Collares não aceita as críticas de Lula










Collares não aceita as críticas de Lula
O deputado federal Alceu Collares, do PDT, rebateu ontem as acusações feitas pelo candidato à Presidência da República pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, de que ele seria o principal motivador das desavenças entre os dois partidos no Estado. Lula afirmou que, durante as eleições de 2000 à Prefeitura de Porto Alegre, Collares deflagrou campanha anti-PT mais forte do que a feita pela direita. 'Quando fui governador, o PT tentou me liquidar politicamente. Mesmo assim, por decisão partidária, carreguei a bandeira petista em 1998 e contribuí para a vitória de Olívio Dutra', lembrou Collares. Segundo ele, Lula não tem condições de chegar à Presidência e será eterno candidato. O deputado garantiu que não concordará se o PDT gaúcho decidir apoiar o PT no 2º turno. 'Pela primeira vez, não vou acompanhar o partido. Prefiro ir ao Conselho de Ética', desabafou.


Vieira acredita que governo se equivoca
O relator da CPI da Segurança Pública, deputado Vieira da Cunha, do PDT, disse ontem que o governo do Estado cometeu equívoco ao anunciar, em nota oficial, que as denúncias contra o governador Olívio Dutra, o vice Miguel Rossetto e secretários estaduais foram todas arquivadas. Conforme Vieira, ainda pesam sobre o governador acusações apontadas pelo relatório da CPI de ilícito eleitoral e crimes de responsabilidade e de prevaricação, que devem ser examinados pelo Ministério Público Eleitoral, pelo Ministério Público Federal e pela Procuradoria-Geral da República. Vieira se encontrará amanhã com o procurador-geral de Justiça, Cláudio Barros Silva, para pedir revisão na decisão de arquivamento. Vieira também solicitará agilidade na tramitação do pedido de impeachment por parte da Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia.


Inscrição de Tarso provoca conflito
Rossetto diz que 'insistência' do prefeito durante Fórum não contribui para continuidade do projeto

A confirmação feita ontem pelo prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, sobre a inscrição na prévia que definirá o candidato do PT ao governo do Estado reacendeu o confronto entre os seus apoiadores e o grupo que defende a escolha do governador Olívio Dutra. O vice-governador Miguel Rossetto disse que considera muito estranha a atitude de Tarso no momento em que está sendo realizado o Fórum Social Mundial. 'Não é razoável que, durante o evento com agenda forte de recuperação das energias da esquerda e de unidade entre as propostas que combatem o neoliberalismo, Tarso imponha essa discussão', afirmou. Segundo Rossetto, as declarações do prefeito e a sua 'insistência' não colaboram com o projeto que está sendo desenvolvido no Estado que, segundo ele, serve de referência para as esquerdas do mundo todo. 'O desejo das bases partidárias e sociais é pela unidade. O movimento de Tarso não contribui, não dialoga e não garante a unidade necessária para dar continuidade às transformações que estamos promovendo', enfatizou. O vice-governador cobrou maior responsabilidade de Tarso e ressaltou que o ambiente é de extrema polarização política. 'Dois projetos distintos estão em jogo. Tarso sabe disso', argumentou.

Tarso explicou que fez a manifestação sobre a sua inscrição na prévia para diluir boatos espalhados durante a festa de aniversário do PT, no sábado, de que ele retiraria a candidatura. Segundo o prefeito, os comentários foram propagados pelos defensores de Olívio e não correspondem a uma 'ética aceitável'. Ele enfatizou que a participação na prévia já havia sido confirmada pelas correntes dentro do partido que apóiam a sua candidatura. Para ele, o consenso está cada vez mais difícil e vários setores do PT já demonstraram que não aceitam candidatura automática. 'Rossetto deveria estar espantado com a sua própria atitude e não com a minha. Nos últimos dias ele tratou de consolidar a candidatura de Olívio dentro e fora do Fórum', afirmou. Tarso destacou ainda que não reconhece autoridade política no vice-governador para que possa lhe fazer recomendações e apenas considera-o um companheiro de partido. Hoje, as correntes que apóiam Tarso realizam plenária às 13h no Hotel Umbu, em Porto Alegre. Depois do encontro, dirigem-se à sede do partido para fazer a inscrição da candidatura na prévia que ocorrerá no dia 15 de fevereiro.

