." Além de defender o marido, a mulher do candidato tucano também garantiu ter respeito pelos eleitores do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva: "Eu respeito os eleitores de Lula porque eles têm uma opção ideológica e um voto consciente."


Candidato do PSTU à presidência faz roteiro pelo Rio Grande do Sul
Ele é radical na defesa de suas posições em relação aos destinos do Brasil. O candidato do PSTU à presidência da República, Zé Maria, insistiu ontem na suspensão do pagamento da dívida externa, na ruptura dos acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), no fim das negociações sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e na estatização de bancos e grandes empresas e propriedades rurais.

Zé Maria chegou ao Estado no domingo à noite, quando esteve em Passo Fundo. Ontem, participou de panfletagens na estação Mercado Público do metrô e no Restaurante Universitário, no campus do Vale da Ufrgs, em Porto Alegre. Também visitou emissoras de rádio e televisão na Capital. "Nosso maior desafio é romper as barreiras impostas pela mídia, que desrespeita a democracia ao negar à população o direito de conhecer nossas propostas", acusou.

O candidato criticou o acordo com o FMI e o encontro dos presidenciáveis com Fernando Henrique Cardoso.

"Serra, Ciro e Garotinho são farinha do mesmo saco de FHC, mas nos estranha muito que o Lula também
tenha hipotecado apoio", lamentou.

Segundo Zé Maria, o contrato com o Fundo só vai beneficiar banqueiros norte-americanos. "Eles estão felizes porque receberão muito dinheiro com os juros que vamos pagar", disse. Acrescentou que o acordo exige a manutenção da política econômica, que teria gerado 12 milhões de desempregados e 52 milhões de excluídos.

Ele acrescentou que são necessárias mudanças na estrutura econômica do País, com o aumento da capacidade produtiva. "Precisamos realizar investimentos maciços em educação, saúde e moradia, entre outros, através da implantação de um plano de obras, bem como fazer a reforma agrária", afirmou.


Secretaria abre sindicância contra farmácias de manipulação
A Secretaria do Estado da Saúde e do Meio Ambiente encaminhou ontem ao Ministério Público Estadual, à Procuradoria Geral do Estado, ao Tribunal de Contas do Estado, à Corregedoria e Auditoria Geral do Estado (CAGE) e ao Conselho Estadual de Saúde os resultados de uma sindicância sobre irregularidades nas Farmácias Públicas Municipais de Manipulação implantadas durante o governo Britto e fechadas pela administração Olívio Dutra.

De acordo com a secretária da Saúde Maria Luiza Jaeger, são apontados para serem enquadrados na Lei de Improbidade Administrativa o então diretor do Lafergs (Laboratório Farmacêutico do RS), Antônio Dexheimer, o ex-ecretário estadual da Saúde, Germano Bonow, seu secretário substituto Marinom Porto, a ex-secretária de Governo, Janice Machado, e o ex-governador Antônio Britto.

Em nota distribuída ontem ao final da tarde, a coordenação da coligação O Rio Grande em 1º Lugar disse que "a qualidade da denúncia pode ser medida pelo fato de que o PT levou três anos e meio para fazer esta sindicância e apenas conseguiu concluí-la na véspera da propaganda eleitoral gratuita". Segundo a nota, a produção de medicamentos pelo Lafergs durante o governo Britto "aumentou 25 vezes em relação ao período interior, chegando, ao final de quatro anos, a 344.900 mil unidades. Somente em 1998, foram produzidas 148 milhões de unidades. No primeiro ano do atual governo, a produção diminuiu para 64,5 milhões. Em três anos, o PT só conseguiu fabricar 270 milhões de unidades".

A coordenação da campanha de Antônio Britto e Germano Bonou afirma que "em parceria com prefeitos, foram abertas as farmácias de manipulação. No atual governo, foram fechadas sem que se soubesse que um só medicamento fosse produzido sem qualidade. A única que funciona é a de Nonoai, mantida aberta por decisão judicial, e que já distribuiu 11 milhões de medicamentos".


Bernardi anuncia plano de governo
O candidato a governador pelo PPB, Celso Bernardi, acompanhado da sua vice, Denis Kempf e do candidato a senador, Hugo Mardini, anunciou ontem à tarde, na sede do diretório estadual do PPB, o seu Plano de Governo para o Palácio Piratini. Intitulado de "A co nstrução do estado necessário", o programa centra sua atenção no que Bernardi chama de "um novo governo com novas atitudes". O plano progressita seguirá três macrodiretrizes: o Estado necessário, a proteção à família e inclusão econômica.

Bernardi também fez questão de chamar a atenção para cinco pontos que considera importantes nesta eleição.

