CRE aprova Carneiro Leão para o Canadá



A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou nesta quinta-feira (15), por unanimidade, a indicação de Valdemar Carneiro Leão para o cargo de embaixador do Brasil no Canadá. A mensagem presidencial contendo a indicação será agora examinada pelo Plenário. O futuro embaixador agradeceu os votos favoráveis lembrando que o apoio do Congresso Nacional é um instrumento poderoso na legitimidade com que um embaixador defende os interesses nacionais.

Em sua explanação inicial, o futuro embaixador no Canadá explicou que o país tem 32 milhões de habitantes, é bilíngüe, multicultural e destaca-se por sua preocupação social, especialmente com a educação e a saúde públicas. O Canadá, como destacou o diplomata, tem uma renda per capita de US$ 23 mil, o que o coloca entre um dos melhores países do mundo em qualidade de vida para a população. Na opinião de Carneiro Leão, ainda há um grande potencial de crescimento no comércio entre Brasil e Canadá.

Superar a beligerância entre as empresas de aviação Embraer e a Bombardier, ao lado de ativar novas áreas de cooperação comercial e científica, são as prioridades do futuro embaixador no Canadá. A crise entre as empresas de aviação existe desde 1996 e é resultado de disputa por mercados internacionais. O pior período para o relacionamento bilateral ocorreu em 2001, quando o Canadá acusou o Brasil de vender carne bovina contaminada com a doença da vaca louca, o que foi logo desmentido.

O embaixador afirmou que a disputa entre as duas empresas é um problema em vias de ser solucionado, mas que ainda não foi de todo resolvido. O senador Hélio Costa (PMDB-MG) afirmou que o Canadá foi muito injusto e covarde com o Brasil quando questionou a qualidade da carne bovina existente no país. -O Canadá fez o impensável, não podemos deixar acontecer de novo-, afirmou Costa. Carneiro Leão disse que as duas empresas terão que encontrar uma forma de concorrer no mercado internacional de maneira não belicosa.

O senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) e o presidente da CRE, Eduardo Suplicy (PT-SP), questionaram Carneiro Leão sobre a posição do Canadá em relação à criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Carneiro Leão respondeu que o processo de criação da Alca ainda está em andamento e que nada está definido ainda.

O senador João Capiberibe (PSB-AP) observou que o Brasil tem muito a aprender com as técnicas desenvolvidas pelo Canadá para manejo florestal, apesar de guardadas as diferenças entre as frias florestas canadenses e as tropicais brasileiras. O senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) sugeriu que o Brasil aprenda com o Canadá a forma de lidar com as árvores, uma vez que aquele país exporta madeira e o Brasil -trata suas árvores como vacas indianas sagradas, intocáveis-. Carneiro Leão garantiu que dará especial atenção à área florestal.

O senador Marcelo Crivella (PL-RJ) pediu mais recursos para as representações brasileiras no exterior. Os senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Luiz Otávio (PMDB-PA) elogiaram a indicação de Carneiro Leão para o cargo.



15/05/2003

Agência Senado


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