CPI DO ROUBO DE CARGAS QUEBRA SIGILO DE 26 PESSOAS E EMPRESAS
A Comissão Mista Parlamentar de Inquérito que investiga o roubo de cargas aprovou, nesta terça-feira (dia 30), a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de 26 pessoas e empresas. A lista foi concebida a partir dos trabalhos das CPIs do Narcotráfico e dos Medicamentos, promovidas pela Câmara dos Deputados. Consta da lista o nome de Artur Eugênio Mathias, cuja prisão chegou a diminuir o número de assaltos a caminhões na cidade de Campinas (SP). Agora solto, ele volta a ser investigado, desta vez pela CPI do roubo de cargas.Em depoimentos sigilosos, empresários e representantes de transportadoras passaram aos parlamentares nomes de pessoas envolvidas com o roubo e o "desmanche" de caminhões. Além disso, de acordo com o relator da CPI, deputado Oscar Andrade (PFL-RO), os depoentes apontaram também pessoas e empresas suspeitas, o que não poderia ser feito publicamente, pela ausência de provas.Romeu Natal Panzan, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de São Paulo (Setcesp); Artenir Werner, diretor superintendente da Transportadora Dalçoquio; Roberto Mira, diretor da coordenação nacional para o combate ao roubo de cargas; e o coronel Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança da Setcesp, entregaram ao senador Romeu Tuma (PFL-SP), presidente da CPI, uma lista de sugestões para ajudar no combate ao roubo de cargas.O senador Moreira Mendes (PFL-RO) lembrou a correlação existente entre o roubo de cargas e o contrabando de veículos para países como Paraguai e Bolívia. Ele questionou ainda sobre os solventes químicos que são constantemente roubados. Para Moreira Mendes, isto comprovaria a ligação das quadrilhas com a indústria do narcotráfico.Durante a audiência pública, os depoentes relataram em detalhes a situação sofrida pelas empresas transportadoras, que destinam a gastos com segurança até 15% de seu faturamento. Eles explicaram que as quadrilhas, organizadas em "células", para evitar que os receptadores sejam identificados, agem impunemente. Para Roberto Mira, "a CPI é a última esperança" dos empresários do setor, que desde o final dos anos 80 viram o número de roubos de cargas disparar e já não podem arcar com as exigências das companhias seguradoras. De acordo com os dados apresentados, apenas 50% das cargas são cobertos por seguros, e as projeções apontam para prejuízos da ordem de meio bilhão de reais até o final deste ano.
30/05/2000
Agência Senado
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