O primeiro é o compromisso com a palavra, pois, segundo ele, compromisso de campanha tem que ser realização de governo. O segundo refere-se à necessidade de dar um choque de realismo ao Rio Grande, mostrando o Estado que temos e o Estado que precisamos ter. O terceiro trata da superação dos falsos dilemas responsáveis pelos equívocos dos últimos governos.

Como quarto ponto, Bernardi aponta a necessidade de se provar que é possível reduzir custos administrativos do Estado sem efetuar demissões. Para tanto, o candidato do PPB promete cortar, por lei, 25% dos CCs, diminuir o número de secretarias de Estado, controlar toda espécie de despesas, dentre outras".

O quinto e último ponto é de natureza política e refere-se a necessidade de desideologização do governo e da administração. "O partido não pode estar acima da sociedade e sim o contrário. Hoje, infelizmente, é isso que se vê nas escolas, na Polícia Civil, na Briga Militar e em outros segmentos públicos importantes", declarou o candidato.

Tarso apresenta programa para a saúde
O candidato a governador da Frente Popular, Tarso Genro, participou ontem do Congresso de Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado, em Porto Alegre. Tarso Genro recebeu do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS um documento com as propostas do setor para o próximo governo, dentre elas a manutenção do projeto Saúde Solidária, considerado pela entidade um projeto inovador e que deve servir como modelo para o país. O documento é assinado também pela Federação de Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do RS. As duas entidades representam 239 hospitais do Estado e atendem 70% dos pacientes do SUS.

O candidato apresentou as políticas públicas para a área, priorizadas em seu Programa de Governo, que darão continuidade aos projetos já implantados no atual governo. Ressaltou o projeto de Municipalização Solidária, em curso, que transfere recursos para os municípios, dando suporte à descentralização do setor. Também foi destacado o Funafir, linha de crédito do Banrisul para hospitais filantrópicos, como outra importante iniciativa do governo Olívio Dutra. Tarso relatou, ainda, sua proposta para a descentralização dos serviços de alta complexidade, criando pólos regionais de atendimento.

Quanto ao destino do IPE, questionado pelas entidades, o candidato a governador disse que a solução certamente não é privatizar o Instituto, como propôs Antônio Britto em seu governo, mas envolver todos os agentes políticos e sociais na solução do problema. Tarso discorda radicalmente da extinção da área de atendimento de saúde, como chegou a ser previsto no projeto de privatização. Para o candidato da Frente Popular é necessário manter um Plano de Saúde que beneficia 1,2 milhão de gaúchos e é responsável pela aplicação de R$ 30 milhões/ano na área de saúde.

Rigotto garante apoio a hospitais filantrópicos
O candidato a governador pela coligação União pelo Rio Grande, Germano Rigotto, afirmou ontem que vai lutar pelo aumento dos recursos para investimento na área de saúde e na melhoria dos hospitais filantrópicos do Estado. "O nosso governo vai se esforçar para que possamos incrementar a entrada de verbas para programas como o Saúde Solidária, que será mantido e ampliado, e que precisa alcançar aplicações superiores a R$ 30 milhões aqui no RS", disse o candidato durante encontro promovido pela Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do RS e Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS, que reuniu diretores, administradores e provedores de diversas instituições de todo o Estado na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.

Rigotto salientou a necessidade de o Governo do Estado cumprir a Constituição e aplicar os 10% da Receita Tributária Líquida na área da saúde. "O atual governo repassou menos de 7% nos dois últimos anos, o que reflete diretamente não só no atendimento à população, como também nos orçamentos dos nossos hospitais, que poderiam ter os débitos do Instituto de Previdência do Estado (IPE) quitados adequadamente e voltarem a investir na sua qualificação", assinalou.

Frente Trabalhista divulga documento
Após uma reunião de aproximadamente uma hora e meia, na sede regional do PPS, no bairro Floresta, o novo conselho político da coligação O Rio Grande em 1º Lugar, com a presença dos presidentes do PDT, Pedro Ruas, e do PTB, Cláudio Manfrói, divulgou oficialmente ontem à tarde o documento com os compromissos firmados entre o PPS e os dois partidos que já eram aliados nacionais na Frente Trabalhista.

Antônio Britto e o candidato a vice, Germano Bonow (PFL), que estiveram no encontro, não participaram da coletiva e seguiram direto para outra reunião, com os responsáveis pelo marketing da campanha, onde acertaram os últimos detalhes do programa do horário eleitoral gratuito, que começa hoje no rádio e na televisão. A partir de agora, o novo conselho terá reuniões semanais, todas as segundas-feiras, às 15h.

Conforme o presidente do PPS os trabalhistas passam a indicar e integrar todos os grupos da campanha de Britto.

