Com 34,8%, Tarso inverte tendência e ultrapassa Brito, que tem 2









Com 34,8%, Tarso inverte tendência e ultrapassa Brito, que tem 29,9%
Em agosto, petista tinha 32,3%, e Britto, 40,6%

O candidato do PT ao governo gaúcho, Tarso Genro, inverteu uma tendência eleitoral que vinha se desenhando no Estado e ultrapassou Antônio Britto (PPS), segundo o instituto de pesquisa Cepa (Centro de Estudos e Pesquisas em Administração), da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Tarso tem 34,8% das intenções de voto, contra 29,9% de Britto, de acordo com a apuração realizada entre os dias 9 e 11 deste mês. No levantamento anterior (agosto), Britto tinha 40,6%, contra 32,3% de Tarso. O Cepa era o instituto de pesquisa que vinha dando maior margem na vantagem de Britto para Tarso.

Foram entrevistados 1.753 eleitores. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais. Outros candidatos que cresceram foram Germano Rigotto (PMDB), que passou de 4,5% para 11,1%, e Celso Bernardi (PPB), que foi de 5,1% para 8,6%. A pesquisa foi publicada no jornal "Zero Hora" na edição de ontem.

Um outro instituto de pesquisas, do jornal "Correio do Povo", já havia, na semana passada, indicado tendência favorável a Tarso.

Nos últimos dias, esquentou o horário eleitoral gratuito, com acusações de ambos os lados. Tarso questiona a lisura nas privatizações realizadas durante a administração de Britto (95 a 98) e a suposta existência de propina no Departamento de Desporto da Secretaria da Educação no mesmo governo, amparando-se em investigações que estão sendo realizadas pelo Ministério Público (federal e estadual).

Britto procura ligar o presidente do Clube de Seguros da Cidadania, Diógenes de Oliveira (acusado de manter vínculos com o jogo do bicho durante a CPI da Segurança Pública ocorrida no governo petista), a Tarso.
Explora, também, o fato de Tarso, como advogado, ter defendido pensionistas do IPE (Instituto de Previdência do Estado), indicando uma incoerência no fato de ele agora pretender ser governador do Rio Grande do Sul.


Projetos do Avança Brasil só recebem 36,7% da verba
Os 67 programas prioritários teriam deixado de receber R$ 19,3 bi

Um levantamento feito nos 67 projetos do Avança Brasil que o governo de Fernando Henrique Cardoso chamou de estratégicos revela que, em termos de destinação de verbas, eles não tiveram a prioridade esperada. Nos primeiros dois anos (2000 e 2001), portanto metade do tempo total do programa, o governo destinou 36,7% do total previsto de verbas.

Levando-se em conta o tempo decorrido do Avança Brasil (no caso 50% já que o parâmetro foi 2000 e 2001) em relação à destinação de verbas, há um saldo negativo de R$ 19,3 bilhões que deixaram de ser investidos no período.

As metas de gastos por parte do governo, para os prioritários, somam R$ 145,3 bilhões a serem empregados até dezembro do ano que vem. O valor executado até o final de 2001, decorrido metade do tempo, era de R$ 53,3 bilhões (36,7%). Os números deste ano, especificamente para os prioritários, não foram informados.

De acordo com o coordenador nacional do Avança Brasil, José Paulo Silveira, do Ministério do Planejamento, o plano traz em sua concepção uma mudança na forma de gerir recursos, onde a avaliação é feita mais pelos resultados que pelo valor empenhado.

Em alguns casos, como no projeto Saneamento é Vida, é impossível dissociar valor liberado de execução. O objetivo do projeto era melhorar os serviços de saneamento básico nos municípios com mais de 75 mil habitantes.

Devido ao contingenciamento do Orçamento, as metas previstas tiveram que ser revistas. Até agora, nenhuma proposta anunciada foi implementada. O Avança Brasil foi criado por FHC para gerenciar um conjunto de 377 projetos, que prevê gastos de R$ 1,29 trilhão em quatro anos (de janeiro de 2000 a dezembro de 2003).
Os projetos são subdivididos em 4.264 ações, todas com metas, e contam, além das verbas da União, com recursos de agências de oficiais de crédito (8,7%) e de parcerias com a iniciativa privada, Estados e municípios (10,4%).

De todos os 377 programas do Avança Brasil, 67 foram eleitos como sendo prioritários (estratégicos) ou contendo ações prioritárias. No cruzamento de dados e nas pesquisas feitas durante duas semanas pela Agência Folha tomando como base os dados da última revisão do plano publicados no "Diário Oficial da União" de 6 de agosto, é possível descobrir: dos 67 estratégicos, apenas 8 tiveram destinação de verba superior a 50%; 12 tiveram destinação inferior a 20% e em dois casos o governo não destinou verba alguma.


Serra e Ciro concentram 74% das ações na Justiça Eleitoral
De 53 representações no TSE, 23 foram feitas pelo candidato do PSDB e 16 pelo da Frente Trabalhista

Os candidatos à Presidência da República repetem no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) os mesmos comportamentos que apresentam na propaganda eleitoral gratuita da televisão.

A constatação vem de análise, feita pela Folha, de 53 representações envolvendo os candidatos, movidas entre o início do horário eleitoral gratuito, no dia 20 de agosto, e a última sexta-feira.

