Compulsório aumenta para reduzir turbulência
Compulsório aumenta para reduzir turbulência
O governo anunciou um conjunto de medidas para reequilibrar a rentabilidade dos fundos de investimento, que têm apresentado alta volatilidade desde as mudanças nas regras em maio, e também reduzir a especulação cambial. "O objetivo é acalmar a vida dos cidadãos e das empresas enquanto não se resolvem as incertezas tanto internas como externas", disse o diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo. "Temos certeza que essa fase de turbulência é de curta duração".
Para tornar a migração para a poupança menos atrativa, o BC elevou o compulsório sobre esses depósitos de 20% para 25%. O compulsório sobre depósitos à vista, para onde foram 20% dos recursos que saíram dos fundos, passou de 45% 48%. Sobre os depósitos a prazo, o compulsório subiu de 15% para 18%. Os aumentos, segundo as estimativas de Figueiredo, retiram do mercado cerca de R$ 10,8 bilhões.
Além de penalizar outras aplicações, a exigência de marcação a mercado dos títulos públicos com vencimento em até um ano foi flexibilizada. De acordo com as regras que estavam vigentes desde o final de maio, os fundos precisavam ajustar diariamente o valor dos papéis, segundo preço que são negociados no dia pelo mercado. Antes disso, os fundos ajustavam seus preços segundo estimativas próprias.
Agora, os títulos pós-fixados com vencimento em até um ano poderão ser contabilizados de acordo com o valor de fechamento do mercado ontem. "O preço a partir de hoje será o mesmo até a data do vencimento dos papéis", afirma o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Luiz Leonardo Cantidiano. Com isso, a marcação a mercado, lançada em maio, durou exatos 75 dias.
As sangria dos recursos dos fundos já chegam a R$ 40 bilhões desde o início da marcação a mercado. A volatilidade gerada pela medida atingiu principalmente os fundos de renda fixa e DI. Para poder marcar os títulos segundo a curva de rendimento, esses fundos devem agora demonstrar capacidade financeira para levar o papel até o seu vencimento.
Nas novas regras, os fundos que tenham em carteira tanto títulos pós-fixados de até um ano e de mais de um ano terão duas opções para marcar os papéis. A primeira é trocar os títulos de longo prazo por papéis de curto prazo. Se não quiser trocar de papel, poderá continuar com os dois no mesmo fundo desde que marque a mercado o papel longo e use a nova regra para os papéis de até um ano.
O BC também irá recomprar até R$ 11 bilhões em títulos públicos neste ano, preferencialmente as Letras Financeiras do Tesouro (LFT). O papel, que tem remuneração com base nas taxas de juro Selic, foi o que mais sofreu com a decisão do BC de exigir a marcação a mercado dos títulos em poder dos fundos.
Os fundos que poderão ser beneficiados pela alteração são os Fundos de Investimento Financeiro (FIFs), os
Fundos de Aplicação em Cotas de Fundos de Investimentos (FACs) e os Fundos de Investimento no Exterior (Fiex).
Andima espera redução em saques
Os saques nos fundos de investimento devem, no mínimo, diminuir com as medidas anunciadas ontem pelo governo, segundo especialistas do mercado. O presidente da Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (Andima), Edgar da Silva Ramos, elogiou as medidas. Ele disse que "se o mercado sossegar, se a pressão vier meramente dos fundos, tudo se resolve, mas se sou cotista de um fundo com títulos só até 2003 e o mercado continua agitado se há medo de calote, então é uma situação complicada".
Outro que fez a mesma ressalva foi o sócio da consultoria Tendências, Nathan Blanche. "As medidas do governo não eliminam o fato gerador de incerteza que é o que fará o próximo governo". De acordo com ele, só quando o mercado estiver seguro de que candidatos à Presidência que mencionaram no passado uma renegociação da dívida vão respeitar os contratos se eleitos, haverá tranqüilidade.
O presidente da Andima disse que os fundos vão ficar com todos os papéis vencendo no ano que vem. Para ele, o fato de BC trocar papéis longos por títulos com vencimentos em 2003 "é como se dissesse que daqui a um ano a gente vê como é que fica".
Revendedores devem baixar preço para evitar tabelamento
Os revendedores do gás do Rio Grande do Sul devem baixar o preço do gás de cozinha para que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) não tabele o produto. A decisão foi tomada durante reunião entre cerca de 50 empresários e revendedores conduzida pelo presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás de Cozinha do Estado do Rio Grande do Sul (Singasul), Ronaldo Tonet, realizada ontem, em Porto Alegre.
"Não é possível falar em valores. Cada revendedor sabe o que é possível reduzir em suas margens, mas queremos mostrar que a categoria está fazendo a sua parte, restando à Petrobras, distribuidoras e governos federais e estaduais fazerem o seu papel", afirma. A ANP deu um ultimato, na semana passada, para que o botijão de gás tenha seu preço reduzido até amanhã.
