CPI marca depoimento de Luiz Antônio Vedoin para o dia 25



A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas decidiu marcar para a terça-feira (25) o depoimento de Luiz Antônio Trevisan Vedoin, apontado pela Polícia Federal como um dos principais organizadores do esquema de compra superfaturada de ambulâncias com recursos do Orçamento da União. O relator da CPI Mista, senador Amir Lando (PMDB-RO), defendeu a convocação de Trevisan por acreditar que, apesar da riqueza de detalhes das informações do empresário à Justiça, muito pontos ainda precisarão ser esclarecidos. Lando pretende apresentar um relatório parcial em três de agosto.

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-Temos que ter critérios objetivos para, a partir de um juízo de valor sério e justo e de uma análise cautelosa de fatos, documentos e depoimentos, contrastarmos palavras e provas. Só assim estaremos aptos para, ao final, verificarmos, se houve ou não conduta ilícita ou indecorosa - disse Lando, ao lembrar que o número de parlamentares envolvidos no esquema, de acordo com as denúncias de Trevisan "é bem maior do que se imagina".

O empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin é proprietário da empresa Santa Maria Comércio e Representações e sócio de seu pai, Darci José Vedoin - já ouvido pelos integrantes da Comissão - na Planam Comércio e Representações. Há dez dias, ele vem prestando depoimento ao juiz Jefferson Schneider, da 2ª Vara Federal no Mato Grosso. De acordo com o presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), o juiz se disse impressionado não só com a riqueza de detalhes do depoimento, mas também com as provas que Trevisan teria apresentado em juízo. Biscaia lembrou que muitas dessas provas não foram conseguidas nem mesmo pela Polícia Federal, durante a operação que ficou conhecida como sanguessuga.

O presidente da CPI acha que só após a análise do depoimento e dos documentos apresentados pelo empresário, que serão remetidos pela Justiça à comissão, será possível definir sobre a necessidade ou não de se ouvir Trevisan novamente. Amir Lando, no entanto, foi enfático ao defender a convocação.

O senador lembrou que o benefício legal da delação premiada - oferecido aos autores de crimes em troca da diminuição da pena - muitas vezes resulta em excessos, pois é comum que o acusado "tente livrar a própria pele e transferir toda a responsabilidade para os outros", no caso os parlamentares.

- Inclusive é o que parece que está acontecendo neste caso, pois, pelo que fui informado, eles [os empresários] estão tentando passar a imagem de que foram os missionários do bem e nós, parlamentares, os emissários do Apocalipse - disse Lando, ao esclarecer que preferiu falar nos parlamentares como um conjunto, já que não se sabe ainda os nomes dos envolvidos no esquema de fraudes.

Em resposta a questionamentos da imprensa e de alguns parlamentares sobre o vazamento de informações, que conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) deveriam estar sendo mantidas sob sigilo, tanto o presidente como o relator da CPI garantiram que as reuniões para ouvir os depoimentos já tomados até o momento foram fechadas e que não partiu deles qualquer vazamento.

Biscaia informou, no entanto, que irá encontrar-se novamente com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Ellen Gracie. A intenção do presidente é reiterar o pedido de fim do sigilo em relação aos nomes dos parlamentares citados nos inquéritos policiais da Polícia Federal e o dos que já foram denunciados pelo Ministério Público - um total de 57 parlamentares.



12/07/2006

Agência Senado


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