Com bolo e foguete, PDT lança Brizola ao Planalto







Com bolo e foguete, PDT lança Brizola ao Planalto
Militantes festejam os 80 anos do líder e aproveitaram para distribuir manifesto favorável à candidatura do pedetista

Os pedetistas de todo país lançaram ontem um manifesto intitulado: “Brizola, pelo Brasil e para os brasileiros” indicando o ex-governador Leonel Brizola como candidato à Presidência da República. Só resta saber se Brizola aceitará. O deputado Vieira da Cunha, muito ligado ao ex-governador, acredita na possibilidade. “Brizola, há algum tempo, estava negando que poderia ser candidato. Mas, agora, está silencioso. Mas, agora, está silencioso. Acho que ele foi ao Uruguai refletir sobre esse assunto. Brizola está sensível aos apelos e pode concorrer”, afirmou Vieira.


O presidente recebe seu crítico mais feroz: Lula
Fernando Henrique Cardoso passou o dia de ontem avaliando a crise e ouvindo sugestões para o pacote contra a violência.

O início do encontro, ontem, do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente Fernando Henrique Cardoso foi marcado pelo constrangimento. Sentados no canto da mesa de reuniões do gabinete presidencial, eles só se cumprimentaram por insistência de fotógrafos e cinegrafistas, com alguma relutância, assim mesmo sem olhar um para o outro.

Lula chegou ao Palácio do Planalto acompanhado de seis batedores e dois carros da Polícia Militar do Distrito Federal, que conduziram seu carro para a rampa do Palácio do Planalto, só utilizada em ocasiões especiais, como recepções a chefes de Estado estrangeiros.

Lula desceu do carro e ficou sem saber para onde ir, até que três seguranças chegaram correndo, esbaforidos, para indicar-lhe o caminho. Ele teria de dar a volta no lago que protege a frente do palácio e pegar uma entrada lateral da calçada, que o levaria à porta da frente.

A chegada do petista provocou um tumulto raramente visto no palácio. Policiais militares, seguranças, fotógrafos e cinegrafistas se empurravam de tal forma em torno do candidato no percurso do pé da rampa até o elevador, que de vez em quando ele era obrigado a parar e esperar que abrissem caminho.

Lula chegou ao Palácio acompanhado do presidente do PT, José Dirceu, em um Santana prata com a estrela do partido. Quatro batedores e dois carros da PM vieram abrindo caminho para seu carro desde o aeroporto.


FHC desistiu da proibição
O presidente Fernando Henrique Cardoso desistiu de proibir a venda de celulares pré-pagos no país, apontados por ele, de manhã , como "instrumento do crime”. A medida, planejada para inibir a onda de seqüestros, foi descartada por motivos econômicos e por ser considerada impopular: os pré-pagos dominam o mercado de telefonia móvel do país e popularizaram o produto entre jovens e as classes sociais mais baixas.

Em reunião no Palácio do Planalto para discutir a viabilidade da proposta apresentada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o governo decidiu estudar a alternativa de cadastrar os donos de celulares pré-pagos. Quem já tem esses aparelhos seria chamado a se identificar. Participaram da reunião com FHC, o presidente da Anatel, Renato Guerreiro, e os ministro da justiça, Aloysio Nunes Ferreira, e das Comunicações, Pimenta da Veiga, além da secretária nacional de justiça, Elizabeth Sussekind. “A proibição da venda está completamente descartada", relatou a secretária.

O ministro Pimenta da Veiga levou à reunião argumentos contrários à proibição. Segundo o ministro, a decisão prejudicaria o sistema de telefonia celular e traria prejuízos para as operadoras e para a sociedade. "Quem comete um ato como seqüestro pode furtar um celular comum e usá-lo", argumentou.