Tonet revela que, em reunião com representantes da ANP, ele notou que o governo, ainda que não expresse publicamente, tem a idéia de abaixar o preço do botijão em cerca de 10%. "Para isso é necessário que os outros elos da cadeia colaborem. Se na próxima pesquisa de preços da ANP for constatado que os únicos que não baixaram a margem foram as distribuidoras, as críticas serão voltadas contra essas empresas", argumenta.
O presidente do Singasul espera que os demais revendedores gaúchos tomem conhecimento da reunião e que se juntem à iniciativa. Tonet relata, que contrariando a expectativa inicial, a ANP cercou-se de técnicos e que a possibilidade de tabelamento ficou mais forte. "Isso não pode ocorrer pois a margem do revendedor fica esmagada", diz.
Ele acredita que caso as revendedoras colaborem com a redução de preços elas serão atendidas em uma reivindicação antiga que seria a portaria que regulamenta a categoria. "Essa medida deve sair ainda no mês de agosto e dá às revendedoras mais autonomia", explica Tonet.
O dirigente acredita que a pressão sobre o preço do gás de cozinha se deve em grande parte a proximidade das eleições. "Após outubro, a questão sairá de foco", prevê.
Pesquisadores alertam para apagão eletrônico
A importação de componentes e o risco daquele que já vem sendo chamado de apagão eletrônico no Brasil será o centro dos debates do "Chip in the Pampa", evento internacional que acontecerá em Porto Alegre no próximo mês. São esperados mais de 250 convidados, 100 conferencistas e a apresentação de trabalhos e pesquisas de 16 países.
A realização do evento é da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), da Sociedade Brasileira de Microeletrônica (SBMicro) e da Federação Internacional de Informática (IFIP-International Federation for Information Processing), com sede na Áustria.
O vice-presidente da IFIP, Ricardo Reis, alerta para o fato de que o Brasil está cada vez mais dependente de importação de componentes eletrônicos. "Vai chegar um momento em que não teremos mais capacitação que nos permita desenvolver um projeto do início ao fim. O governo está sendo omisso e, assim como aconteceu com a energia, vamos acabar vivenciando o apagão da indústria eletrônica", supõe.
O País importa atualmente cerca de US$ 1,7 bilhão em chip. Quando se tratam de produtos que de alguma forma têm estes componentes na sua configuração, como um cd-room, este valor chega a US$ 5 bilhões.
Segundo ele, não existe no Brasil nenhuma empresa que efetivamente tenha um projeto detalhado e o transforme em chip. Nos Estados Unidos, são mais de 100. "Não produzimos nada em um segmento que cresce 20% ao ano no mundo", destaca o professor de microeletrônica e próximo presidente da SBCMicro, Sérgio Bampi.
O recorde do faturamento da indústria de chip ocorreu em 2000 e foi de US$ 204 bilhões. A previsão é de que o segmento movimente em 2005 cerca de US$ 400 bilhões.
Uma das ações que está mobilizando as empresas e órgãos públicos deste segmento no País é o Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) que, apesar de prever a produção de chip em pequena escala, atuará na formação de recursos humanos capacitados e desenvolvimento de produtos.
Atualmente, o projeto está em processo de ambientação do local onde os circuitos serão fabricados.
Bampi destaca a importância do governo conseguir atrair para o Brasil uma empresa do setor que produza os chips em larga escala. "Se você produz localmente, acaba desenvolvendo um produto com alto valor agregado", destaca. Para exemplificar o potencial deste mercado, o professor cita o exemplo da Intel que, mesmo não tendo uma unidade de fabricação no Brasil, conseguiu faturar no ano passado US$ 800 milhões.
O presidente da Sociedade Brasileira de Microeletrônica, Renato Ribas, afirma que as ações dos órgãos públicos poderiam ter maior eficácia se fossem articuladas entre os diferentes ministérios.
O "Chip in the Pampa" também discutirá as tendências do setor, como a integração do telefone/computador/TV digital com o chip único e os computadores e chips reconfiguráveis.
"O segmento de chips embutidos - dentro do forno microondas e de automóveis, por exemplo - terá uma demanda explosiva. E a comunicação entre componentes será cada vez mais amigável", destaca o vice-presidente da IFIP, Ricardo Reis.
Governo rebaixa aumento do PIB para 1,5%
O governo cortou de 2% para 1,5% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Este é o número que circula nos meios técnicos e que deverá constar do Memorando de Política Econômica que acompanha o novo acordo do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para 2003, a estimativa é de uma taxa de crescimento de 3%.
A frustração sobre o nível de atividade se deve, sobretudo, à crise financeira, que se aprofundou a partir do fim de maio. O dólar caro e as incertezas quanto ao futuro da política econômica inibem o investimento e o consumo de bens duráveis, que são dois fatores importantes para aquecer a economia. Dependendo da profundidade e da extensão da crise, as taxas de crescimento podem ser ainda menores.