Os presidenciáveis José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS), que trocam acusações desde os primeiros programas no rádio e na TV, apresentaram, juntos, 73,58% das ações no TSE. Do total, 34 (64,15%) entre eles.

Serra apresentou 23 representações (43% do total), das quais 19 foram contra Ciro. E o candidato do PPS buscou o TSE 16 vezes, das quais 15 foram contra o tucano.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mantendo a estratégia que descreveu como "Lulinha Paz e Amor", moveu apenas três representações, todas contra Serra -e desistiu das duas primeiras.

Já Anthony Garotinho (PSB) entrou com quatro ações, das quais três se referem à campanha regional do Rio, onde sua mulher, Rosinha Matheus, é a favorita na disputa pelo governo.

Eles agiu duas vezes contra a coligação Todos Pelo Rio, uma contra Lula (por ter pedido votos no programa eleitoral da governadora Benedita da Silva) e uma contra Serra a única não vinculada à disputa fluminense.
Procurada pela Folha, a assessoria do TSE não soube informar os resultados das 53 representações movidas pelos candidatos.

Para os ex-ministros do TSE que hoje são advogados de Serra e Ciro, as ações são mecanismos de defesa contra as ofensas que os candidatos julgam ter sofrido na propaganda dos adversários.

"As representações servem para aparar as arestas dos exageros dos marqueteiros que não consultam advogados", diz o advogado Torquato Jardim, que defende Ciro.

"Às vezes os candidatos ultrapassam os limites, ainda que seja difícil definir o limite do direito de crítica", afirma Eduardo Alckmin, que defende Serra.

Na semana passada, os dois advogados fizeram um acordo de compensação de direitos de resposta. Serra e Ciro ganharam o direito a ter dois minutos do horário eleitoral do outro e, por isso, decidiram não utilizá-los. Mas Serra já ganhou, e exerceu, direito de resposta no horário de Ciro.

Lula, alvo de sete representações, já foi processado pelos outros três candidatos e também foi demandado pela União (duas vezes) e pela Petrobras (uma).

Das 20 ações contra Serra, três foram movidas por Lula, uma por Garotinho e uma pelo PSTU -as outras são de responsabilidade de Ciro. Além das representações movidas por Serra, Ciro sofreu outras duas movidas pela União. Garotinho sofreu três ações: duas de Serra e uma de Solange Alves, que disputa o governo do Rio.

As ações se concentram nos dias após os debates na TV. Nos quatro dias após o mais recente, da Record (dia 2), houve 14 ações, sendo seis de Ciro e seis de Serra.


Lula obtém vitórias contra tucano e governo
O c andidato do PT ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, obteve ontem no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) duas vitórias contra o governo e seu candidato à Presidência, José Serra.

Em decisões de caráter liminar (provisório), o ministro Caputo Bastos aceitou os argumentos dos advogados do PT em representações movidas pelo partido contra a Petrobras e a coligação de Serra.

A primeira liminar afeta diretamente Serra, que foi obrigado a deixar de transmitir imagens de simulação de consulta popular sobre qual dos dois candidatos (Lula ou Serra) seria o mais preparado para gerar empregos. Para os advogados do PT, houve manipulação dos resultados para colocar Serra em vantagem.

Na representação, o partido de Lula pediu ao TSE que a coligação governista seja punida com a perda de 1 minuto e 16 segundos em seu programa noturno pela veiculação da consulta, que seria proibida pela legislação eleitoral.

Na segunda liminar, o ministro determina a suspensão temporária da campanha publicitária da Petrobras que vem sendo veiculada desde o último dia 3. Segundo o PT, a série de comerciais é para contestar declarações feitas pelo partido no horário eleitoral.

No dia 20 de agosto, foi ao ar o programa de Lula que abordava o tema da geração de emprego e a política do governo federal de construir plataformas para exploração de petróleo fora do país.

Na representação, Lula acusa a Petrobras de interferir no processo eleitoral em benefício do candidato do governo, José Serra.

Para os advogados do PT, a empresa estaria fazendo uso indevido da máquina administrativa e abusando de poder econômico ao responder às críticas do partido.

Eles acrescentam que o único objetivo da campanha da Petrobras é tentar esclarecer declarações que a empresa trata como "equivocadas". Os advogados argumentam que isso fica claro na propaganda, pois ela se resume a rebater, ponto a ponto, as acusações feitas por Lula na TV.

Em seu despacho, o ministro informou que a decisão valerá até o julgamento final da representação. Bastos já havia negado direito de resposta à Petrobras.


Discurso de Lula não é de esquerda, diz MST
João Pedro Stedile afirma que petista está hoje no centro e que alianças feriram a "tradição e coerência" do partido

Os discursos dos candidatos a presidente andam tão próximos que nem um tradicional aliado de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconhece mais as diferenças entre as suas propostas e, por exemplo, as do tucano José Serra.

O economista João Pedro Stedile, 48, um dos dirigentes nacionais e o principal ideólogo do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), aceitou convite da Folha para tentar associar propostas dos candidatos para a reforma agrária a seus autores.

Por ironia, atribuiu ao presidenciável José Serra candidato do governo ao qual tem combatido há oito anos- trecho do programa de Lula- a quem apóia desde a campanha de 1989.

