Comissão de Educação homenageia o pedagogo Paulo Freire



O educador Paulo Freire foi homenageado postumamente nesta quarta-feira (24) pela Comissão de Educação (CE), com uma palestra proferida pelo professor Balduino Antônio Andreola, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A iniciativa faz parte dos eventos programados pela CE em homenagem aos professores, cuja data se comemora neste mês (dia 15), conforme requerimento da senadora Emilia Fernandes (PT-RS).

Balduino destacou que o compromisso do autor da Pedagogia do Oprimido com a educação se caracteriza por um rompimento com a "concepção mecanicista, autoritária e alienante", que Freire denomina "educação bancária", à qual contrapõe a perspectiva do diálogo.

Trata-se, segundo Balduino, de uma mudança radical, pois o diálogo é visto por Freire como uma exigência do ser humano. De acordo com o professor, o processo ensino/aprendizagem não pode ser concebido como transmissão ou transferência de conhecimentos, sendo o professor o sujeito, enquanto o aluno é reduzido à condição de objeto, de receptáculo.

Ele ressaltou, também, a atualidade da proposta de Freire e rebateu os que acusam sua pedagogia de superada.

- Eu torço para que Paulo Freire seja superado. Que todos nós, estudiosos da sua obra, sejamos superados. Mas superados pelos fatos, pela História. Quando, um dia, houver uma sociedade sem opressão, sem excluídos, sem discriminação, sem famintos, sem violência, então a proposta de Paulo Freire será coisa do passado - afirmou.

Para Emília Fernandes, ao analisar a obra de Paulo Freire e destacar seus aspectos mais inovadores, o professor Balduino a torna acessível para as novas gerações. Segundo a senadora, apesar da obra do "maior pedagogo do nosso tempo", conforme o intelectual e político francês Roger Garaudy, ser "muito mais reconhecido, estudado e levado a sério no exterior", ela ressaltou a importância da contribuição de Freire. E observou que os conceitos elaborados pelo pedagogo revestem-se de importância fundamental para um Brasil com 17 milhões de analfabetos e 30 milhões de iletrados funcionais - os que sabem ler e escrever, mas não fazem uso dessas aptidões.

24/10/2001

Agência Senado


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