As incertezas dos agentes econômicos fizeram subir as taxas de juros no longo prazo, o que também representa um obstáculo aos investimentos. Por isso, acreditam os técnicos, nem mesmo um eventual corte na taxa de juros básica teria um efeito forte o suficiente para fazer a economia crescer 2% este ano.
No primeiro semestre, as taxas de crescimento registraram variação de apenas 0,07% com relação a igual período de 2001, ou seja, a economia ficou praticamente estagnada. Taxas mais elevadas eram esperadas no segundo semestre, mas a atividade econômica vem perdendo fôlego desde o segundo trimestre do ano. Para impedir uma queda ainda mais aguda da taxa de crescimento, os técnicos da área econômica apostam nas exportações. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, já declarou que o superávit comercial deverá ficar acima dos US$ 6 bilhões neste ano. Essa cifra é diferente da que consta da última versão do acordo brasileiro com o FMI, que estima superávit de US$ 5 bilhões.
No entanto, para que as exportações cresçam é necessário retomar as linhas de crédito aos exportadores, que escassearam após o aprofundamento da crise. O governo está tentando contornar esse problema ampliando linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), inclusive com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Além disso, o Banco Central estuda a oferta de novas linhas de crédito. O crescimento das exportações depende ainda do mercado mundial.
Outro fator que deverá ajudar a evitar uma queda no PIB é o pagamento das parcelas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), referente à correção não creditada nos planos Verão e Collor. Segundo estimativas do governo, essa diferença deverá injetar R$ 11,5 bilhões na economia até dezembro. Esse dinheiro extra fará crescer a venda de bens de consumo duráveis. O efeito já apareceu no Dia dos Pais, quando o comércio contabilizou vendas acima do esperado. Na avaliação dos técnicos, o dinheiro do FGTS terá um efeito econômico semelhante ao pagamento do décimo terceiro salário.
Bndes vai liberar US$ 1,9 bilhão para exportações
O governo vai destinar US$ 1,9 bilhão para suprir a carência de recursos para o financiamento das exportações, além do volume ainda não definido que o Banco Central usará para "irrigar" as linhas oferecidas pelos bancos privados. A maior parte desses recursos são de empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) destinados, originalmente, a projetos de pequenas e médias empresas e da área social.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) pode liberar, de imediato, US$ 1 bilhão, e mais US$ 1 bilhão, nos próximos meses. O anúncio foi feito hoje pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sergio Amaral. Ele disse que o banco pode fazer, se necessário, o deslocamento de outros recursos para atender os exportadores. "Há boas razões para se acreditar que, na próxima semana, as linhas de crédito para exportação vão, progressivamente, se normalizar", avaliou.
Conforme afirmou, o volume adicional de US$ 1,9 bilhão será destinado às linhas de financiamento de operações de pré-embarque (produção de bens destinados à exportação) e de pós-embarque do Bndes. De acordo com decisões anteriores do governo, o Bndes deverá estender a essas modalidades 35% do total de recursos de sua carteira de crédito. Em condições normais, o limite é de 25%. O banco ainda deverá oferecer uma nova linha emergencial para o financiamento de operações de curto prazo, ainda não disponível.
Segundo Amaral, o governo iniciou "conversas" com a diretoria do BID para acelerar a liberação desses
recursos. De forma imediata, o Bndes se valerá de US$ 450 milhões que o BID já desembolsou ao País. Trata-se da primeira parcela de um programa de US$ 900 milhões, cuja finalidade era financiar projetos de pequenas e médias empresas. Agora, esses recursos se destinarão às empresas exportadoras desses mesmos portes. O banco ainda contará com US$ 400 milhões captados de instituições financeiras da Europa e da Ásia.
Outros US$ 140 milhões serão igualmente provenientes de programas já em execução do País com o BID.
Esses recursos fazem parte de um volume já desembolsado pelo organismo internacional e que, de imediato,
teve a função de reforçar as reservas internacionais.
Vencimento dos títulos eleva em 1,26% o dólar
A briga entre o Banco Central e os investidores para a rolagem dos US$ 2,5 bilhões em títulos que vencem hoje forçou a escalada do dólar. A moeda norte-americana até chegou a ceder durante o dia, mas fechou vendida a R$ 3,205, em alta de 1,26%. Na máxima do dia, a cotação chegou a R$ 3,23. Do total de papéis cambiais, falta rolar cerca de US$ 960 milhões. Ontem, na quarta tentativa, o BC só conseguiu rolar US$ 25 milhões.