O presidente do PDT gaúcho, Pedro Ruas, destacou que pela primeira vez um presidenciável, que lidera as pesquisas de intenção de votos no Estado, assina um documento avalizando um programa que dependerá de apoio federal para ser viabilizado. Sobre as resistências internas Ruas limitou-se a dizer que se eram "poucas" hoje são "quase nenhuma".
Nelson Proença confirmou que o documento foi assinado por Ciro Gomes, Leonel Brizola e Antônio Britto, e destacou que o mote é despartidarizar o Estado construíndo um projeto baseado no interesse real das prioridades da população: "segurança e emprego". O primeiro evento conjunto da nova composição política de apoio a Britto ocorrerá em São Borja, no dia 24, durante as cerimônias que anualmente são realizadas pelos trabalhistas durante a passagem do aniversário de morte do ex-presidente Getúlio Vargas.

No plano, certamente por influência de Leonel Brizola, o primeiro tema é a educação assegurando a educação pré escolar as crianças de zero a seis anos , a escola pública em tempo integral e o incentivo ao ensino técnico nos níveis médio e superior, através da Universidade Estadual (Uergs). O plano ainda contém pontos para as áreas da segurança pública; transportes; agricultura; energia; proíbe as privatizações de empresas públicas; prevê a criação de um amplo programa de habitação para famílias de "sem-teto", priorizando a metade sul, abordando ainda itens nos setores da saúde; cultura e esporte e meio ambiente; turismo; metade sul; metade norte; renda mínima e Mercosul.


FHC acredita que candidatos vão honrar acordo
O presidente Fernando Henrique Cardoso encerrou seu pronunciamento sobre o encontro com os quatro candidatos à Presidência da República mais bem colocados nas pesquisas: Luis Inácio Lula da Silva (PT/PL), Ciro Gomes (Frente Trabalhista), José Serra (PSDB/PMDB) e Anthony Garotinho (PSB), afirmando que todos disseram que vão honrar o acordo firmado pelo Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

No entanto, os candidatos tiveram posições divergentes na saída dos encontros realizados separadamente na tarde ontem no Palácio do Planalto, em Brasília. Serra disse que apoiaria integralmente o acordo, enquanto Ciro pediu ao presidente o texto para que pudesse se pronunciar definitivamente sobre o assunto. Garotinho disse que não apoiaria o acordo caso fosse eleito. Em nota oficial Lula reafirmou o que já havia divulgado em nova oficial anterior: "Aceitamos, por ser inevitável, o acordo ora firmado. Porém, ao assumirmos o governo, aproveitaremos de maneira soberana e responsável as negociações periódicas que ele mesmo prevê".

O presidente observou que o acordo é necessário e fundamental para a transição de governo e que, ao assiná-lo, ele estava cuidando não só do seu governo, mas também do futuro. Fernando Henrique ressaltou que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, foi explícito ao afirmar que os compromissos assinados com o FMI são do Brasil. O presidente explicou que, como o País está vivendo um processo eleitoral, ele entendeu que tinha que discutir o acordo com o FMI com os candidatos à Presidência da República.

FHC apresentou aos candidatos os números da economia e fez um relato do acordo firmado pela equipe econômica com o FMI, o Banco Mundial (Bird) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Lembrou que o acordo com o FMI foi feito nas melhores condições possíveis e ao aceitar a proposta o Fundo
mostrou confiança na política econômica brasileira.

O presidente observou que esse governo, que vai até o final do ano, manterá a economia sob controle, honrará todos os compromissos e que o acordo com FMI possibilitará ao próximo governante condições favoráveis para governar. Ele lembrou ainda que não há no acordo nenhuma exigência além do que foi aprovado pelo Congresso e que é um acordo financeiro que beneficiará o Brasil.

Durante o encontro, os candidatos se comprometeram a manter a austeridade fiscal e o controle do défict público, definido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), já aprovada pelo Congresso Nacional.

Pelo acordo, o Brasil terá a sua disposição US$ 37 bilhões destas três instituições financeiras internacionais podendo sacar, ainda neste ano, US$ 8 bilhões do FMI. Pela primeira vez, desde que foram retomadas as eleições diretas para a Presidência da República, em 1989, um Chefe de Estado se antecipa e coloca em discussão questões de governo com candidatos a sua sucessão. Acompanharam a reunião do presidente com os candidatos, os ministros da Fazenda, Pedro Malan e da Secretaria Geral da Presidência, Euclides Scalco, além do presidente do Banco Central, Armínio Fraga.

Ciro quer estudar documentos oficiais
O primeiro candidato a conversar com o presidente foi Ciro Gomes, da Frente Trabalhista. Ele deixou o encontro comprometido com a manutenção da meta de superávit primário de 3,75% do PIB no ano que vem e garantiu o cumprimento dos contratos firmados pelo atual governo com credores.

Ciro disse compreender a gravidade da crise atual, e, apesar de atribuir parte da culpa destas turbulências ao atual modelo econômico, criticou a postura do mercado internacional. Segundo o candidato, as instituições financeiras não estão levando em conta as especificidades e as potencialidades da economia brasileira.

