Coreografias do espetáculo da São Paulo Companhia de Dança



Les Noces (1923)

Coreografia de Bronislava Nijinska (1891-1972) sobre música homônima de Igor Stravinsky (1882-1971) com figurinos e cenários de Natalia Gontcharova (1881-1962).

Les Noces é a mais importante criação da russa Bronislava Nijinska. Apesar do mote aparentemente trivial – um casamento tradicional de camponeses russos apresentado em quatro movimentos – Les Noces se constitui num marco de inovação artística, por sua peculiar geometria de movimentos e sua austeridade cênica, aliadas à originalidade da composição de Stravinsky.

Les Noces incorpora à dança o movimento de ruptura inovadora do modernismo ao utilizar rituais núpcias da Rússia antiga para explorar as possibilidades do corpo de baile e trazer novos acentos à linguagem clássica, a partir do olhar feminino. As reações à época de sua estréia se dividiam entre o louvor arrebatado e a reprovação enfática. Nijinska desenha com os corpos linhas e formas abstratas, no espírito do construtivismo. A abstração sóbria de sua coreografia se funde à profunda e solene abstração da música de Stravinsky.

O balé original já foi executado por companhias como Oakland Ballet Company, Les Grands Ballets Canadiens, Compania Nacional de Danza (Cuba), Royal Ballet (Inglaterra), Wiener Staatsoper, Dance Theater of Harlem, Joffrey Ballet e Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, entre muitas outras. Coreógrafos como Maurice Béjart, Jerome Robbins, Jirí Kylián e Angelin Preljocaj realizaram novas versões de Les Noces.

Serenade (1935)

Coreografia de George Balanchine (1904-1983) com a música Serenata para Cordas em Si, Op. 48 (1880) de Peter Ilyitch Tschaikovsky (1840-93) Serenade, criada por George Balanchine para o début de sua School of American Ballet, aborda a distinção entre o bailado em sala de aula e a dança sobre o palco. "Parecia-me que o melhor meio de fazer os alunos compreenderem a técnica de palco era lhes dar algo novo para dançar, algo que nunca tivessem visto antes”, explicou o artista em um de seus escritos.

Com a série de exercícios e adaptações que esse trajeto formativo propunha, movimentos de riqueza inesgotável iam se organizando sobre a música de Tchaikovsky. Serenade é, 74 anos depois de sua criação, uma obra ainda rica em proposições artísticas, um clássico consagrado no repertório internacional.

Como Nijinska, o russo Balanchine, freqüentemente citado como o grande criador do balé moderno, explorou as questões formais impostas pela modernidade a partir do rigor clássico. Depois de se exilar no ocidente, em 1924, e juntar-se à companhia de Sergei Diaghilev (1872-1929), entrou em contato com artistas como Stravinsky, Prokofiev, Satie, Ravel, Cocteau, Chagall e Picasso. Com a saída de Nijinska, tornou-se, então com 21 anos, o principal coreógrafo do Ballet Russo de Diaghilev. Sua influência se ampliou quando partiu para os Estados Unidos, em 1933, onde fundou a School of American Ballet, que culminaria com a criação do New York City Ballet.

Estabelecendo uma relação radical entre som e movimento, Balanchine se consolidou como grande mestre na dança abstrata fundada na base musical, com um legado que ecoa em obras como a de William Forsythe, Alvin Ailey, John Neumeier, Robert Joffrey, Twyla Tharp e até os modernos Alwin Nikolais e Merce Cunningham, além, é claro, de Jerome Robbins.

Entreato de Paulo Caldas

A presença da criação inédita de Paulo Caldas no segundo programa da Companhia reitera sua proposta artística, de congregar tradição e ruptura. Criador que escreve com luz e movimento, Paulo Caldas é bailarino e coreógrafo amplamente reconhecido por seu talento e seu olhar inquieto.

Premiado nacional (Melhor Execução da XI Mostra para Novos Coreógrafos, Rio de Janeiro, 1995; Prêmio Mambembe/Funarte, 1995 e 1997; Melhor Coreógrafo do Prêmio Rio Dança 1998) e internacionalmente (Wettbewerb für Choreographen Hannover) por sua pesquisa coreográfica, Paulo Caldas é atualmente bailarino e coreógrafo da Staccato Dança Contemporânea. A música de Sacha Amback foi composta especialmente para esta obra.

Mariana Garbin com São Paulo Companhia de Dança



11/07/2008


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