A expectativa é grande quanto ao que pode acontecer hoje. "Os bancos brigaram para pressionar a ptax, pois interessa um dólar mais forte para o vencimento de hoje. Se foi somente especulação, amanhã teremos outro mercado", explica um operador. Caso não consiga trocar os papéis por de prazo mais longo, o BC terá que pagar pelos títulos. As instituições financeiras com títulos em mãos forçam a alta da moeda norte-americana para receberem mais.
Segundo o merc ado, o Banco Central atuou com venda direta, mais forte, pela manhã. Também foi percebida a entrada dos exportadores. "Se não fossem eles, a moeda teria registrado alta ainda maior", afirma o gerente de câmbio da Novação Corretora, José Roberto Carreira. A falta de liquidez facilita a manobra para provocar a alta do dólar. Nem a notícia de que o Bndes vai liberar US$ 1 bilhão para linhas de financiamento de exportação ajudou a diminuir a pressão sobre o câmbio.
Na contramão do dólar, o risco-país (Embi+) do JP Morgan cedeu 4,7% e valia 2.176 pontos na tarde de ontem. A taxa acompanhou a valorização dos C-Bonds, principais títulos da dívida brasileira negociados no exterior. Segundo fontes do mercado, o BC teria atuado na compra dos papéis, através de instituições credenciadas. Ajudou a afirmação da Fitch Ratings de que o risco de não pagamento da dívida brasileira neste ano é limitado.
No fechamento, os C-Bonds atingiram alta de 4,6% para 54% do valor de face. O mercado acredita que o governo brasileiro esteja recomprando esses títulos, por meio de algumas instituições credenciadas, aproveitando-se do baixo preço. O governo poderá ampliar o limite de US$ 3 bilhões acertado com o FMI para a recompra de títulos. Do montante disponível, restam apenas US$ 700 milhões.
Bovespa registra recorde de negócios
Com 48.725 operações realizadas em um único pregão, a Bovespa atingiu recorde histórico em número de negócios ontem. O dia foi marcado pela alta volatilidade com o vencimento do índice futuro e a proximidade do exercício de opções na próxima segunda-feira.
O Ibovespa chegou a atingir o fundo do poço no ano, aos 9.016 pontos, em queda de 4,53%. Se o suporte de 9 mil pontos for rompido o índice pode buscar até os 8.500 pontos, dizem os grafistas. No entanto, durante o dia, a cotação dos papéis começou a se recuperar e encerrou negativa em 1,07% aos 9.343 pontos.
"No vencimento do índice futuro ganharam os vendidos", acredita o diretor da mesa de operações da Solidus
Corretora, Émerson Lambrecht. O volume de R$ 933,453 milhões está relacionado à troca de posições. O dia foi marcado por operações day trade. As opções de Telemar na série de 22, por exemplo, chegaram a oscilar entre R$ 0,60 e R$ 1,94.
A melhora da bolsa no meio da tarde foi influenciada ainda pela recuperação das bolsas norte-americanas, um
dia depois do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, ter optado pela manutenção da taxa de juros em 1,75% ao ano. Para o analista de investimentos da Pilla Corretora André Moura hoje o mercado deve melhorar de humor. No destaque das quedas estão as preferenciais da Tele Centro Oeste Celular, que despencaram mais de 17%. Segundo um analista, a Previ estaria se desfazendo da posição de equivalente a 5% das ações da TCO.
O balanço da Bovespa dos investimentos estrangeiros nos primeiros dez dias do mês de agosto revela uma saída de recursos de R$ 182,396 milhões, resultante de compras de ações no valor de R$ 1,209 bilhão e vendas no total de R$ 1,392 bilhão. Com esse resultado, o saldo acumulado no ano até o pregão do dia 09 de agosto pelos investidores estrangeiros na Bovespa está negativo em R$ 1,347 bilhão.
Artigos
Três vivas para o Brasil
Joseph Stiglitz
Os mercados mundiais parecem estar torcendo o nariz para o Brasil. Podem estar tão enganados a respeito do Brasil como os especialistas em futebol. Quando a Copa do Mundo começou, a seleção brasileira era considerada talentosa, mas falha. No entanto, de alguma maneira o Brasil mais uma vez se tornou o vencedor da Copa do Mundo. O País, da mesma maneira, também poderá demonstrar que é tão surpreendente e cheio de recursos. Realmente, nos anos recentes, o Brasil criou uma democracia vibrante com uma economia sólida.
Ele merece um voto de confiança dos investidores e dos líderes políticos. Como em qualquer democracia vibrante, existem opiniões divergentes. Nem todos os americanos estão empolgados com a acelerada conversão do superávit de três trilhões em déficit, promovida por Bush, assim como a maioria não apóia a sua proposta de privatizar o sistema de seguridade social da América, que tanto fez pela erradicação da pobreza entre os americanos idosos. Nas questões fundamentais dentro do Brasil, no entanto, existe um amplo consenso político, e ele inclui todos os principais candidatos nas próximas eleições presidenciais que acontecerão em outubro. Há um consenso, por exemplo, em torno de sólidas políticas fiscais e monetárias: ninguém deseja retornar à hiperinflação das décadas anteriores. A política monetária do Brasil foi administrada extraordinariamente bem por Armínio Fraga (meu ex-aluno), mas por trás dele existe uma instituição poderosa, com as capacidades analíticas de um banco central de primeiro mundo.