Ele garante que um possível governo seu terá como pilar a austeridade fiscal. "Tenho um compromisso
definitivo com a estabilidade da moeda", afirma o candidato da Frente Trabalhista.

Sobre o acordo com o FMI, ele disse que pretende estudar os documentos oficiais tão logo estejam concluídos, para, só então, manifestar-se a respeito. No entanto, Ciro admitiu que o empréstimo foi inevitável no momento que o Brasil atravessa.

Lula apresenta lista de sugestões
O candidato do PT Luiz Inácio Lula da Silva, sucedeu Ciro Gomes no encontro com Fernando Henrique.

Após informar que a política econômica será modificada desde o primeiro dia de um possível governo seu, Lula apresentou uma lista de sugestões para solucionar a atual crise. "Estamos conscientes de que a exclusiva responsabilidade pela política econômica até o final do ano é do atual governo, mas apresentamos a nossa contribuição através dessas sugestões", ressalta.

As propostas basearam-se em questões relativas ao comércio exterior. Lula defende uma ofensiva diplomática do governo junto ao Banco Central Europeu e ao Federal Reserve (FED), o BC norte-americano e bancos estrangeiros para a retomada das linhas de crédito à exportação brasileira. "Sendo o Brasil um país forte, disposto a honrar seus compromissos, como tem feito e não deixará de fazer, não há nenhum motivo econômico substantivo para que as nossas linhas de crédito permaneçam retraídas", argumenta.

Ainda no que se refere às vendas externas, Lula destaca a necessidade de criação de um elevado superávit comercial para diminuir a vulnerabilidade externa. Para atingir esta meta, ele sugere a atuação conjunta das embaixadas brasileiras para incrementar o comércio internacional do País, combatendo o protecionismo norte-americano em relação a produtos como aço, soja e suco de laranja, formalizando, também, acordos bilaterais para implementar o comércio.

Também consta na lista do candidato a instalação imediata de câmaras setoriais que incluam, além dos empresários, os trabalhadores dos respectivos setores, para aumentar a pauta de exportação e iniciar a substituição de importações.

Para evitar desequilíbrios na balança comercial, Lula sugere que as três plataformas que estão em vias de ser encomendadas pela Petrobrás para a bacia de Campos sejam fabricadas no Brasil. " É prioritário impedir que as nossas reservas cambiais estratégicas sejam consumidas, na medida em que o novo acordo com o FMI não prevê, no curto prazo, aporte financeiro significativo", destaca.

Garotinho diz que FHC fracassou
O candidato do PSB à Presidência da República, Anthony Garotinho, foi o terceiro a reunir-se com o presidente, e o único a declarar-se contrário ao acordo com o FMI e às medidas que estão sendo tomadas para driblar a crise. "Ameaçado de retornar à condição de colônia, o Brasil precisa declarar sua segunda independência", enfatiza.

Para Garotinho, a ida ao FMI somente aumenta o endividamento e a vulnerabilidade externa do País. "O empréstimo é revelador do fracasso de uma política econômica teimosa que nos aflige há mais de oito anos, e nos torna mais pobres e mais dependentes", critica.

Na visão dele, a tentativa de buscar acordo com os candidatos é uma maneira de o atual governo derrotado, sobreviver no futuro governo da oposição, impondo ao próximo presidente as amarras de sua política monetária, monitorada de fora pelo FMI e pela banca internacional. "O Partido Socialista Brasileiro e seu candidato não têm compromisso com essa política", relata.

O candidato diz que é contrário à Alca, às privatizações e a favor de novos investimentos nas estatais.

"Lamentavelmente, a previsão do professor Hélio Jaguaribe, de que o Brasil, mantida essa política, poderá tornar-se, em 20 anos, uma província dos Estados Unidos, está se precipitando. Se não reagirmos, nos transformaremos em colônia do capital especulativo internacional", explica Garotinho.

Serra elogia medidas do governo
O encontro com o candidato José Serra (PSDB-PMDB) encerrou a rodada de ontem. Ele sugeriu ao presidente Fernando Henrique Cardoso controle sobre os repasses da alta do dólar para o preço do trigo e, consequentemente, do pão, e elogiou a recente medida do governo, que forçou a queda dos preços do gás.

No setor tributário, Serra defende a aprovação pelo Congresso do projeto de lei que retira a cumulatividade na cobrança do PIS, que, segundo ele, poderá abrir caminho para uma mudança futura na cobrança da Cofins, que é cinco vezes mais alta que o PIS. "Estas mudanças diminuirão a injustiça entre a produção doméstica e os preços dos produtos importados", ressalta.

Serra reconhece, no entanto, que é preciso evitar prejuízos para os setores de agricultura e de serviços, que poderiam ter um aumento de carga tributária em função dessas mudanças.

