CAE aprova indicação de Mario Torós para diretoria do Banco Central



O economista Mario Gomes Torós, que teve sua indicação para a diretoria do Banco Central (BC) aprovada nesta terça-feira (23) pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), por 24 votos favoráveis e três contrários, defendeu na sessão de sabatina com o senadores a continuidade da política de intervenção da instituição no mercado de câmbio, por meio de operações de compra para reforçar as reservas em dólar.

- O país passou ao largo das recentes crises no mercado internacional e o colchão de reservas que a gente tem contribuiu fortemente para que isso ocorresse - argumentou.

Vários senadores manifestaram preocupação com a valorização do câmbio, a que se atribui dificuldades vividas atualmente por segmentos exportadores. Francisco Dornelles (PP-RJ) disse que está começando a ter receio da linha da política cambial, pois, ao mesmo tempo que a acumulação de reservas fortalece a imagem do país no exterior, essa melhoria estimula a entrada de mais recursos externos e, em conseqüência, a apreciação do real.

Torós reforçou a defesa do regime de livre flutuação, ressaltando que o BC deve intervir no mercado seja para reforçar as reservas ou sempre que a volatibilidade ou falta de liquidez do mercado indicarem essa necessidade. Para ele, os ganhos do câmbio flutuante compensam largamente os custos de carregamento das reservas internacionais.

Juros

Torós foi por diversas vezes questionando sobre sua visão em relação à política monetária, inclusive sendo cobrado a antecipar se, nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), daria apoio a uma redução mais rápida na taxa Selic (juros básicos da economia) - reduzida na última rodada em 0,25 ponto percentual, para 12,50% ao ano. Cuidadoso nas respostas, o indicado disse os bancos centrais são dependentes dos dados da conjuntura, mas ressalvou que o país não está "condenado" a conviver com altas taxas de juros, "por pavor" ao passado de muita inflação.

- Estamos fazendo a travessia para a estabilização, mas devemos fazer isso [baixar os juros] para que os ganhos dos últimos tempos se consolidem - disse.

Tóros foi designado por mensagem presidencial (MSF 69/07) para substituir no BC Rodrigo Telles da Rocha Azevedo, atual titular da Diretoria de Política Monetária. Economista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele trabalhou por 15 anos no Banco Santander, em São Paulo e Londres. Até julho de 2006, respondia pela vice-presidência desse banco, responsável pela área de Tesouraria e Mercados.

Melhoria dos indicadores

O indicado destacou a melhora dos indicadores econômicos do país nos últimos anos, a começar pela queda da inflação, passando pela melhoria do nível de emprego e da massa salarial. Para ele, isso seria o resultado de um arcabouço claramente definido pelo país, apoiando em três princípios: responsabilidade fiscal, a política de metas de inflação e câmbio flutuante.

Além de absorver a idéia de que o governo só pode gastar o que arrecada, a sociedade, de acordo com Torós, também rejeita o descontrole dos preços. Observou quea inflação é o "imposto do pobre", já que seus efeitos são mais perversos sobre as camadas de menor renda. Ainda em defesa da política monetária, observou que o país já vive há cinco anos com inflação declinante, com a taxa chegando a 3,7% em 2006, abaixo do centro da meta fixada. Ele acrescentou que "a prudência deve ser a atitude do BC, para manter a inflação em baixa e garantir o crescimento sustentado".



24/04/2007

Agência Senado


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