Coletânea de artigos revela face jornalística do ex-senador e ex-presidente do Senado Luiz Viana Filho



A reunião em livro dos 146 artigos escritos por Luiz Viana Filho entre 1929 e 1990, em sua maioria no jornal A Tarde, de Salvador, representa a oportunidade que o historiador e biógrafo João Justiniano da Fonseca oferece ao cidadão de conhecer a faceta jornalística do ex-senador e ex-presidente do Senado. Sob o título Luiz Viana Filho - O Jornalista, a coletânea de textos será lançada na biblioteca do Senado (que também leva o nome do ex-parlamentar), às 17h desta terça-feira (16), como parte das comemorações do centenário de seu nascimento. Na ocasião, serão lançados selo e carimbo alusivos à data.

Luiz Viana Filho foi deputado federal, governador da Bahia (1967-1971), ministro da Casa Civil (1966) e senador da República - em 1974, foi eleito senador pela Bahia, tendo ocupado a presidência do Senado de 1978 a 1980.

"A recuperação de novos textos traz à tona a faceta jornalística de um homem que passou 34 anos como membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e foi biógrafo de alguns dos brasileiros mais ilustres. É mais uma contribuição para a história, para a política e para as letras nacionais", diz o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, no prefácio do livro.

O presidente do Senado faz um breve resumo da vida de Luiz Viana Filho e do período histórico no qual o político atuou. Ao assinalar que suas idéias permanecem "atuais e vigorosas, mesmo 18 anos depois de seu desaparecimento", Garibaldi recorda que Luiz Viana não abandonou seus ideais de liberdade e democracia diante do terror nazista e "quando o Brasil se dividiu em esquerda e direita". Frisou ainda a crítica ferrenha de Luiz Viana Filho à ditadura do Estado Novo e pontuou sua participação no que chamou de "encruzilhada histórica", durante a qual, como ministro da Casa Civil de Castelo Branco, teria atuado em momentos delicados como a da questão da duração do mandato do presidente, a cassação de Juscelino Kubitschek, a rebelião da linha dura das Forças Armadas durante as eleições para governador em 1965 e o esforço para "reconstitucionalizar" o país.

Garibaldi enfatizou ainda que foi como presidente do Congresso Nacional que Luiz Viana Filho teve a oportunidade de saudar, em 1978, a revogação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que representou o ápice do acirramento do golpe militar de 1964.

Para o biógrafo de Luiz Viana Filho, Justiniano da Fonseca, o ex-senador era "jornalista político de combate, decididamente oposicionista, revolucionário". O historiador explica que, na coletânea de artigos, ficou de fora apenas o período entre 1936 e 1938, porque os jornais desse período não ofereciam condições de leitura.

"No caso particular da crônica política de oposição, ele argumentava com a força da convicção, clamando alto e corajosamente contra os regimes ditatoriais, defendendo e reivindicando, pugnando pelos princípios de liberdade. Buscava e expunha exemplos. Ia à França, aos Estados Unidos e à Inglaterra. Transcrevia autores, contestava os regimes de força fincados na Alemanha, na Itália, na Espanha e no Brasil de Getúlio Vargas", afirma o historiador.

Justiniano da Fonseca afirma ainda: "Considerei que, além da crônica jornalística do dia-a-dia, cujo conteúdo se esgota sem demora, há a crônica política e social da época, um material de vida permanente, de alto valor cultural, que não pode se perder. São retratos biográficos, pequenos ensaios históricos e apreciações de ordem econômica perfeitamente atuais".

O senador Marco Maciel (DEM-PE) exalta, na abertura do livro, a colaboração de Luiz Viana Filho como bibliófilo e membro da ABL. Também ressalta que o ex-parlamentar, durante sua gestão à frente da Presidência do Senado, impulsionou o funcionamento da biblioteca da Casa.

"Político de destaque, reuniu em si, assim como os homens que escolheu para biografar, tanto o homem público como o homem de letras", afirma Marcos Maciel, ao citar os biografados por Luiz Viana (Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Machado de Assis, Eça de Queiroz, Anísio Teixeira e Rio Branco, entre outros).

Para o jornalista João Carlos Teixeira, que colaborou na organização do livro, "a obra é uma apreciação atual e competente sobre o passado recente do Brasil e do mundo, por um homem de letras, dedicado à observação da História e das personalidades que a fizeram".



15/12/2008

Agência Senado


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