O terceiro ponto apresentado por Serra ao presidente foi o pedido de extensão de prazos e de abrangência do Refis, o programa de refinanciamento da dívida fiscal e previdenciária, a 80 mil pequenas e médias empresas que ficaram de fora do projeto. O candidato acredita que isso poderá trazer benefícios em termos de oferta de empregos.

Por fim, ele defendeu, também, a disponibilização de crédito para exportação, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e reservas do Banco Central (BC). "O uso destes recursos não reduzirá essas reservas porque se trata apenas de um adiantamento de três meses para o exportador", explica.


Artigos

Ensino no meio rural
Mario Hamilton Villela

Nas escolas rurais de 1º Grau, o ensino agrícola deve ter fundamental importância. Ali, os jovens deveriam ter um ensino totalmente direcionado para as atividades agropecuárias praticadas em suas respectivas regiões, despertando-as para práticas agrícolas e, não o que, normalmente, ocorre, um ensino voltado para a área urbana. Enfim, dotado de atividades rurais, em que se aprenda a exercer as principais técnicas agrícolas, além de elementos de educação sanitária e alimentar, com boa ênfase, também, no associativismo, no cooperativismo e no sindicalismo, nas questões agrárias e agrícolas e na defesa do meio ambiente. O ensino médio agrícola deveria possuir uma boa infra-estrutura e que nela os jovens pudessem desenvolver, adequadamente, as principais práticas de lavoura ou pecuária. Necessário se torna implantar, com urgência, no País, mais escolas agrícolas de nível médio, localizadas nas regiões de predominância de pequenas propriedades rurais, até mesmo como fator de fixação, ao menos por um maior período, do jovem no meio rural e, como conseqüência, de sua própria família. A falta e a precariedade do atual ensino rural, além de dificultar aos filhos dos pequenos agricultores alcançarem um bom desempenho estudantil, também tem servido de motivo para acelerar o intenso êxodo rural. Aliás, as ações de educação pública rural e de formação profissional no campo deverão ser instrumentos básicos de todo e qualquer governo.

Com um processo educativo mais intenso, voltado para o jovem e o adulto rural, poder-se-á melhorar as técnicas agrícolas e, como decorrência, aumentar a oferta de mão-de-obra e a porcentagem de recursos humanos dedicados à agropecuária, evitando-se assim maior evasão do homem do campo. É por intermédio da educação que se poderá levar a comunidade rural a participar da solução de seus próprios problemas, eliminando-se, assim, o famigerado paternalismo. O homem rural espera e merece uma atenção especial, pois a realidade campesina mostra, com evidência, que a maioria dos empregados rurais é semi-alfabetizada ou analfabeta, com pouca ou nenhuma noção sobre hábitos alimentares ou higiênicos e, muito menos, de aplicação racional básica de tecnologia agropecuária. Torna-se indispensável a melhoria do processo educativo na área rural, com continuidade, afastando-se, definitivamente, os imediatismos agrícolas que trazem sérios e constantes óbices ao desenvolvimento rural. Convém lembrar que a educação não é só o aperfeiçoamento cultural da pessoa, mas, também, ter o direito aos benefícios e vantagens da educação, da saúde, do transporte, da moradia, da comunicação e da recreação, entre outros. Tudo é feito em nossa sociedade, primeiramente, para o homem urbano, só depois de muito tempo que o homem rural é lembrado.

Inegável que este é um dos aspectos de estrangulamento do desenvolvimento rural, que freia o progresso e a ambição de independência social e econômica do nosso País.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

É preciso comover!
Começa hoje em todo o Brasil o horário que a Justiça Eleitoral coloca à disposição dos partidos políticos de forma gratuita para que seus candidatos apresentem seus programas de governo.

Isso não quer dizer que estamos diante de uma nova campanha política. Não, é a continuidade. Muda-se apenas o foco da campanha.

Tudo o que foi feito até agora está valendo. Lula vai começar a fase da televisão em primeiro lugar nas pesquisas, Ciro em segundo, Serra em terceiro e Garotinho em quarto lugar.

Caberá agora aos marqueteiros adequarem a mensagem política de seus candidatos ao veículo televisão, e tentarem tirar dela o máximo de rendimento para os seus clientes. Precisam comover principalmente os 40% de eleitores que ainda estão indecisos ou que admitem mudar de candidato. Mas, os marqueteiros sabem que a televisão é uma lente de aumento. Tudo que já é bom fica ótimo e tudo o que já é ruim, fica péssimo.

Com base nisso Duda Mendonça, o marqueteiro de Lula, tem dito que o segundo turno começa no primeiro dia do mês de setembro. E justifica: "Se até lá, a candidatura de Serra não crescer, fica claro que a eleição será decidida, no segundo turno, entre Lula da Silva e Ciro Gomes".

