CPI do Roubo de Cargas quebra sigilo de ex-piloto



A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o roubo de cargas em todo o país ouviu, nesta terça-feira (dia 8), o depoimento do ex-piloto de fórmula Truck, Gilberto Luiz Hidalgo, e do empregado de sua família, Claudionor Santos. Os dois foram presos no dia 20 de março, quando foram encontradas dezenas de carretas - várias delas adulteradas - e cargas roubadas em um terreno de propriedade de Gilberto, na altura do km 242 da rodovia Rio-Santos. A polícia também encontrou ali diversas placas e documentos de veículos roubados.

Gilberto, que foi solto por um habeas corpus, concorria até o ano passado com um caminhão Mercedes-Benz na fórmula Truck. Ele alegou que havia alugado parte de seu terreno de 30 mil metros quadrados a Márcio Lúcio Santos, que seria o verdadeiro responsável pelos veículos roubados e teria fugido.

O ex-piloto, que disse viver de seu trabalho como caminhoneiro, explicou que foi empresário e chegou a ter 350 carretas e a operar anualmente 16 mil containers no porto de Santos-SP. Ele relatou que, após ir à falência, passou a trabalhar apenas como caminhoneiro. Quanto a 70 semi-reboques que possuía em sua propriedade, Gilberto disse que estão em litígio na Justiça. Questionado pelo relator da CPI, deputado Oscar Andrade (PFL-RO), Gilberto caiu em várias contradições e chegou a ser advertido pelo presidente da comissão, Romeu Tuma (PFL-SP), de que poderia ser preso por mentir à CPI.

Ele não soube dizer o nome do dono de uma caminhonete F1000 que estava em seu poder quando foi preso. "Um rapaz me emprestou", afirmou. Acareados, Gilberto e Claudionor se complicaram em diversos momentos. Claudionor disse à CPI que trabalhava como mecânico na oficina do pai de Gilberto, José Hidalgo Ruiz. Já o ex-piloto disse que Claudionor era uma espécie de "curinga", que servia à loja de autopeças da família. Enquanto o funcionário disse que José Hidalgo não possuía frota de carretas e que a oficina consertava apenas caminhões de terceiros, Gilberto afirmou que "todos os consertos eram feitos em carretas da frota particular".

Além disso, ambos não souberam descrever a aparência de um suposto vigilante que faria a segurança do terreno de Gilberto e nem puderam especificar onde começava a parte da propriedade que estaria alugada. A CPI decidiu quebrar os sigilos telefônico, fiscal e bancário de Claudionor Santos e Gilberto Luiz Hidalgo, e ainda de seu pai, José Hidalgo Ruiz, e de sua irmã, Wânia Maria Hidalgo da Silva.

08/05/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


CPI DO ROUBO DE CARGAS QUEBRA SIGILO DE 26 PESSOAS E EMPRESAS

Tião Viana pede quebra de sigilo de caseiro, oposição reage e pede quebra de sigilo de Okamotto e filho de Lula

PF prendeu 25 por roubo de cargas em 2010

CPI do Roubo de Cargas investiga empresários

CPI do Roubo de Cargas faz diligências no sul do país

CPI do roubo de cargas retoma os trabalhos