Comunidade quilombola de Mato Grosso do Sul é a primeira do estado a receber título definitivo da terra



A Colônia Negra Quilombola São Miguel, localizada no município de Maracaju (MS), é a primeira comunidade quilombola do estado a receber o título definitivo de propriedade da terra onde vive. A cerimônia de entrega do título aconteceu na manhã desta segunda-feira (12), na sede da comunidade.

Atualmente, São Miguel abriga 16 famílias, com 80 pessoas ao todo, em uma a área desapropriada que mede 333 hectares.  Para o presidente da Associação São Miguel, Jorge Henrique Gonçalves Flores, o futuro agora é promissor. "A comunidade está ansiosa pelo desenvolvimento. Temos vários projetos em estudo, como produção de frutas, hortaliças, artesanato, criação de gado. A primeira coisa a fazer será a preparação do solo. Depois vamos procurar o Banco do Brasil para acessar o Pronaf", disse Jorge.

Para o diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro (DPA) da Fundação Palmares, Alexandro Reis, a titulação da São Miguel é uma ação importante para preservação da memória e do modo de vida da comunidade, incluindo sua cultura e artesanato. "Além disto, a titulação vai dar acesso a outras políticas públicas nas áreas de cultura, economia criativa, educação, saúde e moradia", afirmou Reis.

A comunidade São Miguel teve seu começo na segunda década do século XX, com o casamento dos negros descendentes de escravos Manoel Lourenço Gonçalves e Joaquina Gonçalves de Souza, que vieram para a região de Maracaju, estabelecendo-se na divisa desse município com Nioaque. Em 1941, eles regularizaram a posse da terra que hoje ocupam.  Em maio de 2006, vó Joaquina, como era conhecida a fundadora da comunidade, faleceu com 109 anos.

A comunidade chama-se São Miguel em homenagem à uma imagem do santo que segundo contam, era toda de ouro e teria sido enterrada na fazenda. 

Na região de Maracaju e Nioaque existem outras quatro comunidades quilombolas, das famílias Cardoso, Araújo Ribeiro, Romano Martins da Conceição e a Bulhões. Quinze processos de regularização de terras quilombolas estão em andamento na região.  


Fonte:
Incra



13/09/2011 17:39


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