Duda diz isso com a autoridade de quem sabe - como poucos - que com o horário político, os marqueteiros usarão muito a forma para potencializar a qualidade de seus clientes. A televisão é um veículo que permite o uso do emocional e da fantasia como nenhum outro. Duda sabe disso, mas os outros marqueteiros também sabem.

A televisão vale muito pela qualidade, pela forma.
Se, na televisão, o conteúdo fosse mais importante do que a forma, ninguém fumaria, pois o conteúdo da mensagem preventiva do ministério da Saúde seria mais importante do que a forma como são feitos os belos comerciais de cigarros veiculados na televisão.

O apelo ao hábito de fumar continua mais forte que o aviso prevenindo que o cigarro provoca câncer, mau hálito, impotência..., ensina Nizan Guanaes.

Essa forma de mostrar os candidatos na televisão é mal interpretada pelos menos esclarecidos. Eles pensam que isso é marqueting puro.

Não é. Isso é política. Só que em outro formato.

Não basta fazer marqueting no horário eleitoral. O eleitor está ali sentado na frente da televisão para ouvir o político falar de política: política de emprego, de segurança, de saúde, de educação, de transporte e de habitação, segundo o marqueteiro Fábio Bernardi.

Mas aí dirão. Então se é assim, José Serra vai levar vantagem. Ele fará política com o dobro do tempo dos outros.

Também não vale a premissa.

Houve uma eleição em que o Dr. Ulisses Guimarães tinha o dobro do tempo na televisão e Enéas o menor.

Ulisses perdeu a eleição de forma humilhante. Enéas colocou mais votos do que ele com aquele, "meu nome é
Enéas".

Vencerá as eleições aquele candidato que conseguir passar para o eleitorado a idéia de que o País vai
progredir, e que sua vida vai melhorar.

É preciso passar para o eleitor - "que não sois máquina, homens é que sois" - honestidade, competência, confiança e credibilidade.

É preciso comover o eleitor. Mexer com suas emoções, pois "os juízos que emitimos variam conforme sentimos tristeza, alegria, amor ou ódio".


CARLOS BASTOS

Começa a batalha eleitoral eletrônica
Começa hoje em rádio e televisão a batalha eleitoral eletrônica. Os candidatos apresentarão seus planos de governo e seus projetos para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, e criticarão os projetos e planos de seus adversários. O candidato Antônio Britto, que ontem participou da primeira reunião do Conselho Político de sua aliança, agora com a inclusão de representantes do PDT e do PTB, Pedro Ruas e Claudio Manfrói, vai apresentar como uma de suas prioridades a questão da segurança, e não poupará restrições à administração Olívio Dutra. O ex-prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, que pretende deslanchar sua candidatura e mobilizar a militância petista, apresentará seu programa e ressalvas à gestão de seu concorrente, Britto, que antecedeu a administração popular no Palácio Piratini, e enfatizará a preocupação com o social. O candidato do PPB, Celso Bernardi, que ontem apresentou seu plano de governo, vai expô-lo aos ouvintes e telespectadores, e também terá uma postura crítica ao atual governo do Estado. Com Germano Rigotto, do PMDB, não será diferente, ele vai defender um projeto de desenvolvimento e fará críticas duras à atual administração estadual.

Diversas
  • O horário político gratuito em rádio tem sua primeira edição entre 7h e 7h25min. E a segunda será entre meio dia e 12h25min. A primeira edição pela televisão será entre treze horas e 13h25min. E a segunda edição à noite entre vinte horas e 20h25min.

  • O candidato a deputado federal Nelson Marchezan Junior (PSDB), hoje em Brasília, representa seu pai na solenidade de assinatura do PROEP, a convite do ministro da Educação Paulo Renato Souza. O PROEP é o Programa de Extensão da Educação Profissional criado pelo Ministerio da Educação.

  • No Rio Grande do Sul serão beneficiados o Centro Educacional Profissionalizante de Carazinho e o Centro Educacional Profissionalizante do Vale do Rio Caí.

  • Quem concede entrevista coletiva hoje é o ex-deputado Hugo Mardini, candidato do PPB ao Senado Federal.

  • O candidato do PMDB Germano Rigotto toma café da manhã, hoje, com os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, e com o presidente Gleno Scherer.

  • Celso Bernardi, candidato do PPB, realiza esta noite comício em Santa Cruz do Sul, tendo por local o estádio do Esporte Clube Avenida.

  • O candidato do PT, Tarso Genro, juntamente com seu companheiro de chapa, o vice-governador Miguel Rossetto, almoça hoje com os diretores da Fiergs e do Ciergs.

  • O ex-governador Antônio Britto, candidato do PPS, visita hoje o presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador José Eugenio Tedesco.

  • Líder interino do PDT na Assembléia está convocando a bancada para uma reunião hoje às 13h, quando será decidida a questão da liderança.