Lágrimas marcam posse do vice de Celso Daniel
A polícia ainda não tem pista sobre os seqüestradores e assassinos do prefeito. Um dos carros foi encontrado ontem

João Avamileno é o novo prefeito de Santo André. Ele, que era vice do prefeito morto, Celso Daniel, tomou posse na manhã de ontem. Quando foi chamado para compor a mesa, Avamileno foi aplaudido de pé pelos vereadores da cidade, prefeitos de outros municípios do ABC c toda a população que lotou o plenário da Câmara Municipal da cidade.

O novo prefeito chorou por quase um minuto sem parar. Durante a posse foi feito um minuto de silêncio em memória de Celso Daniel.

O primeiro ato de Avamileno como chefe do Executivo foi a mudança do nome do principal parque da cidade, o Duque de Caxias, para Parque Celso Daniel.
Celso Daniel foi encontrado morto na manhã de domingo. Ele fora seqüestrado na noite de sexta-feira, logo após sair de uma churrascaria no bairro de jardins, em São Paulo. A descoberta foi feita a partir de uma denúncia anônima de que um corpo estaria na Estrada das Cachoeiras, no Bairro do Carmo, próximo à rodovia Régis Bittencourt, em Juquitiba, São Paulo.


Segurança reforçada na capital durante o Fórum
850 PMs, além dos dois mil brigadianos que patrulham as ruas da cidade, vão estar trabalhando no Fórum Social Mundial.

A chegada dos representantes de 150 países para o 2º Fórum Social Mundial deflagra a operação de segurança armada para o evento. A Brigada Militar prevê um reforço no efetivo da capital em 42,5%. Ontem, o Alto Comissariado da ONU confirmou o nome de seu representante no Fórum. A data da chegada da comissária de Direitos Humanos, Mary Robinson, no entanto, ainda não foi divulgada.

Conforme o comandante do policiamento Metropolitano, coronel Ilson Pinto de oliveira, 850 homens, além dos dois mil brigadianos que circulam por dia na capital, estarão patrulhando as ruas. Algumas férias foram suprimidas e teremos reforço de 82 homens vindos do interior do Estado, afirmou. Oliveira disse que a morte do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, gerou "preocupação, mas essa operação de segurança já era prevista para o evento”. O prefeito será homenageado no Fórum de Autoridades Locais. Daniel iria integrar uma oficina do evento, que ocorre paralelamente ao Fórum, no dia 29.


Editorial

VIOLÊNCIA IMPUNE

A falta de uma política nacional de segurança pública ficou evidenciada com o seqüestro e assassinato do prefeito de Santo André , Celso Daniel (PT). Governantes de diversos escalões fizeram declarações indignadas, reafirmando a prioridade no combate ao crime.

Infelizmente, os números desmentem o discurso. Nos últimos quatro anos, o gasto real em segurança, no Brasil, ficou muito abaixo do que estava previsto no Orçamento. Em 2001, por exemplo, a União gastou menos de 60% do orçamento para segurança.

Em algumas áreas, a redução foi ainda mais drástica: para o combate a quadrilhas de seqüestradores, narcotraficantes e comércio ilegal de armamentos, por exemplo, o governo federal gastou no ano passado menos de 20% dos R$ 8,1 milhões previstos.

O país vive uma crise de autoridade pública. O banditismo avança, o crime e a contravenção ocupam setores das grandes áreas metropolitanas, num desafio aberto à autoridade.

Essa se expressa pela presença do policiamento nas ruas, dando efetivo combate à violência. Sem ações para cercear a atuação das quadrilhas, o país está perdendo a batalha contra o crime.

Exemplos estão na forma desenfreada como acontecem os seqüestros em São Paulo e nos desafios dos marginais às autoridades policiais no Rio de janeiro, onde o crime organizado coloca seu nome em néon, no alto dos morros. Mas, como disse Millôr Fernandes, "não existe crime organizado. Existe polícia desorganizada".

Enquanto as autoridades derem respostas tímidas e ineficazes, o banditismo continuará determinando seqüestros e execuções, sem que a sociedade tenha chance de d efesa.


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01/23/2002


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