Talvez não tenha sido mero acidente causado por uma pegadinha jornalística. Lula, o próprio admite, não é mais o mesmo, e Stedile não tem gostado de seu novo discurso. "Evidentemente que não é um discurso de defesa de um programa de esquerda ou das necessárias mudanças radicais de que nossa sociedade precisa. É um discurso de centro, no espectro ideológico", afirma.

Para um movimento que prega a radicalidade, "discurso de centro" é quase palavrão. O líder dos sem-terra assiste inquieto a aproximação de Lula a políticos como os peemedebistas José Sarney e Orestes Quércia e com o liberal José Alencar. "Esse tipo de aliança feriu a tradição de esquerda e a coerência do partido", critica.

Stedile continua a ser um defensor do não-pagamento da dívida externa e da dívida interna, mas também mudou. Incluiu nas aulas da militância do MST textos do deputado federal Antonio Delfim Netto (PPB), ex-czar da economia no regime militar, a quem elogia por fazer, "melhor que os economistas do PT", análises agudas da política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso. "Veja a quem ponto chegamos: a esquerda tem que usar os economistas de direita para fazer uma crítica contundente ao modelo." A seguir, trechos da entrevista que concedeu à Folha, por meio de correio eletrônico.

Folha - Os discursos dos candidatos estão cada vez mais parecidos, inclusive na questão da reforma agrária. Há uma proposta melhor ou pior para a questão da terra?
João Pedro Stedile - De fato, a diferença entre eles é muito pequena. E as semelhanças se devem ao fato de que o clima da campanha não levou a um debate das verdadeiras causas dos problemas brasileiros. Assim, na reforma agraria, todos preferiram apontar soluções paliativas para a pobreza, sem enfrentar com clareza que a sociedade brasileira, para ser democrática, precisa eliminar o latifúndio, ou seja, a concentração da propriedade da terra.

Folha - A inclusão da reforma agrária na agenda eleitoral é fruto dos movimentos sociais ou a uma ação exclusiva de marketing?
Stedile - Nossa preocupação não é com o discurso dos candidatos. É com as forças sociais que cada um representa. É evidente que o Serra representa a continuidade desse modelo perverso que está aí. O Ciro, forças que querem pequenas mudanças e no essencial manter igual. O Garotinho não conseguiu articular em torno de si forças sociais representativas. O único candidato que representa as força sociais que querem mudanças reais neste país é o Lula.

Folha - Como o sr. avalia o atual discurso moderado de Lula?
Stedile - O Lula está fazendo um discurso dentro dos paramentos de uma campanha eleitoral. Evidentemente que não é um discurso de defesa de um programa de esquerda ou das necessárias mudanças radicais que nossa sociedade precisa. É um discurso de centro, no espectro ideológico. Mas, como disse antes, o mais importante não é o discurso. O mais importante são as forças sociais que se aglutinam em torno deste ou daquele candidato. E a candidatura Lula tem o símbolo da mudança. Vou votar no Lula e, embora não haja deliberações de congressos ou instâncias, toda nossa militância social, tanto do MST, como dos demais movimentos da Via Campesina, está engajada na campanha de Lula.

Folha - O que o sr. achou das alianças do PT com o PL e com políticos como José Sarney, Orestes Quércia, Luiz Antônio de Medeiros?
Stedile - Isso é uma questão eleitoral do PT. Nós do MST já temos problemas suficientes para nos envolvermos nos problemas dos outros, embora, como militante, a gente saiba que esse tipo de aliança feriu a tradição de esquerda e a coerência do partido. Certamente ela terá consequências positivas e negativas. Mas só a história dirá qual foi vitoriosa.

Folha - Por que o MST não está fazendo campanha aberta para o Lula? Houve a negociação de um pacto para suspender as invasões para não prejudicar o petista?
Stedile - A cada dois anos, no período eleitoral, todas as lutas sociais se arrefecem. Não só no campo, mas na cidade também. A diminuição de ocupações de terra nesse período não é típico de 2002 nem de qualquer acordo. E ocupações de terra não acontecem por vontades de dirigentes. Acontecem pela conjuntura e correlação de forças de cada local.

Folha - Lula já deu a seguinte declaração: "Se o companheiro João Pedro Stedile repetir na campanha de 2002 o que disse em 1998, não estará me ajudando. Ele disse: "Se o companheiro Lula ganhar as eleições, não estarei na posse dele, porque estarei ocupando todas as terras do Brasil". Ele não ajudou." Onde o senhor vai estar no dia 1º de janeiro, se Lula ganhar as eleições?
Stedile - Essa expressão que usei não foi no sentido de bravata ou de desafiar um futuro governo Lula. Foi no sentido pedagógico de defender e esclarecer para nossa militância e todo povo sofrido que não basta eleger um novo governo. É necessár io que o povo se organize e lute por mudança sociais. Nenhum governo, vai fazer mudanças sociais apenas por vontade própria.