    Última

    O candidato Tarso Genro, do PT, vibrou muito no último domingo com a realização do maior comício de sua campanha em Alvorada, com mais de 15 mil pessoas. Prestigiavam a prefeita Stela Farias, e o candidato petista. Tarso também exultou com a presença de muitas bandeiras do PDT na assistência, e a presença no palanque do pedetista Edson Borba, vice-prefeito do município.


    FERNANDO ALBRECHT

    O dono da festa
    Seu Rochinha é um sério concorrente para os palhaços que anima as festas de aniversário de gurizada. É um pônei, que só não faz chover: joga bola, estoura balão, junta objetos do chão, entra em carros tão logo veja a porta aberta e até brinca de pegar, sempre usando tênis tamanho 22 nas quatro patas. O mais importante é que não faz cacaca nas festas. O proprietário é o fotógrafo Deneci Cardoso (3241.6695), que aluga o bicho paras eventos. Custou R$ 300,00 mais o treinamento posterior. Deneci já recusou R$ 5 mil oferecidos por Beto Carrero.

    Problemas da cidade
    Começa a se espalhar perigosamente cidade afora a praga de automóveis estacionados em calçadas, como na Getúlio Vargas e José de Alencar. Esta foto é de domingo no Parque Farroupilha, imediações do Instituto de Educação. O guarda da área disse que acionou a EPTC, mas que esta informou que em parques o problema não é dela. Em compensação, ontem às 16h05min, na Protásio Alves, sentido bairro-centro, uma S-10 branca placas IHB-9847, paramentada com adesivos do PT, estava estacionada sobre a calçada em frente ao número 666 sem ser notificada pelos fiscais.

    Problemas do trigo I
    No lançamento da campanha promocional Família de Prêmios Isabela (matéria nesta edição) Sérgio Almeida, presidente da Adria Alimentos, controladora da empresa de Bento Gonçalves, explicou o triplo problema que o setor enfrenta com o trigo. O Brasil traz da Argentina 80% das 11 milhões de toneladas que consome, a um custo de US$ 180,00 a tonelada, contra US$ 110,00 de poucos meses atrás. Neste período houve três impactos no preço. O primeiro foi o problema cambial.

    Problemas do trigo II
    Outro drama foi a quebra da safra na Argentina, Estados Unidos e no próprio Brasil; e o terceiro surgiu porque o governo hermano instituiu um imposto de exportação de 25%. Não plantamos mais trigo aqui por falta da tal vontade política. Mas não só: faltam pesquisas para sementes. A lenda de que é preciso clima frio para plantar trigo foi desmentida pelo México, que produz três vezes mais que nós. O segredo?
    Desenvolveram uma semente específica para seu clima.

    Reavaliação
    Intensos rumores no setor de restaurantes davam como certo o fechamento do Bagutta, mas pelo que se sabe o negócio é um pouco diferente. Os proprietários decidiram fazer o que chamam de reavaliação para tornar a operação lucrativa como são o Liquid e a Mercearia do Padre. O futuro da casa depende desta reavaliação, portanto. Só aí que será selado - ou não - o futuro do Bagutta.

    O garotinho
    O candidato Anthony Garotinho foi o terceiro a ter a audiência com o presidente Fernando Henrique não porque está na rabeira das pesquisas, mas por outro forte motivo. É que de manhã ele tinha aula.

    Gramado 30
    Já está em distribuição o livro Gramado 30 Anos de Cinema, que tem como editor e coordenador editorial o cineasta Davide Quintans. Com farto material fotográfico, críticos, cineastas e personalidades da sétima arte contam a trajetória de sucesso do festival.

    A conferência
    Ao receber um botijão de gás de um destes caminhões de entrega avulsa, um morador da Vasco Alves resolveu conferir o peso usando sua balança do banheiro. Em vez de 25 Kg só pesava 23 Kg. Reclamou ao entregador e recebeu outro botijão. Pesou-o e observou que também tinha dois quilos a menos. Desceu do apartamento com a balança e fez um escândalo, pesando o produto em plena calçada. Só no quinto botijão testado é que o peso estava certo.

    Quem pode, pode...
    Um advogado dono de uma Mercedes Benz 320 voltava da Zona Sul e foi tomar um café em um posto de gasolina, deixando o carro na posição drive. O terreno era inclinado e o possante andou, derrubando um cavalete e chocando-se com um muro. Nem arranhou o pára-choque, só quebrou o sensor que dispara um sinal sonoro quando há um obstáculo. Só, mas um só caro. Custou R$ 2,5 mil.

    O corta-vidros
    Ao lado dos camelôs que vendem as quinquilharias, produtos roubados ou falsificados, resistem no Centro alguns que vendem os mesmos produtos há dezenas de anos, desde a época em que camelô era mais raro que cabelo na cabeça de José Serra. Um destes artigos é um corta-vidros, operação devidamente demonstrada pelos vendedores. E vende. O que diabos alguém vai fazer com um troço desses em casa?

