CPI da Exploração Sexual faz audiências públicas em Fortaleza



A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Exploração Sexual realizou um debate nesta terça-feira (1º) em Fortaleza (CE) e ouviu também depoimentos de testemunhas, acusados e vítimas de casos de turismo sexual e tráfico de seres humanos. O primeiro depoimento foi o de uma vítima da chamada -conexão Santander-, que enviava mulheres para se prostituírem na Espanha. Ela começou o depoimento às 15h, na Assembléia Legislativa do Ceará, encapuzada e protegida pela Polícia Federal.

Catorze convidados participaram do debate -Turismo sexual e tráfico de seres humanos-. Entre eles, o secretário de Turismo do Ceará, Allan Pires Aguiar, e Leila Paiva, do Programa Nacional de Combate ao Tráfico de Seres Humanos do Ministério da Justiça. Dos convidados, apenas o presidente da seção cearense da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, Eliseu Barros, não compareceu.

A senadora Patrícia Saboya (PPS-CE), presidente da CPI, fez um relato sobre os trabalhos da comissão, que -recebeu mais de 800 denúncias e ouviu cerca de 400 pessoas em suas reuniões de audiências públicas e diligências reservadas em quase todos os estados da federação-. Durante sua apresentação, a senadora cearense defendeu o turismo como atividade econômica importante para o Nordeste, mas asseverou que o turismo sexual é -predatório e mancha a imagem da região-. Além de objeto de -vergonha- por parte do povo local, Patrícia Saboya afirmou que o turismo sexual é imediatista e prejudicial à economia, pois o verdadeiro turista que viaja com a família e fica mais tempo acaba por se afastar e optar por outros destinos.

A relatora da CPI, deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), disse estar satisfeita e esperançosa com relação às ações que estão sendo tomadas no Ceará para combater o abuso sexual. Ela disse esperar que, após a apresentação do relatório final da CPI, governo e sociedade possam -caminhar juntos implementando ações em todos os estados, como o Código de Conduta Ética do Turismo produzido no Ceará-.

Falaram também a presidente da Frente Parlamentar pela Infância no Ceará, deputada estadual Tânia Gurgel (PSDB), o secretário de Ação Social do estado, Raimundo Gomes de Matos, a delegada da Criança e Adolescente, Rena Gomes de Moura, e representantes de entidades não-governamentais, como Sérgio Porto, da Associação das Empresas de Compra, Venda e Aluguel do Ceará; Francisco Edmilson Rodrigues, da Associação de Agentes de Viagens; Marco Aurélio Câmara, da Associação de Meios de Hospedagem e Turismo, e Jean-Paul Bernard, diretor da rede Delphia Hotéis Fortaleza. E ainda Márcia Cristiane, do Fórum de Enfrentamento da Violência Sexual do Ceará, e Maria da Paz Oliveira Pontes, do Conselho Estadual de Direito da Criança e Adolescente.



01/06/2004

Agência Senado


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