Collor diz que o Brasil deve adotar políticas que contribuam para o desenvolvimento dos parceiros do Mercosul
O início de uma nova configuração hierárquica do sistema internacional torna ainda mais importante a consolidação do Mercosul, já que o espaço de manobra para nações, individualmente, vem diminuindo. O alerta foi feito pelo senador Fernando Collor (PTB-AL) durante homenagem prestada em Plenário pelos 20 anos de criação do Mercado Comum do Sul, que transcorrerá no próximo dia 26. Ele defendeu a necessidade de o Brasil adotar como política de estado a promoção do desenvolvimento dos seus parceiros no Mercosul.
Fernando Collor argumentou que a diferença entre os níveis de desenvolvimento dos membros do Mercosul deve, do ponto de vista brasileiro, ser objeto de políticas de estado de longo alcance. Porém, o senador negou que o Brasil deva fazer concessões ou aceitar proposições com o cunho de ameaças.
Quando presidente da República, Fernando Collor foi signatário do Tratado de Assunção, em 1991, ato de criação do Mercosul. Ele lembrou que, naquela época, foi preciso adotar várias medidas para diminuir a rivalidade e construir uma relação de confiança entre o Brasil e a Argentina. Uma dessas ações foi firmar o Acordo para o Uso Exclusivamente Pacífico da Energia Nuclear, que criou a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares.
- Em Viena, em 1991, firmei o Acordo Quadripartite entre os dois países, a Agência Nuclear Bilateral e a Agência Internacional de Energia Atômica. Mas antes, em gesto de empenho pessoal, fui à Serra do Cachimbo para a destruição de túneis de testes nucleares. Foram atos que buscavam transformar um antigo relacionamento de disputas e desconfianças em uma relação de credibilidade e respeito - afirmou Fernando Collor.
Para o senador, a ideia do Mercosul não se limita à racionalidade econômica. Mais do que isso, opinou Fernando Collor, baseia-se na vontade dos povos, no entendimento e na solidariedade. Além de negociar tarifas, os integrantes do bloco econômico devem se integrar para se desenvolver e enfrentar as adversidades do cenário internacional com mais força e capacidade de atuação. Ele argumentou que a união aumenta o poder de barganha nos foros comerciais.
Outro legado importante do Mercosul destacado pelo senador e ex-presidente da República foi a criação de uma zona de paz na região que dificilmente será eliminada em virtude do entrelaçamento crescente nos diversos segmentos sociais dos países participantes. Collor destacou que apesar de existirem problemas, os fluxos de mercadorias, pessoais e capitais já adquiriram dinâmica própria que, em certo grau, independem da ação governamental.
24/03/2011
Agência Senado
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