    Câmara Municipal já recebe inscrições para o 15º Salão de Artes Plásticas.

    Franz Schoser da Senior Experten Service fala para a Câmara Brasil-Alemanha às 12h na Germânia.

    Empresário Pedro Zaluski recebe hoje o título de Cidadão Emérito, proposição de Fernando Záchia (PMDB).

    Inaugura hoje no Iguatemi a grife paulista Bob Store de roupas descontraída e acessórios.

    Escala criou uma Gerência Operacional sob o comando de Tita Laurent.

    Meta Serviços em Informática/PMI lançam programa de qualificação de gerentes de projeto.

    Fundação Banco do Brasil ajuda o Hospital de Clínicas no tratamento do câncer infantil.


    Editorial

    ABRIR AOS DOMINGOS DEVE SER OPÇÃO DO PÚBLICO

    O comé rcio da Capital, especialmente o dos centros comerciais, abriu neste domingo ensolarado, dia de verão em pleno agosto, inverno mais de chuva e umidade do que de frio. Mas, a discussão que não quer terminar continua, entre o Sindicato dos Lojistas, Sindilojas, e a CDL, e o Sindicato dos Empregados no Comércio, o Sindec. Desde mais de uma década que o assunto está na pauta, literalmente, da imprensa e das entidades envolvidas na questão, além da prefeitura de Porto Alegre, a quem cabe sacramentar a abertura. A prática tem sido aceitar o que patrões e empregados homologam, sem que o prefeito, seja ele qual for ou de que partido, se imiscua no assunto, desde que obedecida a legislação trabalhista. Mas os anos passam e o consenso jamais foi obtido. No entanto, a posição de que deve haver liberdade, dentro do ordenamento jurídico que rege as relações trabalhistas, tem sido por nós defendida. Primeiro porque empresa alguma abrirá suas portas se tiver mais despesas do que lucros, passados um ou dois meses da experiência. Segundo porque a acusação de que somente os centros comerciais fechados, climatizados e com todo o conforto é que se beneficiarão não justifica a oposição. Afinal, talvez seja assim, mas fruto das mudanças que ocorreram na vida. Se para pior ou melhor, é outra discussão. Há 32 anos a Rua da Praia e suas transversais, a Voluntários da Pátria, a Praça da Alfândega e a Praça da Matriz formavam o epicentro do que havia de melhor em termos de lojas, de cinemas e da administração pública municipal, estadual e federal, além do Legislativo e do Judiciário. Pois ficaram apenas as repartições públicas, o resto esvaiu-se. Casas centenárias do comércio não sobreviveram e as citamos várias vezes, exemplificando que a síndrome da terceira geração ou algo semelhante atingiu a Capital.

    A vida era outra, o contexto socioeconômico também, havia tempo, Porto Alegre tinha em torno aos 700 mil habitantes, o transporte pelos arcaicos e pachorrentos bondes, cinema e futebol a única diversão, além dos passeios na Redenção e o "footing" exatamente na Rua da Praia e suas vitrines encantadoras. Mas isso passou, ou melhor, transferiu-se. Inclusive o chamado "Bairro Cidade", como era conhecido o quarto distrito, na antiga avenida Eduardo, depois Franklin Roosevelt, homenagem ao presidente dos EUA ao início da II Guerra Mundial, também murchou, restando a Sociedade Gondoleiros e o comércio da São Pedro/Farrapos. Novas
    lojas surgiram, desde as redes de supermercados às varejistas de roupas e calçados, bem como as de ferragens.

    A sucessão tecnológica fez mudar hábitos e costumes, o jovem de hoje distrai-se com a TV, lê pouco, anda muito de automóvel, conversa o indispensável, tudo é descartável e as pessoas não cultivam relações de vizinhança. Isso é uma constatação, é assim e o refúgio contra a insegurança e a falta de tempo foi a abertura dos "shopping centers". Pasteurizados, assépticos, climatizados, artificiais, no entanto os novos lançamentos e as ampliações previstas provam que eles vieram para ficar. Nada mais nos fará ter a cidade dos anos 50/60, somente a recuperação do Centro histórico com o projeto Monumenta. Então, dar liberdade aos comerciantes para que abram se houver interesse do público -e isso somente testando - é o que deve ser feito. Os lojistas e os comerciários poderiam estabelecer acordo dentro de um prazo, três ou quatro meses funcionando aos domingos. Aí sim, todos teriam a certeza do que é ou não viável. Fora disso estaremos mais no terreno da ideologia do que dos fatos. Nas barras da Justiça, houve decisão acachapante ontem, a favor da abertura.


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    08/20/2002


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