O deputado Ronaldo Zülke declarou que, com essa atitude, Tarso não está contribuindo com a unidade, mas com a divisão que poderá enfraquecer a Frente Popular num pleito difícil. O vice-presidente do diretório estadual, Paulo Ferreira, classificou a manifestação de Zülke como 'intolerante' porque desconsidera a democracia interna do PT.


Fortunati garante: não prejudicará prefeitura
Fortunati já está instalado na sala da presidência

O presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre e pré-candidato ao governo do Estado pelo PDT, vereador José Fortunati, garantiu ontem que o Legislativo dará governabilidade à prefeitura. Depois de ter travado duro embate pela presidência da Casa com a bancada de situação, Fortunati lembrou que recebeu visita dos vereadores da Frente Popular sexta-feira passada, na sala da presidência, onde já está instalado. Ele também se encontrou sábado com Tarso Genro na missa da Igreja Nossa Senhora do Rosário, quando combinaram a ida do prefeito à Câmara Municipal ainda neste mês. Os dois foram colegas na corrente PT Amplo e Democrático, mas atualmente Fortunati faz questão de ressaltar que a relação entre eles é apenas protocolar.

Fortunati destacou que não vê problema em conciliar a sua campanha ao Palácio Piratini com a atuação na presidência da mesa diretora. Segundo o regimento interno da Câmara, cada vez que o presidente se afastar do município deve passar o cargo ao vice, no caso o vereador Carlos Alberto Garcia, do PSB, integrante da Frente Popular. 'Já conversei com Garcia. Ele não é moleque de recados do PT. Pelo contrário, é uma das pessoas mais sérias da Casa', declarou Fortunati. Ele aproveitou para dar aviso aos 14 vereadores que já anunciaram a disposição de disputar a eleição para a Assembléia Legislativa neste ano. 'Vou me empenhar pessoalmente na fiscalização do comparecimento dos vereadores, que terão os salários descontados quando faltarem às sessões', advertiu.

Entre os seus projetos à frente da Câmara, Fortunati garantiu que as obras do anexo de eventos terão início até o final do ano. O espaço será destinado à realização de encontros, palestras e shows. A construção ficará localizada atrás do prédio da Câmara e terá entrada independente para o público.


ACM lidera pesquisa na Bahia
A oito meses do pleito de outubro, o ex-senador Antônio Carlos Magalhães, do PFL, lidera pesquisa de intenção de voto para o governo da Bahia e o Senado. Ele está estudando as duas opções. Segundo levantamento do Instituto Vox Populi divulgado ontem em Salvador, ACM conta com 59% dos votos válidos para o Executivo. Seus concorrentes mais fortes são João Durval Carneiro, do PDT, com 11%, e Jacques Wagner, do PT, com 7%. Benito Gama, do PMDB, ficou com 3% das intenções de voto.

Conforme a pesquisa, ACM chegou a 70% de intenções de voto na disputa ao Senado, o que lhe garantiria uma das duas vagas. Com o seu apoio, o PFL elegeria também o segundo senador, o atual governador César Borges, que obteve 62%. Waldir Pires, do PT, vem depois, com 15%. O Vox Populi entrevistou 1.500 pessoas entre os dias 19 e 22 de janeiro.


Aliança pró-Ciro perto do acerto
As executivas do PDT, do PTB e do PPS irão se reunir no dia 21 deste mês para decidir sobre a união em torno da candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. Antes disso, cada partido discutirá as eleições no âmbito regional. 'Queremos ali ança nacional, com candidatos únicos aos cargos majoritários. Porém, primeiro vamos discutir com os diretórios regionais', afirmou o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola.

Ciro, Brizola, os presidentes nacionais do PTB, José Carlos Martinez, e do PPS, Roberto Freire, e o deputado federal Roberto Jefferson, do PTB, estiveram reunidos domingo, no Rio de Janeiro, durante cinco horas na residência do líder do PDT, para acertar as propostas em questões como segurança, emprego, saúde e educação. Brizola acredita no fechamento da aliança. 'Procuramos saída nacional para os problemas', disse Ciro.