Folha - Em junho, o PT aprovou documento do qual constava o objetivo de assentar 500 mil famílias em quatro anos. Para evitar polêmica, retirou a menção. Em 94, a promessa de Lula era assentar 800 mil famílias. Em 1998, 1 milhão. Como o sr. vê esse recuo?
Stedile - Isso não é recuo. Isso são apenas formas diferenciadas de quantificar ou não metas no programa. De novo, para nós, pouco importa o que está escrito nos programas. No Brasil, programas eleitorais são meros exercícios de retórica política.

Folha - Se a eleição fosse hoje, Lula venceria. O sr. reafirmaria o seguinte recado que mandou em um seminário internacional aos investidores estrangeiros: "Não venham para o Brasil, porque vocês vão perder dinheiro. Mais cedo ou mais tarde, vamos recuperar a soberania nacional"?
Stedile - Isso não é um recado, é uma tese. O Brasil deve ter um governo que repudie a entrada de capital estrangeiro especulativo e que vem aqui apenas comprar nossas empresas (para pegar o lucro), aplicar na Bolsa e viver de juros. Devemos aceitar o capital estrangeiro quando vier aqui aplicar na produção e se comprometer a reaplicar o lucro no Brasil. Que os capitais especulativos vão perder dinheiro eles sabem pela lógica do mercado. Não precisam ser ameaçados por mim.

Folha - O sr. disse a seguinte frase: "Para ser justo, as críticas do Delfim nos ajudam mais do que o próprio PT tem ajudado". O sr. poderia explicá-la?
Stedile - O que disse foi que ultimamente o economista Delfim Netto estava sendo mais crítico do modelo agrícola e seus efeitos perversos para a sociedade brasileira do que alguns economistas do PT. E continuo com a mesma opinião. O último ensaio que o professor Delfim Netto fez sobre o modelo econômico de FHC é uma análise contundente, com uma impressionante clareza. Estamos usando esse texto como estudo na nossa militância para entender por que o modelo econômico implantado pelo governo FHC está falido. Ele prova, com números e análises, como o governo subserviente de FHC colocou a economia brasileira em um beco sem saída. A vulnerabilidade externa nos obriga agora a enviar por exterior US$ 1 bilhão por semana. Prova como em oito anos o Brasil virou exportador de capitais. Veja a quem ponto chegamos: a esquerda tem que usar os economistas de direita para fazer uma crítica contundente ao modelo. Digo isso como economista-aprendiz.

Folha - No plebiscito de 2000, o sr. defendeu o não-pagamento da dívida externa e já se disse favorável à limitação do pagamento dos juros da dívida interna. Como economista, o sr. pode explicar sua posição sobre esses temas?
Stedile - A dívida externa não é uma questão moral: quem deve, paga. A dívida externa é um mecanismo que o capital internacional criou para explorar os países do Terceiro Mundo. No período colonial, nos exploravam roubando nossos recursos naturais. No século 20, nos exploraram vindo aqui com suas fábricas explorar nossa mão-de-obra.
No tocante à dívida interna, é quase igual. O Orçamento da União está refém dos bancos. O governo usa US$ 140 bilhões por ano apenas para pagar juros. É preciso acabar com isso. Como? Existem muitas formas. Mas é preciso que se discuta isso. O que todos os economistas sérios estão dizendo é que se não resolvermos esses dois gargalos estruturais, o Brasil será a nova Argentina, logo aí no primeiro semestre de 2003. Aguardem.

Folha - O MST está na organização do plebiscito sobre a Alca. Em que isso pode mudar a negociação?
Stedile - A Alca não é um acordo comercial qualquer, ou bilateral, que vai trazer benefícios aos dois lados. A Alca é um plano estratégico das 200 maiores corporações norte-americanas e do governo dos EUA para tomarem conta de nossas riquezas. É preciso dizer ao governo norte-americano: não queremos a Alca. E pronto.

Folha - O sr. admite que há poucos negros no MST e atribui o fato à formação agrária brasileira. Não é um reforço à segregação racial?
Stedile - O MST se orgulha de ser um movimento que tem contribuído para resgatar a cidadania e as oportunidades para os pobres que são também negros. Mas infelizmente as elites brasileiras condenaram historicamente a população negra à exclusão. Primeiro foram os 400 anos de escravidão e, depois, com a Lei de Terras de 1850, evitaram que os escravos libertos se transformassem em camponeses. E por isso a maior parte teve que migrar das fazendas para as cidades portuárias. Daí que temos uma pequena parcela de população negra entre os camponeses sem terra.

Folha - A Folha publicou uma série de reportagens sobre irregularidades apontadas pelo Ministério Público no financiamento de cooperativas ligadas ao MST, incluindo a cobrança de pedágios. Por que ninguém foi punido?
Stedile - A Folha se prestou ao jogo de propaganda do governo FHC. Os sem-terra não se mobilizam por ideologia, mobilizam-se por necessidades sociais. Cada vez que fizemos mobilizações nacionais, o governo FHC, em vez de resolver os problemas, adotava mecanismos de propaganda, de uso dos meios de comunicação para tentar derrotar politicamente o MST. Numa dessas mobilizações, inventou essa de pedágio, de desvio de cooperativas. Apesar dos inúmeros inquéritos, não tenho notícias de que algum virou processo, porque, de fato, não houve desvio de dinheiro público. É claro que nossas cooperativas, como aliás a maioria, mesmo dos fazendeiros, sempre têm problemas administrativos. E isso se procura corrigir.