Também reina um amplo consenso de que enquanto os mercados estiverem no centro de uma economia bem sucedida, haverá um papel importante para o governo. O governo do Brasil, por exemplo, promoveu uma das mais bem sucedidas privatizações nas telecomunicações, mas também se empenhou por uma concorrência mais acirrada e por políticas de regulamentação. Ao contrário da América, quando o país enfrentou uma crise de eletricidade, não ficou sentado à-toa, dizendo deixem que as forças dos mercados (que, nos EUA, significavam manipulação do mercado pela Enron e pelas demais) "tomem conta" da questão; em vez disso, o governo apareceu com ações enérgicas. Como americano, observei com inveja como o Brasil encontrou o seu caminho em meio a uma situação muito difícil. Ele pode ser chamado de mercado emergente, porém conta com instituições de pesquisa, educacionais e financeiras de primeira classe. As discussões sobre economia em São Paulo são tão sofisticadas como em Nova Iorque. Os seminários universitários no Rio são tão animados como os de Cambridge, de Massachusetts ou do Reino Unido.
O País fabrica um dos mais requintados aviões do mundo - tão bom que os concorrentes vêm tentando impor barreiras comerciais. Mas o Brasil, com todos os seus pontos fortes, tem uma fraqueza crítica: um elevado grau de desigualdade. É uma fraqueza que (ao contrário da América) também goza de um amplo consenso: a maioria concorda que ela precisa ser equacionada e que o governo tem a obrigação de fazê-lo. Há dez anos, 20% das crianças em idade escolar no Brasil não estavam freqüentando as escolas; agora, esse número caiu para 3%. Seja quem for o vencedor da eleição, continuará a incrementar os investimentos em educação. Da mesma maneira, agricultores sem terra representam um problema econômico e social, e a administração atual se incumbiu de seguir adiante com uma emocionante reforma agrária baseada no mercado, que até recebeu apoio do Banco Mundial. No tocante à epidemia de Aids, o Brasil enfrenta desafios ao seu sistema de saúde e uma coisa é certa, todos reconhecem que se trata de uma grande responsabilidade do governo. A dívida brasileira em relação ao PIB é moderada - melhor do que a registrada nos EUA quando Bill Clinton se tornou presidente e muito melhor que a do Japão e de vários países europeus. Diferentemente de seu vizinho ao sul (antes da crise da Argentina), o Brasil tem um regime cambial flexível: sua moeda não está supervalorizada - pelo contrário, está depreciada. Com exportações vigorosas, não deverá ter nenhum problema em cumprir suas obrigações com a dívida, contanto que as taxas de juros não disparem a níveis que transformem o problema em uma profecia que se auto-realiza.
O Brasil abriu uma trilha que não está baseada em ideologia ou em políticas econômicas excessivamente simplistas. Ele aproveita oportunidades ao mesmo tempo em que confronta e lida com duras realidades, quer sejam de falta de educação, de terras, ou a Aids. Ao traçar com êxito o seu pr óprio curso, o Brasil criou um vasto consenso interno, respaldado em uma economia de mercado equilibrada e democrática. A vitória do Brasil na Copa do Mundo pode não ter nenhuma relação com essas reformas, mas a criatividade daquela equipe vencedora diz muito sobre o espírito do País.
Colunistas
ADÃO OLIVEIRA
O aniversário da Fiergs
Quem está em Brasília é o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, Renan Proença. Ele veio participar de uma homenagem que a CNI prestou, ontem, ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Renan está especialmente feliz. Afinal, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul completou, também ontem, 65 anos de atividades.
Entre um compromisso e outro na sua concorrida agenda, aqui em Brasília, Renan aproveitou para me contar um pouco da história da entidade.
Nascida como entidade sindical em um período de fortes transições políticas, econômicas e sociais, a Fiergs surgiu para congregar todos os sindicatos de empregadores e industriais, então dividindo a mesma diretoria do Centro da Indústria Fabril.
O Brasil passava por grandes mudanças e o Rio Grande do Sul, por ter forte espírito associativo, também mudava. Carlos Tannhauser foi o primeiro presidente da Federação, em 1937. Em janeiro do ano seguinte, a Fiergs foi reconhecida oficialmente pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, contando, na época, com 21 sindicatos filiados.
