Luiz Antonio e Darci Vedoin serão acareados com o genro de Serys
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado decidiu marcar para a próxima terça-feira (12) uma acareação a quatro: serão confrontadas as versões de Darci Vedoin e Luiz Antonio Vedoin, sócios-proprietários da Planam, e a de Paulo Roberto Ribeiro, genro da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), sobre recursos que Ribeiro teria recebido dos Vedoin. Participará ainda da acareação o genro de Darci Vedoin e funcionário da Planam, Ivo Marcelo Spínola da Rosa.
- Tem muita gente mentindo, há muitas contradições e é preciso resgatar a verdade, inclusive com provas materiais - disse o senador Paulo Octávio (PFL-DF), relator do processo contra Serys no Conselho de Ética.
A senadora está sendo processada no Conselho de Ética por ter sido citada no relatório parcial da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas por possível envolvimento com a máfia das ambulâncias.
Paulo Octávio afirmou ser ainda cedo para uma conclusão sobre o caso e relatou que nenhum dos depoentes afirmou que a senadora tivesse recebido, ela própria, qualquer tipo de recurso. O genro dela disse ainda, segundo Paulo Octávio, que não negociou com a senadora a apresentação de emendas. De todo modo, Paulo Octávio decidiu requerer a oitiva de assessores parlamentares da senadora.
Ribeiro e Spínola foram acareados nesta quarta-feira, sem que Paulo Octávio e os demais membros do conselho ficassem esclarecidos sobre o suposto pagamento de propina a Serys pela Planam, em troca da apresentação de emendas no valor de R$ 700 mil para a compra de ambulâncias por prefeituras de Mato Grosso.
Spínola disse ter presenciado Luiz Antonio Vedoin entregar entre R$ 35 mil e R$ 40 mil a Ribeiro, mas o genro de Serys nega essa afirmação. Admite ter recebido um cheque no valor de R$ 37,2 mil como pagamento de equipamentos hospitalares que teria vendido à Planam. Ribeiro chegou a apresentar um recibo de depósito bancário no valor de R$ 37,2 mil, mas não apresentou cópia do cheque, a fim de que os senadores pudessem conferir a identidade do emitente, o que deverá ser resolvido com a quebra do sigilo bancário dos dois, sugerida por eles próprios, conforme Paulo Octávio. De antemão, Spínola afirmou ter deixado cheques assinados para as atividades da Planam em Cuiabá, já que se dedicava mais aos negócios realizados pela empresa em Salvador.
Para o senador Demóstenes Torres (PFL-GO), que é relator do processo contra o senador Magno Malta, embora a empresa de Ribeiro tenha registro para realizar uma ampla gama de negócios, "é estranho" que tenha fornecido armários para a Planam, quando esta empresa tem marcenaria.
- Além do mais, não há recibo da venda do material (do qual constavam ainda cadeiras e camas) e o responsável pela entrega já morreu - observou Demóstenes.
Sobre a questão dos valores contraditórios, o senador por Goiás pediu que os jornalistas atentassem para o fato de que o valor em dinheiro e ovalor em cheque somam R$ 72,2 mil, aproximadamente 10% do valor das emendas que teriam sido combinadas com Serys. Os donos da Planam disseram à CPI que 10% sobre o valor das emendas era o percentualdas propinas.
Demóstenes expôs também as contradições entre o conteúdo da defesa apresentado pelo senador Magno Malta e a carta enviada na terça-feiraao Conselho de Ética pelo deputado Lino Rossi (PP-MT). Segundo o senador, o primeiro afirmouter recebido uma van de Rossi, a título de empréstimo, em 2003, e devolvido o veículo em 2005. Já Lino Rossi escreveu ao conselho dizendo que a van foi entregue a Malta em 2002 e devolvida um ano e meio depois.
Sobre o depoimento da assessora do Ministério da Saúde Marilane Cavalcanti de Albuquerque, ocorrido pela manhã, Demóstenes pediu que se observasse que ela disse ter recebido ligação do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), outro com processo no conselho. Ele a teria procurado para saber da liberação de dinheiro referente a emendas de sua autoria para a compra de ambulâncias.
- Como é que ele cobrou a liberação de emendas que diz não ter apresentado? - questionou Demóstenes.06/09/2006
Agência Senado
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