Com apoio do Bolsa Família mulheres mudam seus destinos



No tradicional bairro paulista da Freguesia do Ó, os sons da bateria de uma tradicional escola de samba contrastam com a solidão dos dependentes de álcool e drogas que perambulam nas ruas. Ali, há dois anos, Iolanda Aparecida da Silva, 35 anos, viveu dias e noites tenebrosos de desamparo e angústia. Nos braços, a filha Emilly, recém-nascida. No peito, o vazio da ausência dos outros quatro filhos, espalhados por lares diferentes e sofrendo as consequências da vulnerabilidade e da dependência química da mãe: três meninas – hoje com 4, 14 e 15 anos – e um garoto de 7 anos. Uma das meninas, à época com dois anos, logo seria levada para um abrigo, onde permaneceria por oito meses.    

O desejo de retomar a guarda da filha e ver a prole reunida foi o “clique” que Iolanda teve para tomar um novo rumo e tentar mudar seu destino e o das crianças. “Não quero mais essa vida”, determinou. O aviso foi dado ao pai da recém-nascida, companheiro de drogas e de noites ao relento, nas ruas paulistanas: “quero meus filhos todos comigo.” 

“Na audiência com o juiz para ter minha filha de volta, eles disseram que eu precisava primeiro conseguir um emprego e alugar uma casa”, lembra Iolanda. Era 22 de setembro de 2011. Ela procurou o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), foi inserida no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal e passou a receber o Bolsa Família e o auxílio aluguel, este último pago pelo governo estadual.  

Com ajuda da ex-sogra e avó das duas filhas mais velhas, conseguiu um emprego como doméstica, alugou uma casa, retomou a guarda da filha e colocou todos sob o mesmo teto.  “Eu não tive mãe nem pai e não quero que eles passem o que passei”, desabafa Iolanda, contendo o choro.  

Apoio

“Agradeço a Deus todos os dias por todos que me ajudaram”, comemora Iolanda, que atualmente trabalha fazendo limpeza em um supermercado. Há mais de dois anos longe das drogas e cuidando do lar e dos filhos, ela conta que o apoio dos profissionais do Cras foi muito importante. “Foi uma fase muito difícil. Passei toda a gravidez da minha filha mais nova nas ruas”. Durante o acompanhamento psicossocial, ela não precisou tomar medicamentos para se desintoxicar. “Eles foram muito bons comigo; não tenho do que reclamar não. De vez em quando eu passo lá, falo com um, com outro...”. 

Mãe solteira, ela arca sozinha com as despesas da casa e diz que a ajuda de R$ 230 que recebe do  Bolsa Família é muito importante. “Uso o dinheiro para comprar alimento e para o ônibus da escola dos meninos. Ave Maria, me ajuda muito!”, exclama. “Os meninos estão estudando, a vacinação está em dia e eu tomo injeção [de anticoncepcional]. Minha vida mudou. Eu me sinto vitoriosa”.

Filhos na escola, aumento da qualidade de vida, mais autonomia financeira, cura da dependência e aumento da autoestima são alguns impactos positivos na vida de Iolanda, impulsionados pelo Bolsa Família e pela rede de proteção social do governo federal.  Os números comprovam: a desigualdade social motivada pelo fator renda reduziu entre 15% e 20% nos últimos 10 anos. 

Na Bahia, Maria Lídia progride e ajuda outras mulheres

Em Serrinha (BA), município a cerca de 190 quilômetros de Salvador, 20 mulheres se reúnem em um ateliê improvisado para costurar, discutir os problemas da comunidade e obter uma renda a mais com as peças de artesanato. Entre uma conversa e outra, colchas, almofadas e toalhas coloridas embelezam o espaço e animam o espírito daquelas mulheres batalhadoras. Maria Lídia Santana, 47 anos, é uma delas.  Beneficiária do Bolsa Família, é muito popular em Serrinha e no povoado rural de Campo Redondo, principalmente por sua capacidade de mobilização.

Com o ensino fundamental completo, Maria Lídia fez curso de elaboração de projetos e de corte e costura no Centro de Qualificação Profissional do município e conseguiu que a prefeitura levasse a capacitação para outras 20 mulheres. “Hoje temos três máquinas de costura compradas com dinheiro doado e a gente vende as peças de artesanato até para a Itália”, orgulha-se. 

Os pontos de bordado capitonê e vagonite encantam as clientes pelo detalhamento e criatividade. Uma almofada pode tomar a forma de um coração. A colcha pode trazer quadrados, triângulos e retângulos numa simetria de dar inveja a qualquer um.  “A gente se reúne toda terça e quinta-feira”, explica Maria Lídia. “Nosso objetivo é crescer”.  

Enquanto isso, a ajuda do Bolsa Família  funciona como uma segurança. “Agora apareceu um problema no meu joelho e meu marido está desempregado. Por isso, estou arcando com tudo. O dinheiro do governo ajuda a comprar medicamento, alimentação e material escolar para meu neto”, explica. Com a força de mobilização que tem, Maria Lídia deseja montar uma cooperativa e não precisar mais do Bolsa Família para sobreviver. “Esse é meu sonho”, suspira.   

Fonte:
Bolsa Família 10 anos



30/10/2013 07:25


Artigos Relacionados


Projetos que mudam regras do Bolsa Família levam a troca de acusações na CAS

Mulheres representam 93% da titularidade do Bolsa Família

Mulheres correspondem a 93% dos titulares do Bolsa Família

Mulheres chefiam 93% das famílias atendidas pelo Bolsa Família

Aprovado retorno do nome do Programa Bolsa Família para Bolsa Escola

Gasto com publicidade daria para atender 27 milhões de família no Bolsa-Família, diz Alvaro Dias