Candidatos permanecem estáveis em levantamento
Lula, Serra e Garotinho oscilam um ponto para cima, e Ciro, um ponto para baixo

O último rastreamento feito pelo Datafolha entre os eleitores que dispõem de telefone fixo em casa não mostrou oscilações fora da margem de erro. Entre os candidatos, só Ciro Gomes (PPS) oscilou um ponto para baixo, passando de 15% para 14%. Seus três principais adversários oscilaram um ponto para cima. Os outros presidenciáveis não se moveram.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou de 40% para 41%, enquanto o tucano José Serra foi de 23% para 24%. Anthony Garotinho (PSB) variou de 10% para 11%. Os resultados se referem à "média móvel" das duas últimas pesquisas. A sua margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

O conhecimento do número correto dos candidatos oscilou positivamente, de 44% para 46%. Entre os eleitores de Lula, a taxa de conhecimento do número alcança 60%. Em seguida aparece Anthony Garotinho, com 48%, seguido de Ciro Gomes, com 46%, e José Serra, com 40%.

O rastreamento é a série de pesquisas feitas por telefone pelo Datafolha nos dias seguintes às exibições dos programas dos presidenciáveis no horário eleitoral na TV.

Seu resultado representa a opinião de um segmento específico do eleitorado: os cerca de 54% que têm telefone fixo em casa. É uma parcela com mais renda e escolaridade do que a média nacional e mais concentrada no Sudeste.

Por isso seus números não podem ser comparados aos de pesquisas tradicionais, cujas amostras representam 100% do eleitorado. Na última pesquisa feita pelo Datafolha, na segunda-feira passada, Lula tinha 40%, Serra, 21%, Ciro, 15% e Garotinho, 14%.


Serra acusa o PT de "requentar" acusações
Tucano diz que o partido municia o procurador Luiz Francisco, que moverá ação contra empresários ligados a ele

O presidenciável do PSDB, José Serra, culpa o PT por acusações contra ele divulgadas no fim de semana. Serra acusa o partido de "requentar" casos supostamente já esclarecidos, com o objetivo de permitir sua utilização no horário eleitoral no rádio e na TV.

Serra diz que pretende discutir programas com o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, mas declara que o PT "baixou o nível". Afirma que sua intenç ão ainda é a mesma, mas que pode mudar de idéia se a sigla enveredar pelo caminho do denuncismo.

No sábado, a Folha publicou uma reportagem segundo a qual Serra omitiu a propriedade de uma empresa em suas declarações à Justiça Eleitoral nas eleições de 1994, 1996 e 2002. O tucano afirma que declarou à Receita Federal, que seria o importante.

Na última sexta-feira, o procurador Luiz Francisco de Souza anunciou que moverá ação por improbidade administrativa contra dois empresários, Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregorio Marin Preciado. O primeiro já arrecadou fundos para campanhas de José Serra, e Marin é casado com uma prima do candidato tucano.
Ricardo Sérgio era diretor do Banco do Brasil quando a instituição aprovou "operações heterodoxas" e "atípicas", nas palavras de documentos internos, que favoreceram empresas de Marin. O nome de Serra deve ser citado na ação do procurador. O tucano acusa o PT de instrumentar o procurador, ex-militante filiado à sigla. Luiz Francisco diz que não se trata de uma ação política.

A três semanas da eleição, Serra vislumbra o dedo de adversários e inimigos políticos em ações contra sua campanha. Ele diz ter recolhido indícios suficientes de que sua vida e a de seus familiares foram investigadas por detetives contratados por esses inimigos.

No horário eleitoral na TV e no site do candidato na internet, um anúncio diz que "está sendo montada uma farsa em forma de denúncia" contra o tucano, para ser usada no horário eleitoral e que a campanha tentará impedir "que aventureiros venham a fazer uso eleitoreiro dessa farsa".

Embora Serra diga que pretende fazer um debate de alto nível com Lula, a campanha do tucano prepara o "desmonte" do candidato do PT, uma operação parecida com a que foi desencadeada contra Ciro Gomes (PPS) no horário eleitoral gratuito.

A idéia é mostrar Lula antes e depois, ou seja, alinhar as supostas incoerências do petista. Uma linha que já é seguida no site do tucano: "Aos sem-terra do MST [Lula] pede calma, pois tudo tem de ser feito para se ganhar as eleições; e aos criadores de zebu, acalma-os, assumindo o compromisso de "segurar o MST". E assim vai a campanha petista", dizia ontem.

PFL
Na noite de anteontem, o tucano recebeu o apoio de parte do PFL de Minas, que apoiava Ciro. Alguns setores do PPS mineiro também ensaiam uma aproximação. Favorito para ganhar a eleição para o governo do Estado, o deputado federal Aécio Neves (PSDB) aproveitou a viagem do candidato ao sudoeste mineiro para corrigir uma gafe.

Na semana passada, Aécio havia chamado Lula de "presidente", ato falho que logo tentou remediar, completando a expressão com um "do PT". Num comício em Passos, Aécio fez questão de chamar o candidato tucano de "presidente José Serra do Brasil". Fez isso mais de uma vez.

