Com a crise, brasileiros no exterior enviam menos dinheiro para o país, diz embaixador



Os efeitos da crise financeira internacional têm atingido a muitos dos 3 milhões de brasileiros que vivem no exterior, especialmente em países desenvolvidos, onde a retração econômica é mais intensa. O assunto foi debatido na manhã desta quinta-feira (18) pelos senadores da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Eles ouviram o relato do embaixador Oto Agripino Maia, que responde pela Subsecretária Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior do Ministério das Relações Exteriores.

Segundo o embaixador, a redução das remessas dos brasileiros que vivem no exterior para suas famílias pode ser verificada em dados do Banco Central desde a agudização da crise financeira mundial, em outubro de 2008. Um dos dados desse impacto, disse Oto Maia, é de que houve uma queda de 37% das remessas do Japão para o Brasil, no primeiro trimestre deste ano. No caso dos Estados Unidos, os envios bancários foram reduzidos em 25%, no mesmo período. Ele citou exemplo de famílias que recebiam cerca de mil dólares por mês e passaram a receber US$ 400 de seus parentes emigrados.

Oto Maia disse que, apesar de não ter como medir com precisão essas ocorrências, é possível supor, por alguns dados, que está acontecendo desemprego entre brasileiros no estrangeiro. Ele esclareceu, porém, que os relatórios demonstram ser diferentes os impactos sobre as três grandes concentrações de emigrantes: Estados Unidos, Japão e países da Europa.

- É sintomático que a crise econômica mundial, ao gerar desemprego, está tendo um impacto claro sobre a diáspora brasileira. Mas, desde a deflagração dessa crise e desde que sentimos que podia estar havendo incidência sobre as comunidades brasileiras que habitam no exterior, passamos a monitor a situação - informou.

No caso do Japão, disse Oto Maia, os brasileiros que lá vivem têm contratos de trabalho nas fábricas, são descendentes de japoneses que emigraram para aquele país e têm etnia e cultura próxima à do Japão. Por outro lado, se a pessoa perder seu emprego, tem pouca alternativa que não o retorno ao Brasil.

Já nos Estados Unidos e na Europa existe uma maior multiplicidade de perfis de trabalhadores. Especialmente nos Estados Unidos, explicou, onde há desde brasileiros professores universitários até trabalhadores domésticos irregulares. Assim, ainda que o emigrante brasileiro perca o emprego, tem possibilidade de mudar de região e de atividade,como acontece hoje com brasileiros que viviam na Flórida e foram trabalhar no estado da Geórgia e em Nova Orleans, que são hoje grandes canteiros de obras por conta do furacão Katrina.

- Há opções, portanto, para esses grupos. Ainda que percebamos que haja uma tendência residual ao retorno, o que pode ser detectado pela venda de maior número de passagens one-way [sem retorno] e pela procura por programas de retorno voluntário, como o oferecido pela Espanha - disse Oto Maia.

Segundo o diplomata, com 3 milhões de brasileiros morando fora do país, pode-se considerar que existe uma verdadeira "diáspora brasileira", ainda que esse número não seja exato, já que muitas dessas pessoas vivem de forma irregular, vários apenas com visto de turista. A maioria deles - cerca de 1,2 milhão, conforme Oto Maia - vive nos Estados Unidos. No Japão há 315 mil brasileiros.



18/06/2009

Agência Senado


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