CPI DOS BANCOS ABRIU `CAIXA PRETA¿, DIZ RELATOR



A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o sistema financeiro "abriu uma caixa preta", desvendando operações irregulares entre o Banco Central e várias instituições, mas contribuirá para tornar mais transparente o sistema financeiro nacional, afirmou, nesta terça-feira (dia 27), o relator da comissão, João Alberto Souza (PMDB-MA). O senador lamentou a opção de Francisco Lopes de não depor na CPI, mas disse que se o ex-presidente do Banco Central resolvesse responder às indagações dos senadores da comissão "iria suar".- Eu mesmo tinha vinte perguntas para fazer a ele. Fizemos um levantamento interessante, a partir das informações de vários documentos, que poderíamos cruzar. Essa CPI abriu uma caixa preta, mas vamos ter mais transparência do sistema financeiro nacional daqui pra frente - afirmou.De acordo com as informações que chegaram ao relator, o Banco Central perdeu US$ 1,574 bilhões nas operações efetuadas com os Bancos Marka e FonteCindam, durante a desvalorização cambial, em janeiro. O senador concorda com as observações feitas pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, de que a livre flutuação cambial é o melhor sistema para dar transparência ao mercado financeiro. Com o câmbio livre, observou, o governo não deverá mais investir no mercado futuro.Sobre a decisão de Francisco Lopes, que se negou a assinar o compromisso de dizer a verdade e depor na CPI, João Alberto disse que foi uma surpresa.- Não esperava essa estratégia dos advogados. Eu aguardava era uma ampla explanação de um professor, procurando contornar o engano das assertivas que repousavam sobre ele. Acho que um homem público tem por obrigação prestar esclarecimentos a qualquer momento sobre seus atos. A negativa dele deixa dúvida sobre seu comportamento - disse o relator da CPI.Quando Francisco Lopes permanecia na sala de segurança do Senado, após a decretação de sua prisão pelo presidente da CPI, senador Bello Parga (PFL-MA), João Alberto disse que tentou convencê-lo a falar na comissão. Mas o ex-presidente do Banco Central respondeu que essa era a estratégia estabelecida pelos seus advogados. - Fiquei muito constrangido de estar lá, principalmente porque estava ao lado de um professor de renome e ex-presidente do Banco Central - observou o senador.Para João Alberto, a CPI não terá seus trabalhos abreviados diante desse episódio envolvendo Francisco Lopes, até porque há uma série de depoimentos que ainda serão tomados, bem como assuntos diversos de investigação sobre as práticas do mercado financeiro.

27/04/1999

Agência Senado


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