Começa assim, embrionariamente, o que viria a ser o Sistema Fiergs, unindo-se ao Centro das Indústrias, e mais adiante se somando o Sesi e o Senai, compondo assim o espectro de prestadores de serviços, de fomento e acompanhamento da industrialização do Rio Grande do Sul. Fato é representado pelo contínuo crescimento das denominadas indústrias tradicionais e também pelo começo do processo de desenvolvimento das consideradas empresas dinâmicas. Na época, inicia também, mesmo que incipiente, os sistemas das cadeias produtivas especialmente na área de agronegócios.
Em 1987, a entidade inaugurou a sede atual, que oferece salas para reuniões moduláveis, anfiteatro, plenário Mercosul, salão de convenções para eventos, além do Teatro do Sesi e do Centro de Exposições Fiergs, que pode abrigar feiras, shows, esportes indoor, e outros eventos. A Fiergs conta hoje com 110 sindicatos filiados, sendo que 19 estão sediados na área da entidade.
O Rio Grande do Sul e o Brasil têm na Fiergs um instrumento de colaboração na constante busca pelo desenvolvimento.
A indústria gaúcha ocupa lugar de destaque no desenvolvimento brasileiro, e as entidades que a representam, integradas no Sistema Fiergs, buscam colaborar em esse objetivo.
A Fiergs com 65 anos, o Ciergs, com 72, o Sesi com 55 e o Senai com 60 anos demonstram dia-a-dia a contribuição que os industriais gaúchos vêm dando ao Brasil desde as primeiras décadas do século passado.
Ao enviar uma mensagem aos funcionários pelos 65 anos da Fiergs, Renan Proença disse que "há uma palavra que define bem o papel do Sistema Fiergs: desenvolvimento. E uma palavra que bem define - e até condiciona - o desenvolvimento: educação. É assim, juntando os significados dessas duas palavras, que o Sistema Fiergs projeta-se, a serviço do Rio Grande e do Brasil. Porque ambas podem ser traduzidas em compromisso social.
Porque delas resultam o bem comum. Porque educação, desenvolvimento, compromisso social e bem comum também tem uma tradução: cidadania", concluiu Renan Proença.
CARLOS BASTOS
PT tenta cooptar prefeitos do PDT
O PT gaúcho iniciou ontem o assédio sobre prefeitos e lideranças do PDT, em função do apoio do partido à candidatura de Antônio Britto. O candidato Tarso Genro não participou do almoço no restaurante do City Hotel, do qual participaram Sereno Chaise, Dilma Roussef e Milton Zuanazzi - todos ex-pedetistas - e o coordenador de campanha do candidato a governador pelo PT, José Eduardo Utzig. Haverá agora uma investida sobre vereadores e lideranças municipais pedetistas. Resta se verificar o comportamento que os quatro prefeitos que participaram do encontro vão adotar. O prefeito de Taquara, Délcio Hugentofler, está em conflito com o partido no município, e tem uma forte ligação com Sereno Chaise. Outro prefeito muito ligado ao ex-presidente do PDT, hoje no PT, é o de Estrela, Geraldo Mânica. Já o prefeito de Cerro Grande do Sul, Alex Trescastro, comunicou à direção regional pedetista que participaria do encontro, alegando uma circunstância da política municipal, pois seu vice-prefeito é do PT. O prefeito de Parecí Novo, Jorge Renato Hoerlle, é crítico do apoio a Britto.
Diversas
- O ex-prefeito de Bagé, Luiz Vargas, o Varguinha, que tem muita liderança naquele município, do qual já foi prefeito em duas oportunidades, tinha se engajado na campanha de Tarso Genro e da senadora Emília Fernandes antes mesmo da decisão do PDT de se aproximar de Britto.
Situação idêntica acontece com o ex-prefeito de Livramento, Elifas Simas, que não participou do almoço de ontem, mas enviou carta se dizendo solidário com o movimento de rebeldia dos pedetistas, e também já está há bom tempo apoiando as candidaturas de Tarso e de Emília.
Já o vereador pedetista Ricardo Dilamar Maciel, de Taquara, está pedindo à direção partidária, que o prefeito Délcio Hugentofler tenha suas atitudes examinadas por uma comissão de ética.
O PTB gaúcho em sua reunião que decidiu pelo apoio ao candidato Antônio Britto, aprovou uma moção de econhecimento à conduta ética e solidária de Luiz Francisco Barbosa, que era candidato a vice-governador, e também ao vereador José Fortunati por sua conduta ao enfrentar as adversidades.
O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, estará hoje em Porto Alegre, e já vai iniciar contatos com o PPB gaúcho, para um apoio ao candidato Ciro Gomes no segundo turno. Os pepebistas neste primeiro turno da eleição presidencial estão apoiando o senador José Serra, do PSDB.
Ex-ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, presta contas de sua gestão, para seus partidários, hoje à noite, em jantar no CTG 35, na Avenida Ipiranga.
