COP-15: Marina Silva diz que impasse continua e critica líderes mundiais



Em meio à viagem de retorno ao Brasil, a senadora Marina Silva (PV-AC) concedeu entrevista por telefone à Agência Senado. Ela falou de Portugal, onde aguardará cinco horas para tomar um voo de retorno ao Brasil, após cinco dias em Copenhague, Dinamarca, dedicada à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas - COP-15.

Após informar que até o momento de sua saída fez contato com os principais negociadores para saber sobre o andamento das discussões, a senadora disse que o momento é de impasse e que permanece a dúvida sobre a manutenção do Protocolo de Kyoto, que obriga os mais desenvolvidos a reduzirem as emissões de CO2.

Para Marina Silva, quanto ao fundo internacional a ser criado para subsidiar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, "está havendo um olhar equivocado" dos líderes mundiais. Ela observa que os países desenvolvidos se dispuseram a gastar US$ 14 trilhões para combater a crise econômica mundial, investindo em um modelo predatório de desenvolvimento, mas não são capazes de investir US$ 200 bilhões ao ano em ações que levam à mudança desse modelo.

- Lideranças tão poderosas para decidir sobre economia não são capazes de tomar uma decisão para salvar o planeta - lamentou, referindo-se à falta de acordo em relação ao fundo mundial para as mudanças climáticas e aos cortes de emissões de gases de efeito estufa.

Marina Silva disse que esperava que, com a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Copenhague, o Brasil pudesse se reposicionar. Referindo-se à ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, afirmou que a chefe da delegação brasileira adotou "posição equivocada", ao defender a não participação do Brasil com recursos para financiar ações de adaptação dos países mais pobres. Segundo Marina, tais recursos "poderão ser mobilizados" para que países da África e as ilhas sujeitas ao desaparecimento possam investir em ações de adaptação. E os países emergentes como Brasil, China, Índia, México e África do Sul também deveriam se comprometer em financiá-lo, já que também seriam beneficiados por ele.

- Tem que ser proativo. É essencial que ser efetivo naquilo que podemos fazer e não adotar, como o Brasil tem feito, uma postura dúbia. Quando interessa, reivindicam status de países desenvolvidos, e quando não interessa querem ser tratados como os países pobres - concluiu a senadora, para quem os países emergentes, entre os quais o Brasil, também têm responsabilidade quanto às emissões de gases de efeito estufa.

Ela admitiu, no entanto, que o Brasil já fez diferença ao apresentar uma meta de redução de emissões entre 36,1% e 38,9%, embora com a ressalva de tal meta estar vinculada apenas nas projeções de emissões até 2020.

Indagada sobre a oportunidade de o Brasil também ser beneficiado com recursos do fundo internacional, Marina disse que o fundo deverá ser criado de modo a "integrar duas possibilidades de ajuda". No curto prazo, seriam beneficiados os países pobres, mais ameaçados pelas mudanças climáticas. No longo prazo, o Brasil poderá ser beneficiado, com o financiamento de ações de mitigação dessas mudanças.



17/12/2009

Agência Senado


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