Paulo Lacerda diz que não há provas de que Abin grampeou conversas telefônicas
Ao depor nesta quarta-feira (17) na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional, o diretor-geral afastado da Agência Nacional de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, afirmou que ninguém tem provas de que a agência foi a responsável pelas gravações telefônicas que teriam sido feitas durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Entre as interceptações, estava a de uma conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Para Lacerda, o maior exemplo disso é que a própria revista Veja - responsável pela publicação com informações sobre os "grampos" telefônicos - não apresentou a gravação. Segundo o dirigente afastado da Abin, portanto, não há prova de que a agência tenha praticado tal crime. Lacerda encarou como normal o fato de a agência de inteligência ter cedido alguns de seus quadros funcionais para ajudar e apoiar a Polícia Federal na Operação Satiagraha. Afinal de contas, lembrou, todos são funcionários públicos.
- Entendo que foi uma decisão acertada da Abin apoiar a Polícia Federal, que também faz parte do sistema de inteligência do país - salientou Lacerda.
O presidente da comissão mista, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), lembrou a existência de grampos ilegais em todo o país e disse que há uma "caveira de burro enterrada dentro da Abin", referindo-se às dificuldades enfrentadas pela agência.
O diretor afastado do Departamento de Contra-Inteligência da Abin, Paulo Maurício Fortunato Pinto, que também prestou depoimento, confirmou que a agência cedeu funcionários para trabalhar, por meio de escalas, na Operação Satiagraha. Acrescentou que os pedidos partiram do delegado Protógenes Queiroz, responsável pelas investigações. E declarou que a Abin cedeu equipes de funcionários, que variaram de quatro a oito pessoas, trabalhando em esquema de rodízio.
Outro a falar na comissão mista foi o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Armando Félix. Ele isentou a Abin de qualquer participação ilegal na Operação Satiagraha e chegou a condenar as vozes que defendem a extinção da agência. O general aconselhou os críticos a conhecerem melhor o trabalho da Abin a fim de que seja melhor discutido o papel da agência dentro do Estado brasileiro.
17/09/2008
Agência Senado
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