Brant quer se candidatar pelo PFL em Minas Gerais
O ministro da Previdência Social, Roberto Brant, manifestou ontem intenção de disputar o governo de Minas Gerais caso o PFL siga a estratégia de candidatura própria também nos estados. 'Se o partido desejar, e acho que deveria, estou à disposição', disse Brant. O PFL irá reunir amanhã, em Belo Horizonte, integrantes de PTB, PMN, PV, PPS, PSB, PSL e PPB para discutir as sucessões estaduais.


Estilac duvida que ano seja produtivo
O líder da bancada governista na Câmara Municipal de Porto Alegre, vereador Estilac Xavier, afirmou ontem não acreditar que o ano legislativo será produtivo. Segundo Estilac, dos 33 vereadores, 15 concorrerão às eleições de outubro, incluindo o presidente da Casa, vereador José Fortunati, do PDT, candidato ao Palácio Piratini. Estilac revelou que ele mesmo buscará a vaga de deputado estadual. O líder governista afirmou que as prioridades dos vereadores da Frente Popular serão garantir a governabilidade ao poder Executivo, discutindo com mais antecedência matérias importantes como o IPTU. O assunto gerou intensa polêmica ano passado na Câmara. Um dos argumentos da oposição para não aprovar o projeto foi o de que não houve tempo hábil para a sua devida apreciação em plenário.


FHC diz que não haverá cortes na segurança
O presidente Fernando Henrique Cardoso determinará esta semana que não haja corte no Orçamento da União de 2002 para a área de segurança pública e quer que a decisão seja seguida pelos estados. Ele mostrará também o modelo policial defendido pelo governo. Quinta-feira, em Brasília, o presidente inaugurará dois Centros Integrados de Operação de Segurança e amanhã analisará os programas de combate à criminalidade na reunião ministerial.


Jungmann se reúne com Quércia para salvar prévia
O ministro Raul Jungmann, pré-candidato do PMDB ao Palácio do Planalto, irá se reunir nesta quinta-feira com o ex-governador Orestes Quércia para tentar garantir a realização da prévia no dia 17 de março que escolherá o presidenciável. O senador Pedro Simon também insistiu ontem, em Brasília, para que a disputa ocorra. Segundo o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, a prévia está sendo 'enterrada' pelos seus candidatos.


Prefeito de Belo Horizonte apresenta quadro estável
O estado de saúde do prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro, de 70 anos, é estável segundo o boletim médico divulgado ontem. Ele está internado no Hospital Mater Dei devido a trombo-embolismo pulmonar. Os médicos pedirão à Câmara Municipal a renovação da licença de Castro, por três meses, a partir do dia 8 deste mês. Castro voltou ao hospital quinta-feira, mas apenas domingo a sua internação foi divulgada.


Roseana deixará cargo em abril para concorrer
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, do PFL, ficará no cargo até 4 de abril, data-limite para que os candidatos se desincompatibilizem de suas funções. Ela resistiu às pressões da direção nacional do partido para deixar o governo antes do prazo e viajar pelo país. Preferiu se afastar apenas por 20 dias desde ontem. Vai dedicar esse tempo à campanha presidencial e à montagem da chapa para disputar sua sucessão no governo do Maranhão.


Serra rebate acusações de Garotinho sobre a dengue
O ministro da Saúde, José Serra, candidato do PSDB ao Planalto, divulgou ontem nota rebatendo afirmações do governador do Rio, Anthony Garotinho, presidenciável pelo PSB, que o culpou pela epidemia de dengue no estado. 'O governador precisa parar de se comportar como um garotinho e trabalhar', diz o documento. Conforme o ministro, caso Garotinho se empenhasse em vez de 'ficar fazendo jogo de empurra', a situação do Rio seria melhor.


