Comissão de Assuntos Econômicos aprova indicação de economista para diretoria do Banco Central
Em sua exposição inicial, Beny Parnes disse que um dos grandes desafios do Brasil é aumentar suas taxas de crescimento de forma sustentável a longo prazo, para criar empregos e gerar recursos para serem aplicados nas áreas sociais, principalmente saúde e educação. Ele acrescentou que uma pré-condição para o esse crescimento sustentável é a previsibilidade econômica.
- Cabe ao Banco Central um papel crucial, pois sua missão é zelar pela preservação do poder de compra da moeda nacional e pela solidez do sistema financeiro. A persistência na manutenção da estabilidade monetária e do equilíbrio fiscal, a transparência, o respeito aos contratos e obrigações, são, portanto, pré-condições para o crescimento sustentado - afirmou Beny Parnes.
O currículo apresentado aos senadores informa que Parnes foi gerente de operações do Banco Matrix, entre 1994 e 1995, quando ingressou como sócio-gerente de desenvolvimento de produtos no Banco BBM, no qual ocupa atualmente também a direção da área de análise de crédito. Cumpriu os créditos do programa de mestrado em Economia da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), sem no entanto apresentar tese. Também não apresentou tese para o doutorado na Pennsylvania, que freqüentou com bolsa de estudos do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), entre 1987 e 1990. Nascido no Rio de Janeiro, é casado e tem inglês fluente. Fala hebraico apenas razoavelmente.
O relator de sua indicação, senador Bello Parga (PFL-MA), questionou se as taxas de juros altas são, necessariamente, inibidoras do desenvolvimento sustentável de um país. O economista respondeu que, em curto prazo, sim. Mas, como os juros altos têm como objetivo manter a estabilidade econômica e monetária, seriam necessários para manter as metas de inflação.
A questão da autonomia do Banco Central, com mandatos para a diretoria da instituição, foi abordada por vários senadores. Ao responder ao senador Jefferson Péres (PDT-AM), Beny Parnes manifestou-se favoravelmente à autonomia, considerando que a sociedade fixaria as metas de inflação e o BC apenas trabalharia para alcançá-las.
Contrário à autonomia do Banco Central, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) exemplificou que uma vitória da oposição na próxima eleição presidencial traria um difícil relacionamento com um Banco Central dirigido por uma diretoria escolhida pelo governo atual. Por outros motivos, o senador Pedro Piva (PSDB-SP) também manifestou-se contra. Ele exemplificou que, se o sistema de mandatos existisse há alguns anos, o Banco Central seria comandado ainda por Gustavo Franco.
- Ele provavelmente continuaria insistindo em manter o dólar valendo 80 centavos de real e o Brasil já teria quebrado - afirmou o parlamentar por São Paulo.
O senador Romero Jucá (PSDB-RR) lembrou que o governo ainda não enviou ao Congresso nenhum projeto sobre autonomia do Banco Central, sendo por isso precipitada a discussão. O senador José Fogaça (PPS-RS) disse que provavelmente o governo enviará uma Lei de Responsabilidade Monetária, e não apenas um projeto de autonomia do BC.
- A lei transformaria o Banco Central realmente no guardião da estabilidade de nossa moeda - explicou.
O senador Francelino Pereira (PFL-MG) desejou que o economista desempenhe com competência a missão para o qual foi indicado. O senador Antonio Carlos Júnior (PFL-BA) perguntou se a moratória decretada pelo país em 1987 ainda reflete atualmente. Beny Parnes disse que mesmo os países que deixaram de pagar suas dívidas na década de 30 ainda sofriam seqüelas do calote quarenta anos depois.
- Um dos nossos maiores esforços deve ser manter a nossa credibilidade, até porque vamos continuar pagando pelos os erros do passado - completou o indicado.
04/12/2001
Agência Senado
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