Em São Sebastião do Paraíso, numa cooperativa de produtos de café, Serra lançou dois programas de governo: "Leite para todos" e "A nova marcha do café". Segundo o programa, o leite "passará a fazer parte da política de preços mínimos" do governo federal.

Serra também prometeu uma política de garantia de preços mínimos para a cafeicultura, fortalecer o Conselho Deliberativo de Política Cafeeira e "partir para o ataque no front comercial".

Em um comício em Capelinha (MG), ainda ao lado de Serra, Aécio aproveitou para criticar o PT: "O trabalho dessa gente [do Vale do Jequitinhonha, a região mais pobre do Estado" demonstra que este não é o vale da miséria, como dizem alguns candidatos. Este é o vale do trabalho", disse, referindo-se veladamente a Lula.
E Serra completou: "Há um candidato que tem apresentado esta região como o vale da miséria. Não é vale da miséria, não. É vale do trabalho e da esperança".


Datilógrafa hesita entre Lula e Serra
Eveline Varela, 56, datilógrafa, está em dúvida se vota em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou em José Serra (PSDB) para presidente. Votará em Rosinha Matheus (PSB) para o governo do Rio de Janeiro, porque diz acreditar que ela pode "fazer mais do que o marido [Anthony Garotinho] fez": "Ele ainda tem muito o que aprender. Para pegar o Brasil, não basta ter sido governador". O voto em Serra, se vier, será pelo seu trabalho como ministro de FHC: "Na Saúde, ele fez muita coisa boa". Se votar em Lula, "é para mudar". "A gente sempre quer que mude", afirmou.


No Dia do Perdão, Ciro ataca Serra, Lula e o presidente
Candidato do PPS participa de cerimônia judaica em São Paulo ao lado do governador Geraldo Alckmin

O dia era do perdão, mas o candidato do PPS, Ciro Gomes, mesmo afirmando não "cultivar ódios", aproveitou ontem a oportunidade para novamente atacar seus principais adversários na disputa pela Presidência.

"Sou candidato porque acho que o Brasil precisa mudar. Ninguém aguenta ficar aí, e o [José] Serra (PSDB) é a continuidade piorada do que está aí. De outro lado, o [Luiz Inácio Lula da Silva] Lula (PT) vai precipitar o Brasil em uma experiência que talvez não dê em boa coisa. Portanto é necessário construir uma alternativa de oposição capaz de dar ao país a mudança segura de que precisamos", declarou.

A afirmação foi feita após cerimônia em comemoração ao Yom Kipur, o Dia do Perdão judaico, realizada na Congregação Israelita Paulista, em São Paulo.

"O que preciso é identificar para o povo que temos um caminho de mudança que acaba com esse projeto que destruiu nossos empregos, nossa soberania, que projetou o nível de corrupção que o país não conhece, sem que essa mudança signifique um precipício, uma aventura, uma experiência", completou o candidato.
O presidente Fernando Henrique Cardoso também foi alvo direto das críticas de Ciro.

Questionado sobre a posição do Brasil quanto ao tratado de não-proliferação de armas, o pepessista se referiu ao presidente como responsável por um comportamento "vassalo" em relação aos Estados Unidos.

Além do presidenciável e de sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, participaram do evento o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição pelo PSDB, o senador Romeu Tuma (PFL), e o presidente do PSDB e candidato ao Senado, deputado José Aníbal.

Aníbal tem sido um dos principais encarregados de rebater as críticas feitas pelo ex-governador do Ceará a Serra. Segundo a assessoria do presidenciável do PPS, Ciro e o deputado tucano chegaram a se cruzar durante o evento, mas não se cumprimentaram.

O oposto aconteceu com Alckmin, com quem o ex-governador teria conversado, conforme assessores do pepessista, por cerca de cinco minutos, antes de se sentarem um próximo ao outro.

Pecados
Apesar dos ataques, o candidato fez questão de ressaltar a importância da cerimônia. "Não guardo mágoa de ninguém nem cultivo ódio nenhum. Me deu sensação muito agradável de participar disso aqui. É bom que a gente possa, em um momento que seja da luta, parar um pouco e olhar para dentro de si próprio, que é o sentido do Yom Kipur", disse, após cerca de três horas de celebração.

Afirmou ainda não ter a quem perdoar, mas ter do que pedir perdão. "Não guardo ódio para ter que perdoar ninguém. Vivo olhando para frente. Mas sempre peço perdão pelos meus pecados." E quais seriam eles? "Não é da sua conta. Querem agora saber até dos meus pecados?"


Garotinho diz que tucano pensa estar acima da lei e vai ao TSE
O PSB entrou ontem com uma reclamação junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra o descumprimento da liminar expedida na última sexta-feira proibindo o PSDB de transmitir, na propaganda eleitoral gratuita no rádio, pelo menos duas inserções consideradas ofensivas ao presidenciável Anthony Garotinho.

"O candidato [José Serra] está se considerando acima da lei. Ou o TSE toma uma medida enérgica contra esse candidato ou o processo eleitoral estará contaminado", d isse o candidato ontem, no Rio, depois de passar o dia gravando para o horário eleitoral.

O comando da campanha de Garotinho acredita que a atitude da coordenação da campanha do tucano José Serra seria uma reação ao recente avanço do candidato nas pesquisas eleitorais.