Artigos

Qualidade da informação
Maria do Carmo Bueno

Nas férias, as pessoas têm mais tempo para se informar. É verdade que muitas descansam também dos noticiosos. Mas a informação, hoje, está em todo lugar, chega a quem quer, e até a quem não quer. Não falo só do rádio, do jornal, da televisão, do cinema, do telefone em suas múltiplas modalidades. No Primeiro Mundo, está na moda a casa 'inteligente', que controla tudo automaticamente, das portas ao chuveiro, da geladeira ao fogão, à calefação, à refrigeração. No Brasil, adaptamo-nos rapidamente ao computador. A proporção de brasileiros que fazem a declaração de renda pela Internet é maior que a de americanos. Quem não navega na Web acaba excluído de muitas informações repassadas aos internautas. Já dispomos de elevadores, carros, um número variado de máquinas e até raquetes inteligentes. Quase não há mais máquina que não tenha algum chip inserido em seu funcionamento. A mente humana é forçada a interagir diariamente com mecanismos 'inteligentes'.

Os que se negam a lidar com informática estão ameaçados até não poderem sacar dinheiro do banco. Vivemos soterrados por informações e suas operações automáticas, e ai daqueles que não souberem lidar com elas. Mas isso não basta. É indispensável entendê-las, selecioná-las, criticá-las. Diziam os antigos que saber é poder. Todavia, a sociedade da informação seria também a sociedade do conhecimento? Já procuramos indagar sobre a qualidade da informação que nos atinge diariamente?

Nos primeiros tempos da história, conhecimento era algo sagrado. Depois passou a ser privilégio de uns poucos. Hoje, tende a democratizar-se. Não pode, contudo, ser confundido com avalanche de dados veiculados pelas mídias ou processados por aparelhos indispensáveis para executar tarefas banais da vida quotidiana. Como comunicadora, penso que a crise do conhecimento está na qualidade da informação, esta que carece de se confrontar com uma escala consistente de valores voltados para o bem-estar, a felicidade dos seres humanos e o sentido de sua vida. Sem esses valores, a montanha de dados ficará desprovida do verdadeiro conhecimento. De pouco vale a fartura de máquinas e métodos quando confrontada com a escassez de conteúdos. Da qualidade da informação depende a qualidade da sociedade.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO - A. Burd

PESQUISA INFLUENCIA TARSO
O resultado ontem conhecido de pesquisa encomendada por setores do PT a instituto de uma universidade foi determinante para que Tarso Genro se decidisse pela inscrição hoje de sua pré-candidatura à prévia que escolherá o candidato ao governo do Estado. O não-registro do Tribunal Regional Eleitoral impede a divulgação dos números, mas em todas as simulações Tarso aparece em vantagem sobre o governador Olívio Dutra. Protestos contra Tarso que se sucederam na tarde de ontem, e que a página 2 desta edição registra, são compreensíveis. Se as urnas vierem a confirmar a prévia, será inevitável o desgaste do grupo palaciano, com reflexos também sobre candidatos que apóia à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados.

EM CHAMAS
Liderança do PT, que se propôs a ser bombeiro e apagar o incêndio nas relações entre Miguel Rossetto e Tarso Genro, disse que, apesar do esforço, encontrou todas as mangue iras com buracos. Água não sai.

DESRESPEITO
A ministra da Juventude da França, Marie Buffet, levou duas tortas no rosto, jogadas por integrantes da delegação de seu país que participam do Fórum Social Mundial. E eles são os civilizados...

VIRADA - Na sessão de encerramento, ontem, do Encontro Mundial da Juventude, realizado dentro do Fórum Social, a platéia se dividiu, reservando uma surpresa. Enquanto pouco mais da metade reverenciava Fidel Castro com palavras de ordem, os demais aplaudiam a revolução cubana e Che Guevara. Para Fidel, sobraram vaias insistentes. O tema do painel era 'Alternativas e Perspectivas do Movimento contra a Globalização'.

MORDER E ASSOPRAR
Os secretários do Trabalho, Tarcísio Zimmermann, e do Planejamento, Adão Villaverde, pontearam no Fórum Social os fortes protestos contra órgãos internacionais de financiamento. Por coincidência, o Diário Oficial do Estado publicou ontem as autorizações para que os dois viagem a Washington, de 14 a 17 deste mês, para visita ao Banco Interamericano de Desenvolvimento. Buscarão mais dinheiro para novos empreendimentos do governo.