Última
Os peemedebistas Rigotto, Klein, Simon e Schirmer, discutiram ontem estratégias para se aproximar das bases do PDT. Lembram que os dois partidos - PMDB e PDT - são originários da mesma vertente política, o antigo PTB e depois o MDB. Acham que pela identidade e semelhanças o entendimento será facilitado.
Levantaram também que PMDB e PDT administram conjuntamente 31 municípios gaúchos. Rigotto está convencido que o PDT vai acolher sua proposta de centro-esquerda.
FERNANDO ALBRECHT
Forte Apache
O prefeito João Verle visitou as obras de restauração do prédio que será sede do Memorial do Ministério Público Estadual, o Forte Apache, que fica na Praça da Matriz esquina Jerônimo Coelho. O prédio, que sediou o governo provincial e as antigas cocheiras do palácio, será entregue à comunidade em novembro deste ano.
Guiaram a visita do prefeito o procurador-geral de Justiça, Cláudio Barros Silva, e o sub-procurador-geral de Justiça para Assuntos Administrativos, Roberto Bandeira Pereira.
Passagem difícil I
Porque a situação não é um mar de rosas as empresas aéreas fazem de tudo para facilitar a vida dos clientes, certo? Errado. A Associação Riograndense de Imprensa enviou funcionária com cheque nominal à loja da Vasp para a compra de duas passagens. A loja, na rua Uruguai, recusou o cheque, assinado pelo presidente da ARI, Ercy Thorma, e seu vice, Benigno Rocha.
Passagem difícil II
A funcionária disse que o cheque só seria aceito se o próprio presidente viesse em pessoa à loja. Mais: teria que trazer o contrato social, embora por ser entidade de classe a ARI só tenha estatuto, e cópia autenticada em cartório da carteira de identidade do seu presidente. Ercy então telefonou para o gerente, que disse lamentar mas que não podia fazer nada.
Sem fiscais
A passeata de centenas de funcionários da Susepe no Centro, ontem à tarde, obedeceu ao esquema clássico de passeatas feitas pelo MST, por estudantes ou outros movimentos, mas com uma diferença: não havia fiscais da EPTC para coordenar o trânsito no trajeto. Os próprios grevistas faziam este serviço. Por que será, hein?
O pepino
O aniversário do eterno presidente cubano Fidel Castro levanta novamente a discussão sobre quem seria seu sucessor. Pensando bem, a sucessão de Cuba é algo parecido com a do PDT. Tanto no Caribe quanto aqui ninguém arrisca fazer prognósticos, se vão abrir, fechar mais ainda ou o quê. Se é que tem o quê.
Só no térreo
A propósito de queixa de advogado de Cachoeirinha sobre problemas com a entrega de correspondência, leitora da Capital foi se informar no posto da EBCT na Protásio. Os carteiros não sobem escadas, não entram em elevadores e nem mesmo tocam a campainha. A entrega de Sedex ou carta registrada só é feita se o edifício tiver porteiro. O máximo que fazem é deixar um aviso. É uma norma nacional feita por algum burocrata de Brasília que acha que todos os edifícios do Brasil inteiro têm porteiros.
Dura lex
Os partidos oposicionistas estão atentos à propaganda eleitoral feita por funcionários públicos. A legislação é rígida. É vedado nos órgãos públicos o uso de camisetas, faixas ou quaisquer outras vestes, adereços e materiais que envolvam propaganda partidária. A lei ressalva que o uso de bottons e adesivos é permitido para servidores "cujas funções não exijam relacionamento habitual com o público". Vale para CCs também.
Civilização e Barbárie
De 28 de agosto a 11 de setembro a Secretaria Municipal de Cultura promove o ciclo de conferências Civilização e Barbárie, promoção da Artepensamento, com realização simultânea no Rio e São Paulo. A idéia é discutir as conseqüências dos atentados de 11 de setembro de 2001. Estarão aqui sumidades como Francis Wolff (Paris), Renato Janine Ribeiro, Abdelwahab Meddeb (Afeganistão), Marcelo Coelho, Emir Sader, Sérgio Cardoso, Eugênio Bucci e Gabriel Cohn.
Uma boa notícia...
Foi tranqüilo o último fim de semana no Loteamento Cavalhada, uma das vilas mais violentas da Capital.O Programa Segurança Cidadã, lançado pela secretária Helena Bonumá, teve a participação de 14 secretarias municipais e parceria com a SJS. Mostra que é possível alcançar o objetivo de prevenir a violência com a participação da comunidade.
...e a má notícia
Jornalista que estava nos terminais dos ônibus da Praça Parobé segunda-feira à noite às 20h, assistiu nada menos do que quatro assaltos durante o tempo que esperou o ônibus para Petrópolis. Não havia nenhum PM à vista e os pivetes deitaram e rolaram. Os pequenos comerciantes da área disseram que isso é comum. E salve-se quem puder.