O candidato do PSB disse que pesquisas feitas pelo partido mostram que ele já teria ultrapassado Ciro e estaria se aproximando do tucano em vários Estados: "Dependendo da região, nossa diferença é de 1 ou 2 pontos percentuais [em relação a Serra]", disse.

Desde o dia 12, o PSDB vem veiculando no rádio pelo menos duas inserções com críticas ao candidato do PSB: uma afirma que Garotinho "maquiou" dados da segurança no Rio, e outra acusa o ex-governador de "culpado" pela rebelião no presídio estadual Bangu 1, na semana passada.

Na sexta à noite, o ministro do TSE, Caputo Bastos, havia proibido a veiculação da inserção do PSDB. O PSB também havia pedido direito de resposta, mas o pedido só deve ser examinado hoje.

Por conta da desobediência do PSDB à decisão do TSE, o PSB está pedindo direito de resposta em dobro nas inserções tucanas. O partido teria enviado ao TSE uma fita gravada ontem, com uma inserção do PSDB proibida que foi veiculada pela rádio Tupi, do Rio.


Artigos

Beira-Mar, crime e revolução
Vinicius Torres Freire

SÃO PAULO - "Um dia, o morro desce." A frase é familiar para quem viveu no Rio ou conheceu a cidade dos anos 60 aos 70. Era a expressão de uma vaga consciência culpada de elite ou de "nonchalance" cínica, decadente, um espírito de "últimos dias de paupéria". Mas a todos parecia previsível alguma revolta popular, que, pensava-se ingenuamente, poderia até tomar a forma de revolução.

"O morro" (favelas e cortiços de qualquer cidade) desceu, em especial a partir dos anos 80. Mas, como os tempos eram de individualismo e privatização, o "morro" pediu passagem na forma da empresa criminosa do tráfico, do empreendedorismo da microempresa do seqüestro, do bico do assalto no sinal de trânsito.
"Sempre digo que, quando a vida se degrada e a esperança sai do coração dos homens, só a revolução", disse Oscar Niemeyer na Folha de sábado. O velho arquiteto comunista é um sobrevivente de corpo e espírito dos tempos em que se pensava generosamente que o Brasil seria uma civilização: onde as pessoas comem, têm vacinas, lêem livros e pensam com a própria cabeça os problemas nacionais. Um país criativo e decente.

Mas o cruel reacionarismo brasileiro, uma ditadura militar e 20 anos de crise degradaram a vida e expulsaram a esperança sem que fôssemos à revolução, de resto uma bobice.

O velho cinismo da elite ora é compartilhado pelos pobres, que em parte, ainda ínfima, foram ao crime. Quem conversa com garotos pobres percebe o quanto é comum o "niilismo de massa", a descrença sem limites no futuro, numa vida regular, a indiferença em relação à morte. Eles podem ser reconvertidos à esperança? Pior, vai haver esperança?

Isso não tem remédio tão cedo, pois foi obra de um descaso de décadas. Pensando bem, a situação talvez ainda piore. Parte do Estado (polícia, Justiça, cárceres e até governos e parlamentos têm cabeças-de-praia do crime) apodreceu e criou um caldo de cultura para Beira-Mares. E, enfim, o crime pior é contra os próprios pobres, pretos e pardos, a maioria dos trucidados e violentados em geral. O morro ainda não desceu todo.


Colunistas

PAINEL

Dose dupla
Nomes estratégicos da cúpula do PMDB para tentar fazer o próximo presidente do Congresso: Renan Calheiros (AL), num eventual governo Serra, e Sarney (AP), se o eleito for Lula.

Votos contados
O PMDB calcula obter entre 28 e 30 senadores, mais de um terço da Casa. O presidente eleito precisará negociar com o partido ou terá muitas dificuldades para obter a maioria no Senado.

Moedas de troca
O PT apoiará Sarney para a presidência do Congresso, se o PMDB votar num petista para o comando da Câmara dos Deputados. Acordo com os tucanos: Renan no Senado e Jutahy Júnior (PSDB-BA) na Câmara.

Outro horizonte
No PFL, além da queda de Ciro Gomes nas pesquisas, o partido vê candidatos a governador, tidos como "eleitos", passarem por dificuldades nos Estados.

Contas refeitas
Os pefelistas Hugo Napoleão (PI) e José Bianco (RO), tidos como imbatíveis, não estão indo tão bem nas pesquisas. O PFL previa eleger cem deputados. Agora, ficará feliz se eleger 85.

Dupla promoção
Em visita a um mercado, Paulo Maluf chamou o deputado Conte Lopes (PPB) de "meu general". Capitão da reserva da PM, Lopes gostaria de ser secretário da Segurança Pública.

Aquele abraço
Ciro voltará à Bahia para tentar recuperar o eleitorado nordestino perdido (caiu de 27% para 20% no Datafolha). Ao lado de ACM, irá a Ilhéus.

"Segundão" do Faustão
Faustão ironizou, ontem, o programa "Segunda-feira", de José Serra, apresentado por Gugu Liberato no horário eleitoral: "Em época de eleição, o pessoal está prometendo tudo. Tem gente que promete oito milhões de empregos por minuto".

