CPI tem acesso a conversas telefônicas



O sub-relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), obteve junto à Polícia Federal, nesta segunda-feira (24), a transcrição de conversas telefônicas mantidas em 2005 entre membros da família Vedoin, proprietária da empresa Planam e acusada de chefiar a chamada "máfia das ambulâncias", e parlamentares e assessores de parlamentares suspeitos de participação no esquema.

Segundo Sampaio, ainda não houve tempo para uma análise aprofundada do material, mas as conversas forneceriam fortes indícios para o aprofundamento das investigações.

Até agora, foram abertos inquéritos contra 57 parlamentares, os mesmos notificados pela CPI e cujos nomes foram tornados públicos pela comissão. No entanto, Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos sócios da Planam, chega a apontar 112 nomes, entre parlamentares e ex-parlamentares.

Neste sentido, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), vice-presidente da comissão, protocolou, nesta segunda-feira, ao lado dos deputados Fernando Gabeira (PV-RJ), José Carlos Aleluia (PFL-BA) e Carlos Sampaio - todos sub-relatores - e da senadora Heloisa Helena (PSOL-AL), requerimento solicitando que todos os demais envolvidos sejam notificados e tenham a oportunidade de apresentar sua defesa à CPI. Em outro requerimento, os mesmos autores requerem a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de todos os citados no depoimento de Luiz Antônio Trevisan Vedoin à Justiça do Mato Grosso, o que incluiria, como explicou Jungmann, não só parlamentares e assessores, mas também membros do Executivo.

No entanto, Sampaio ponderou que a quebra de sigilos não precisaria ser feita agora, assim como os depoimentos dos envolvidos. Ele ressaltou que, no momento, há outros elementos que permitem evidenciar a participação dos parlamentares na "máfia das ambulâncias".

- Realizar depoimentos e quebrar sigilos agora pode fazer com que percamos o foco. Isso deve acontecer após a apresentação do relatório - alertou.

Para Jungmann, seria importante aprovar requerimentos de convocação antes da apresentação do relatório, "para assegurar perante a sociedade que os envolvidos serão ouvidos". O relator, senador Amir Lando (PMDB-RO), deve apresentar um primeiro balanço parcial no dia 18 de agosto.

Defesas

Apesar de alguns dos 57 parlamentares citados pela CPI terem obtido prolongamento do prazo para defesa, terminaria nesta segunda-feira o período para que os supostos envolvidos apresentassem suas explicações à comissão por escrito. Nem todos se manifestaram, e os esclarecimentos poderão ser prestados até o final da semana, segundo o sub-relator Fernando Gabeira.

No entanto, naquele que seria o último dia, foi grande a movimentação na Secretaria das Comissões. Um dos mais exaltados dos parlamentares citados, o deputado Itamar Serpa (PSDB-RJ) criticou o colegiado por não permitir a todos o acesso aos documentos necessários à defesa e por promover um "verdadeiro massacre".

24/07/2006

Agência Senado


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