Conselho de Ética marca quatro novos depoimentos



O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado decidiu no início da noite desta quarta-feira (dia 4) convocar quatro novas reuniões para tomada de depoimentos no processo que apura se o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) feriu o decoro parlamentar em conversa com três procuradores da República, no início de fevereiro.

Serão ouvidos, após a Semana Santa, o dono da Eliseu Kopp, empresa que fabricou o painel de votações do Senado, os técnicos da Universidade de Campinas (Unicamp) que fizeram perícia no painel, o jornalista Fernando César Mesquita, ex-diretor de Comunicação Social do Senado, e o foneticista Ricardo Molina, que degravou uma das fitas que registraram a conversa de Antonio Carlos com os procuradores (da qual participou o jornalista). O primeiro depoimento será de Ricardo Molina, marcado para as 17h do dia 18.

As convocações foram propostas pelo relator do processo, senador Roberto Saturnino (PSB-RJ), e pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP), corregedor do Senado e que tem assento no Conselho de Ética. Molina foi reconvocado porque informou ao conselho ter conseguido entender, pelo uso de outras técnicas, novas palavras ou frases consideradas inaudíveis na primeira degravação.

Conforme cópia já enviada ao conselho, o senador Antonio Carlos Magalhães teria dito na conversa com os procuradores: "Lemos a lista", referindo-se aos votos dados secretamente pelos senadores na sessão que cassou o então senador Luiz Estevão. Na primeira degravação, Molina informou que não conseguira entender corretamente a frase. O jornalista Fernando César Mesquita declarou à imprensa, depois da reunião do conselho, que se trata "de mais uma fraude" do foneticista. "Eu estava lá e isso não foi dito", acrescentou.

O conselho decidiu convocar o proprietário da Eliseu Kopp porque a empresa foi contratada para fornecer ao Senado um programa de computador ligado ao painel de votações que fosse inviolável, mas peritos da Universidade de Campinas constataram a existência de 18 pontos frágeis no sistema.

Tais falhas poderiam permitir, conforme os peritos, que os resultados das votações secretas fossem conhecidos ou houvesse fraude durante as votações, com alteração dos votos dados. Já os técnicos da Unicamp foram convocados para explicar detalhadamente suas investigações em torno do programa dos computadores ligados ao painel.

Na mesma reunião, o Conselho de Ética ouviu novamente o senador Luiz Octávio (sem partido-PA), numa investigação que apura sua participação na aplicação indevida de dinheiro emprestado pelo BNDES para construção de balsas, no Pará. A relatora, senadora Heloísa Helena (PT-AL), perguntou se o senador mantinha a versão de que o Banco do Brasil tomou a iniciativa de reter o dinheiro, para quitar dívidas da empresa Rodomar, da qual era sócio Luiz Octávio.

Ante a resposta afirmativa do senador, Heloísa Helena leu trechos de depoimentos de advogados do Banco do Brasil e de um delegado da Polícia Federal que investigou o caso, em meados dos anos 80, nos quais eles sustentam que a iniciativa de usar o dinheiro para pagar dívidas, e não construir as balsas, fora dos próprios beneficiários do financiamento.

04/04/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Depoimentos no Conselho de Ética começam na próxima terça

Conselho de Ética aprova depoimentos de Cachoeira e Demóstenes

Conselho de Ética convida ACM e Arruda para depoimentos

Presidente do Conselho de Ética acompanha depoimentos em Salvador

Conselho de Ética decide sobre depoimentos de Cachoeira e Demóstenes

Tebet marca audiência do Conselho de Ética para quarta-feira