TUDO DIVIDIDO
Poder fica assim dividido na Câmara Municipal: Mário Fraga (PDT) na diretoria-geral; Jorge Fraga (PFL) na Administrativa; Ilse Boelhouwer (PSDB) na Legislativa; Carlos Begnis (PDT) na de Patrimônio e Finanças; e Hermínio Gomes Júnior (indicado por Fernando Záchia) nas Atividades Complementares. Cada um ganha mais do que os vereadores.

QUEM DIRIA...
A diretora Eva Sopher foi ao presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi, denunciar flanelinhas que dificultam acesso e podem determinar fechamento do Theatro São Pedro. Afirma que o governo não a ouviu.

LEVARAM
Mesmo com o superesquema de segurança em toda a cidade, durante o Fórum Social Mundial, o assessor de marketing do PPB, Fábio Bernardi, teve o seu automóvel roubado ao meio-dia na esquina da Múcio Teixeira com Barão do Gravataí.

NEGADO
A Uergs rejeitou o pedido de inscrição do diretor jurídico da Farsul, advogado Nestor Hein, no curso sobre Gestão Participativa. Não foi dada chance de conhecer os critérios para escolha. Objetivo é 'desenvolver olhar crítico sobre a gestão pública voltada ao interesse coletivo'.

APARTES
Vigilância sanitária no Litoral Norte não dá trégua. Está muito certa.

Camilo, filho do deputado Clóvis Ilgenfritz, sofreu acidente em Garopaba, domingo, e está internado no Hospital Regional de São José.

Bancada estadual do PPS elegeu dois temas para o 1º semestre: previdência dos servidores e caixa único.

Famurs lançará amanhã a Comunidade Eletrônica das Prefeituras através de um portal na Internet.

Celso Bernardi expõe plano de governo, às 11h de hoje, na Fecomércio.

Diógenes de Oliveira estava atento entre assistentes da palestra de Lula, sábado, no Fórum Social.

Presidência da Câmara acha que não receberá convites para o carnaval. Seria a retaliação da prefeitura.

Deu no jornal: 'Temer diz que PMDB não tem candidato forte ao Planalto'. Então, saia do partido.

Torradeiras, de uso intenso por partidos políticos em ano eleitoral, vêm de longe. Primeiras são de 1910.


Editorial

UM BASTA À VIOLÊNCIA

Ao serem reiniciados os trabalhos do Congresso Nacional na metade deste mês, após o recesso parlamentar, o tema segurança pública ganhará projeção sobre os demais assuntos que ocuparão a atenção dos deputados e senadores. Os próprios partidos políticos estão montando uma espécie de pressão social, objetivando que, com prioridade, o Congresso aprecie e discuta a viabilidade de aprovação de alguns entre os cerca de 180 projetos que sobre a matéria tramitam no Legislativo. O seqüestro, seguido de brutal assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André, figura de projeção no Partido dos Trabalhadores, provocou uma comoção nacional e despertou o meio político para a necessidade imperiosa de se dar um basta à escalada da violência que mantém em pânico a sociedade brasileira.

Embora se reconheça como importante que o Congresso legisle sobre segurança pública, assegurando normas mais rígidas para a punição de crimes, como o aumento das penas e a redução da idade para a penalização, entre outras, não há dúvida de que a escassez de recursos orçamentários, tanto da União como dos estados, locados para os diferentes serviços e atividades relacionadas com a área de segurança pública, é uma das causas principais a facilitar a bandidagem desenfreada, na medida em que reduz a prevenção e a repressão e abre caminho para a impunidade.

O caos no sistema penitenciário é um exemplo do descaso do poder público com a questão da segurança. Presídios superlotados, com perda total do controle pelas administrações, favorecem a corrupção e abrigam organizações criminosas que, do interior das cadeias, comandam o narcotráfico, promovem rebeliões e fugas em massa. A Polícia Federal e as polícias civis e militares dos estados contam com quadros insuficientes de pessoal, são mal remuneradas e lutam com falta de material e equipamentos para o desempenho de suas funções. Sem que se corrija essa situação, de pouco adiantará que novas leis, ainda que necessárias, sejam aprovadas pelo Congresso e sancionadas pelo presidente da República. Ou os governos se decidem a dotar os organismos de segurança dos recursos indispensáveis para um bom desempenho ou continuaremos como reféns da bandidagem.


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02/05/2002


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