Renda concentrada
Os principais candidatos à Presidência têm um patrimônio menor do que seus vices. Lula declarou ao TSE bens no valor de R$ 423 mil, contra R$ 9,6 mi do vice, José Alencar. Garotinho diz não ter bens. Seu vice, José Almeida, diz que tem R$ 1 mi.

Quem tem mais
Ciro declara possuir R$ 53,5 mil. Seu vice, Paulinho, tem R$ 120 mil. A deputada Rita Camata tem R$ 2,5 milhões em bens, quatro vezes mais do que José Serra (R$ 603 mil). Os dados são do site "Controle Público".

Tropa de choque
Lula evitará rebater ataques de Serra na TV. A missão ficará com petistas que não disputam eleição neste ano, como Marta, Antônio Palocci, Eduardo Suplicy e Fernando Pimentel.

Apoio recíproco
Sábado, numa ONG feminista, Patrícia Pillar defendeu o auto-exame para a detecção precoce de câncer de mama: "Sem o apoio de meu companheiro [Ciro Gomes], eu não teria encarado a doença tão de frente".

Frota verde
Usineiros de SP enviarão mais de 200 ônibus para festa "em homenagem" a Geraldo Alckmin (PSDB), hoje, em Sertãozinho (SP), depois da aprovação de projeto que elimina gradativamente a queima da palha de cana. A Força Sindical apóia o ato.

Pela mesma cartilha
O site de Ciro (PPS) veiculou "45 casos de corrupção do governo FHC". Diz ter sido "inspirado" em um livro. É baseado, e reproduz trechos, em cartilha da liderança do PT na Câmara Federal, distribuída em junho.

Discurso e prática
No dia em que José Dirceu, presidente do PT, disse que o partido "não teme nenhum tipo de investigação", a prefeitura petista de Belém obteve mandado de segurança contra CPI para investigar a administração local.

TIROTEIO

De Delfim Netto (PPB), sobre o centenário de JK:
- O centenário foi importante para comparar JK com os quatro presidenciáveis. A diferença entre eles é que um foi estadista, por mais que se discorde de alguns pontos de sua gestão. Os outros não passam de burocratas.

CONTRAPONTO

Primeiro plano
O candidato do PSB à Presidência da República, Anthony Garotinho, visitou Campinas (SP), na semana passada.
Ao chegar à cidade, Garotinho foi recebido pelo vereador e candidato a deputado estadual Jonas Donizette (PSB), o parlamentar mais votado em Campinas na eleição de 2000. O vereador acompanhou o presidenciável durante a visita, fazendo papel de "papagaio de pirata".
Em passeata na rua 13 de Maio, Donizette aproveitou a presença de Garotinho para distribuir "santinhos". Incomodado com o "espaçoso" candidato, um assessor de Garotinho disse:
- Por favor, candidato, você está tapando toda a imagem do governador na s câmeras de TV e dos fotógrafos.
Constrangido, Donizette afirmou:
- Minha preocupação não é aparecer. É apenas cumprimentar as pessoas.


Editorial

MORTE NA CARCERAGEM

Os tempos não são os mais propícios para a defesa dos direitos humanos. Fatos como a absoluta incapacidade do Estado de controlar até mesmo um presídio em que estão apenas 46 detentos acabam dando vazão a teses e práticas linha-dura. No âmbito das propostas de governo dos diversos candidatos, quase tudo o que se fala gira em torno do endurecimento das penas e da repressão policial. Num ambiente como esse, a justiça feita pelas próprias mãos também ganha adeptos.

Nesse turbilhão de notícias sobre violência e ousadia dos bandidos, tendem a passar despercebidos fatos como as suspeitas circunstâncias em que um detendo morreu numa carceragem da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Antônio Abreu, suspeito de ter matado um agente da PF, morreu no sábado, 7 de setembro, vítima de traumatismo craniano, após ter sido preso e recolhido à carceragem da Superintendência da PF no Rio. Abreu dera entrada na delegacia fisicamente preservado.

Na versão de policiais federais, o detento teria morrido espancado por um comparsa que estava preso na mesma carceragem. O curioso é que o comparsa em questão, além de ser fisicamente mais fraco que Abreu, estava com a perna direita engessada do tornozelo até a virilha.

O caso pede uma apuração rigorosa. Uma pessoa suspeita de matar um policial que é assassinada na carceragem da delegacia dos colegas daquele policial, mesmo que tenha sido morta por um companheiro de cela, já foi vítima de uma atrocidade. No mínimo, o dever do Estado de preservar a vida de quem está sob sua custódia -e que, no caso, era vítima em potencial de vingança policial- falhou inteiramente.

Os desígnios dos direitos humanos são perfeitamente compatíveis com os da segurança pública. A ninguém interessa uma polícia descontrolada, vingativa e que não se sente na obrigação de prestar contas de seus atos.


Topo da página



09/16/2002


Artigos Relacionados


Brasil inverte tendência e exporta mais

Brasil inverte tendência de êxodo rural, diz Suplicy

Brasil inverte tendência e exporta mais na 4ª semana de março com saldo de US$ 372 mi

Proposta de Papaléo inverte ônus da prova em processos trabalhistas

Plenário terá que decidir se inverte a pauta para votar reajuste das aposentadorias

Programa inverte lógica do Estado esperar que pobres corram atrás de ajuda, afirma Dilma