Comunidade científica discute inovação para inclusão social



A busca pela inovação para minimizar e até solucionar problemas sociais tem alcançado cada vez mais destaque em discussões e cooperações internacionais. O assunto ganha notoriedade neste mês por ser uma das questões a serem levadas pela comunidade científica brasileira durante o 6º Fórum Mundial de Ciência, a ser realizado entre os dias 24 e 27 de novembro, no Rio de Janeiro (RJ).

Na avaliação do secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Setec/MCTI), Alvaro Prata, situações econômicas e ambientais adversas, como crise financeira e desastres naturais, podem ter contribuído para aumentar a mobilização internacional em busca de caminhos possíveis para a redução de desigualdades sociais e para a melhoria da condição de vida da população mundial.

Segundo Prata, cada vez mais, no cenário global, o desenvolvimento tecnológico e a inovação têm ocorrido com ênfase na sustentabilidade ambiental e na promoção da igualdade social. “Essa preocupação já existia, mas esses eventos episódicos, econômicos e naturais, pressionam e mostram a importância de termos políticas públicas mais ampliadas, especialmente voltadas à população socialmente mais frágil”, ressalta. “Hoje as nações buscam um mundo mais inclusivo, onde se possa reduzir os contrastes e as desigualdades sociais”.

Ele cita o exemplo de iniciativas como as mesas redondas globais promovidas pelo Conselho Nacional de Inovação da Índia. Desde essa segunda-feira (18) até quarta-feira (20), lideranças da área de ciência e tecnologia e de política de inovação de diversos países - entre eles, Estados Unidos, Reino Unido, Brasil, Rússia, Espanha, Austrália, Egito, Irlanda, Kuwait, Finlândia, Peru, Indonésia e Estônia – estarão reunidos em Nova Déli para debater questões relacionadas à inovação e sustentabilidade.

Prata participa da abertura do evento e da sessão que discutirá os modelos de crescimento sustentável e de inclusão social. A ideia é debater a inovação sob a perspectiva de populações carentes; promover e estimular a cooperação entre os países e a formação de rede em escala mais ampliada; além de contribuir para a divulgação de experiências e boas práticas que visem tornar a inovação uma mola propulsora para soluções coletivas em favor da inclusão social.

Soluções inclusivas

O secretário, que é doutor em Engenharia Mecânica, lembra que a ciência e a tecnologia podem ter grande impacto na vida social quando permitem benefícios à população mais carente. Por exemplo, ao garantir o acesso à água potável com o uso de tecnologias para a dessalinização ou reaproveitamento da chuva e ao viabilizar o uso de energias renováveis (solar, dos ventos e das marés).

As inovações, acrescenta o especialista, também podem acarretar grandes impactos na saúde dessas populações, ao auxiliar no processo de higienização, produção de próteses de baixo custo e no combate a doenças negligenciadas, por exemplo. E também na agropecuária, ao levar instrumentos tecnológicos que permitam o uso mais eficiente da terra.

Os resultados podem ser relevantes no campo da tecnologia da informação e comunicação (TIC), com a formulação de políticas públicas que ampliem o acesso e possibilitem a disseminação em larga escala para países economicamente menos favorecidos. 

Cooperação e regionalismos

Prata destaca a necessidade de se considerar, nas cooperações internacionais, as peculiaridades regionais. “Cada país precisa conhecer as experiências exitosas de outras nações, alimentar-se das boas práticas e construir seus próprios modelos pelas suas condições e características, culturais e geográficas”, observa. “Há países extremamente competitivos tecnologicamente e com população reduzida, como Israel, Finlândia e Suíça, onde os desafios são diferentes de locais grandes e populosos como o Brasil, a China e a Índia”.

Ele comenta sobre a Índia, que tem buscado, na inovação, um caminho para solucionar seus problemas sociais. “A Índia é um país de muitos contrastes, com instituições tecnológicas muito competitivas, e que, aos poucos, tem implementado políticas que precisam ser conhecidas”.

Na percepção dele, o Brasil também tem passado por um momento de “grandes transformações”, em que as políticas públicas têm favorecido muito a inovação e a área social. “Vamos começar, cada vez mais, a ter resultados impactantes no cenário econômico e social”, prevê.

Uma das iniciativas nesse sentido é o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite?. Trata-se de um conjunto de políticas públicas que prevê a promoção do acesso, do desenvolvimento e da inovação em tecnologia assistiva.

No âmbito da cooperação internacional, Prata cita o programa setorial de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) para o período de 2013 a 2017, com o objetivo de viabilizar a implementação do Programa Quadro de Ciência, Tecnologia e Inovação aprovado no Conselho Sulamericano de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti) da União das Nações Sul-americanas (Unasul). O programa também foi apresentado no âmbito da Cúpula América do Sul-África (ASA).

O programa visa identificar experiências, conhecimento e tecnologias para promover o intercâmbio de conhecimento. A ideia é garantir a realização progressiva do direito humano à alimentação adequada na construção de medidas que unam conhecimento acadêmico e saber popular para o desenvolvimento de tecnologias sociais, além da formação para uma “ciência cidadã” voltada à produção e ao consumo sustentável no Brasil, na África e nas regiões da Unasul  

Fonte:
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação



18/11/2013 19:18


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