CONGRESSO DECIDE AUMENTAR SALÁRIO MÍNIMO PARA R$ 180



Os líderes dos partidos que apóiam o governo e os líderes das oposições decidiram nesta terça-feira (dia 28), em reunião com o relator-geral do Orçamento 2001, senador Amir Lando (PMDB-RO), e com as lideranças do governo no Congresso, votar projeto elevando o salário mínimo para R$ 180, no próximo ano. A posição foi definida no início da reunião, antes mesmo de uma garantia dada pelo relator de que apresentará nesta semana (dia 29) adendo ao seu relatório preliminar apontando as fontes de financiamento do novo mínimo.

No adendo, Amir Lando indicará como fontes de financiamento do mínimo o uso de dinheiro da reserva de contingência do orçamento, antes destinado às emendas parlamentares, e a arrecadação a ser propiciada pela aprovação de projetos de combate à sonegação. Este dois caminhos renderão bem mais que os R$ 2,8 bilhões apontados pelo governo e pelos economistas do Congresso como o necessário para o bancar o novo mínimo.

No início da noite, Amir Lando foi ao Palácio do Planalto, para uma reunião com os ministros Pedro Parente, da Casa Civil, e Aloisio Nunes Ferreira, secretário-geral da Presidência, além do líder do governo no Congresso, deputado Athur Virgílio (PSDB-AM), e o deputado Ricardo Barros (PTB-PR), líder do governo na Comissão Mista de Orçamento. Ele ouviu que o governo não concordava que o Congresso viesse a usar recursos dos investimentos, como Amir Lando havia proposto à tarde, para bancar o aumento do salário mínimo. Ficou então acertado que toda a verba de R$ 1,6 bilhão da reserva de contingência do orçamento 2001 será usada para bancar o aumento do mínimo. Assim, as emendas dos congressistas ficarão condicionadas à arrecadação a ser propiciada por projetos de combate à sonegação fiscal. Outra decisão: o novo salário mínimo entrará em vigor em 1º de abril, e não 1º de maio.

O líder do governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), abriu a reunião dos líderes partidários, na tarde desta terça, apresentando uma contraproposta do governo, a qual permitiria a elevação do mínimo para R$ 176,50, usando praticamente as mesmas mesmas fontes de recursos propostas pelo relator. Ele insistiu ainda que o Congresso deveria votar a emenda constitucional, em tramitação, que institui a contribuição previdenciária dos inativos do serviço público, mas ouviu a mesma argumentação da semana passada - a falta de tempo para esta votação.

Os líderes da base governista e das oposições ponderaram que existia uma diferença de apenas R$ 3,50 entre a proposta do Congresso e a do Executivo e não havia sentido insistir em R$ 176,50. O relator-geral propôs então o corte de R$ 500 milhões nos investimentos federais para o próximo ano, o que redirecionaria à Previdência Social os R$ 2,8 bilhões para que ela garanta o pagamento do mínimo de R$ 180 a 12,3 milhões de aposentados. À noite, o Palácio do Planalto não concordou com o uso de dinheiro dos investimentos no salário mínimo.

- Se os projetos de combate à sonegação e à elisão fiscal não renderem pelo menos R$ 1,7 bilhão, o governo está autorizado a cortar dinheiro das emendas dos parlamentares - afirmou várias vezes o senador Amir Lando aos líderes do governo. Para o relator-geral, os projetos de combate à sonegação devem aumentar a arrecadação no mínimo em R$ 3,4 bilhões no próximo ano.

No final, os líderes dos partidos que apóiam o governo acertaram com os representantes do governo desobstruir a pauta de votações da Câmara, para que entrem os projetos contra a sonegação. Dos quatro projetos com urgência constitucional, só ficaria um, que regulamenta a previdência complementar dos funcionários públicos. No início da noite, a Câmara aprovou o projeto da previdência complementar. Com isso, devem entrar em votação imediatamente uma proposta que dá à Receita Federal acesso às movimentações financeiras de suspeitos de sonegação e um projeto que punirá a elisão fiscal - uso abusivo de brechas da legislação para reduzir o imposto a pagar. Ficou decidido ainda que as lideranças darão apoio a um terceiro projeto anti-sonegação, que permite o uso, pela Receita, de dados de recolhimento da CPMF para investigar suspeitos de sonegação.

29/11/2000

Agência Senado


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