Miúdas:
- Hoje, no União de Petrópolis, jantar dos 10 anos do Instituto do Câncer Infantil.
- Advogado Isaac Alster recebeu a Comenda do Ordem Judiciário do TST com a presença de nove ministros do STF e STJ.
- Promotor Keler Dorneles Clos foi promovido para Procurador de Justiça. Assume dia 20.
- Saiu mais um número da Vitalle , da Corsan, enfocando o saneamento ambiental.
- Inaugura hoje às 20h, na Quintino Bocaiúva, 59, a loja decorativa Artheyras.
- Procempa concluiu a instalação da rede de fibras ópticas interligando Portoweb/Vírtua.
- Brasil Telecom oficializa hoje patrocínio ao filme Roteiros Encontrados num Computador.
- Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos/Hospital Moinhos de Vento promovem evento dia 21 às 18h45min.
Editorial
TURBULÊNCIA EXIGE MUDANÇA DE ROTA NA AVIAÇÃO
A combinação de eventos perversos nos últimos 12 meses desencadeou tempestades em todas as latitudes e longitudes, tirando da rota e fazendo com que as grandes empresas aéreas do mundo entrassem numa turbulência jamais vista, derrubando ações e forçando a uma reestruturação que não poupa desde os Estados Unidos da América, passando pela Europa e chegando ao Brasil. Setor complexo, dispendioso, empregando muita mão-de-obra e com receitas oscilantes que dependem de sazonalidades, as companhias de aviação enfrentaram um terrível inimigo em 11 de setembro de 2001, com os ataques suicidas a Nova Iorque e Washington. Mesmo que antes seqüestros e sabotagens de aviões ocorressem, o que levou a Pan Am ao fechamento, jamais houve tamanha repercussão e danos, pessoais e materiais, como os causados pelas ações tresloucadas que abalaram o mundo. Porém, mais do que as torres gêmeas do World Trade Center, também desabaram a confiança dos usuários e os resultados financeiros das transportadoras, começando, obviamente, pelos EUA. Nem um pacote gigante de socorro dado pela Casa Branca evitou que, menos de um ano decorrido da tragédia, e se registrassem pedidos de concordata. A American Airlines demitirá mais sete mil servidores, a US Airways está concordatária, a United sofre e isso num país que vendeu, em 2000, 600 milhões de bilhetes, contra os 40 milhões do Brasil. Os estadunidenses usam o avião talvez mais do que os brasileiros utilizam os táxis. Tão forte é o setor que existem empresas aéreas nos EUA que são maiores do que a maioria de suas congêneres em outros países, mesmo voando apenas no território ianque.
Lá, houve uma desregulamentação atabalhoada da aviação, concorrência predatória que abateu em pleno vôo a Braniff. Mas, o governo sempre julgou que as leis do mercado resolveriam a situação. Equilibrando-se no fio da navalha, as transportadores aéreas dos EUA não resistiram ao duro golpe de setembro e, com efeito dominó, estão aterrissando em busca de socorro. Pois no Brasil a situação não foi diferente, com a agravante de que estávamos mal antes dos atentados, piorando com a alta do dólar, moeda de 40% dos custos, compra e aluguel de aviões, manutenção e combustível. A liberação dos vôos internacionais na década de 90 foi um erro crasso, abrindo os céus antes de brigadeiro para que os norte-americanos concorressem com a Varig, num mercado onde eles tinham só 3% do seu faturamento, ou seja, mesmo vazios os aviões foram mantidos no ar, enquanto as linhas domésticas sofreram uma disputa insana de tarifas. Resumindo, o Brasil tinha - e tem - concorrência excessiva com o exterior e empresas demais, com horários e destinos superpostos, internamente.
O resultado foi a inviabilidade da Transbrasil, que anteriormente causou estragos na Varig, com a disputa nos vôos internacionais, ao lado da VASP. Hoje, com a desistência da TAM e da VASP na longa distância, a Varig assumiu 85% da preferência para a Europa, Japão e EUA. Mas, também ela, reestruturada com a Varig Log, de cargas, Rotatur, de turismo fretado, e a VEM, para manutenção, acumulou dívidas de US$ 850 milhões, cujo serviço consome o lucro e transforma em prejuízo o resultado operacional, de R$ 6 bilhões em 2001, além de competir, erroneamente, com suas subsidiárias, a Rio Sul, a Nordeste e a Pluna. Outro presidente, Ozires Silva, pioneiro da Embraer, foi lançado no espaço, o quarto em alguns anos. A biruta indica a direção do vento para mais enxugamento de custos, de alto a baixo, fixação da Varig nas rotas externas, empresa de bandeira, deixando para a Rio Sul e a Nordeste os vôos nacionais. Só assim evitar-se-á o que ocorre nos EUA.
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08/15/2002
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