Comissão de Minas e Energia analisa defesa do Programa Nuclear Brasileiro



A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, em Brasília, realizou nesta quarta-feira (23) audiência pública para discutir o Programa Nuclear Brasileiro. Como justificativa de defesa do programa, foram citadas as diferenças geológicas e características entre as usinas nucleares do Brasil e do Japão.

A audiência teve como objetivo discutir os projetos de construção de usinas nucleares no Brasil e a situação das usinas Angra 1 e 2, que já estão em funcionamento. O debate foi sugerido diante da preocupação manifestada por parlamentares, após o vazamento radioativo na Usina de Fukushima no Japão, como consequência de um dos maiores terremotos registrados no país. 

Representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e da Eletrobras Termonuclear (Eletronuclear) apresentaram a estrutura do sistema implantado no Brasil, bem como as medidas já utilizadas e em estudo para garantir a segurança e a melhoria do sistema.

O presidente da INB, Alfredo Tranjan, mostrou aos presentes detalhes do funcionamento das Usinas de Angra 1 e Angra 2, além de metas para ampliação do setor. Ele explicou que o Brasil trabalha com um sistema moderno e de gestão integrada, “que assegura a melhoria contínua da segurança e saúde, qualidade e preservação do meio ambiente e inovação”, além de seguir orientações de especialistas e certificações internacionais.

O presidente da Cnen, Odair Gonçalves, esclareceu dúvidas relacionadas aos possíveis riscos à saúde no caso de exposição à radiação. Em quadro demonstrativo, ele explicou que as ações implantadas no Japão foram preventivas, pois a possível radioatividade local estaria abaixo dos níveis de gravidade e próximo do nível de exposição permitido à população para a realização de procedimentos comuns para diagnóstico, como a tomografia.

Odair disse que o Brasil acompanha o desenrolar dos acontecimentos no Japão e aguarda dados mais concretos e consistentes, para evitar atitudes precipitadas. “Até onde nós sabemos não existe similaridade e não é possível comparar com o Brasil. Vamos estudar o assunto e se forem formuladas orientações, vamos seguir”, afirmou.

O presidente da Cnen lembrou que essa é uma decisão de governo e que a comissão presta assessoria governamental na área. “Não existe razão para mudança no Programa Nuclear Brasileiro. O que está acontecendo na Alemanha, de fecharem usinas, é uma questão política”, disse.

O presidente da Eletronuclear, Othon Silva, lembrou que o Brasil está no meio de uma grande placa tectônica, o que torna mais improvável a ocorrência de um terremoto com a mesma magnitude do evento registrado no Japão. Silva também falou dos planos de emergência adotados no Brasil e das iniciativas em estudo para serem adotadas no caso de acidentes, como evacuação por mar e a criação de quadras poliesportivas para que sejam utilizadas como helipontos no caso de necessidade. 

“Agregar energia na nossa matriz de energia elétrica é fundamental para a transformação deste País. Não podemos nos dar o luxo de descartar a energia nuclear e nem usá-la de forma irresponsável, colocando em risco a nossa população. É um momento de reflexão, de aprendizagem e de humildade”, concluiu o presidente da Eletronuclear. 


Fonte:
Ministério da Ciência e Tecnologia



23/03/2011 19:10


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