CPI dos Sanguessugas deve decidir próximos passos nesta terça-feira



Até o final da manhã desta segunda-feira (31), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas ainda não havia confirmado a reunião inicialmente prevista para as 11h desta terça-feira (1). Segundo o vice-presidente da CPI Mista, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), falta a convocação da reunião pelo presidente do colegiado, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ).

- Falta o presidente da CPI confirmar a reunião. Ainda não consegui falar com o Biscaia, mas parece que ele ainda está no Rio, em compromissos de campanha - afirmou Jungmann.

Anunciada na semana passada, a reunião foi marcada com o objetivo de fazer um balanço dos trabalhos desenvolvidos desde o dia 22 de junho, data da sua instalação, e definir os próximos passos a serem dados. Instalada com o objetivo de apurar denúncias de irregularidades no uso de recursos do Orçamento da União para a compra de ambulâncias destinadas a municípios com preços superfaturados, a CPI Mista pretende apresentar o relatório final desta primeira fase de investigação entre os dias 9 e 16 de agosto. Em um mês e meio de atuação, o colegiado concentrou seus trabalhos nos atuais e ex-congressistas denunciados por participação no esquema de fraudes.

Até agora, já foram notificados 90 parlamentares (87 deputados e três senadores) acusados de serem autores de emendas superfaturadas que beneficiaram a Planam, empresa apontada como organizadora da "máfia das ambulâncias". A investigação teve início em 2004, na Controladoria Geral da União (CGU), que descobriu licitações irregulares para a compra de ambulâncias em vários municípios, todas ligadas ao grupo Planam, e também constatou a ligação de atuais e ex-parlamentares com o esquema.

A partir daí, a Polícia Federal e o Ministério Público iniciaram uma ampla investigação, batizada de "Operação Sanguessuga", e desmontaram a quadrilha que acreditavam ser formada até então apenas por funcionários do Ministério da Saúde, parlamentares, prefeitos e empresários.

Segunda fase

Hoje, a CPI Mista já tem provas de que o esquema funcionava pelo menos desde o ano 2000 e envolvia também a área de Ciência e Tecnologia e possivelmente outros ministérios. Por isso, o presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), anunciou que deve haver uma segunda fase de investigações para analisar o envolvimento do Poder Executivo no esquema.

A dúvida, segundo Biscaia, é a data do início dessa nova etapa. Alguns parlamentares defendem que o trabalho não seja interrompido, iniciando-se a segunda fase logo em seguida à divulgação do relatório com os nomes dos congressistas envolvidos. Mas essa não é a opinião unânime dos membros da CPI. Biscaia, por exemplo, teme que os compromissos eleitorais dos congressistas provoquem falta de quórum nas reuniões. Por isso, deve propor a continuação dos trabalhos somente para depois das eleições de outubro.



31/07/2006

Agência Senado


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