CRE ouve esclarecimentos de procuradores sobre apreensão de documentos no Pará



Os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) Guilherme Zanina Schelb, Marlon Alberto Weichert e Felício Pontes Júnior explicaram aos senadores da Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) as circunstâncias em que se deu a apreensão de documentos secretos numa instalação da Inteligência do Exército Brasileiro em Marabá há cerca de dois meses. Segundo o procurador Guilherme Schelbi, toda a operação foi realizada de acordo com a lei, com mandado de busca e apreensão, além de ter sido inteiramente filmada por duas câmeras, uma vez que a apreensão faz parte do inquérito civil público que pretende localizar as ossadas dos guerrilheiros mortos na região.

O procurador Marlon Alberto disse que não existe uma "versão do Ministério Público Federal" para a apreensão dos documentos e que os fatos estão todos certificados nos autos. Ele explicou que não poderia dar maiores detalhes porque o processo está correndo em segredo de justiça. O procurador Felício Pontes esclareceu que o inquérito civil não tem qualquer intenção de "revanchismo político", mas apenas o dever constitucional e o sentido humanitário de localizar as ossadas para que os familiares dos desaparecidos possam "chorar seus mortos".

Felício disse ainda que o MPF está empenhado em fazer com que o governo federal, a exemplo do que fez com as famílias dos desaparecidos na guerrilha do Araguaia, também reconheça o sofrimento dos habitantes da região e conceda indenização aos sobreviventes e familiares dos já falecidos.

- Moradores daquela região também sofreram com torturas e o incêndio de suas casas e plantações, que serviam de apoio logístico aos guerrilheiros - explicou.

O senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) parabenizou os procuradores e disse que a desinformação sobre o episódio ajudou a criar um "clima de guerra, incompreensão e risco" para os próprios procuradores, "por pessoas que não entenderam a finalidade do trabalho na região".

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) felicitou os procuradores pelos dados claros e precisos que apresentaram, dizendo que não podia "fazer o mesmo com o procurador-geral". Para Simon, os procuradores foram além do cumprimento do dever.

- A Justiça já não julga, já não decide, pelo menos a opinião pública pode saber o que está acontecendo através de depoimentos como esse - acrescentou.

O presidente da CRE, senador Jefferson Peres (PDT-AM), cumprimentou os procuradores pela "exposição serena, evitando agredir instituições que precisam ser preservadas". Jefferson Peres disse que os agentes dessas instituições podem até cometer erros, mas é preciso não esquecer que elas são vitais para a sobrevivência do país.

- O Brasil só será um país do qual podemos nos orgulhar quando um guarda de trânsito parar um carro e, ao ouvir a frase: "Sabe com quem está falando?", ele puder responder: "Sei, estou falando com um infrator da lei", e aplicar-lhe a multa - disse o senador.

23/10/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


SUBCOMISSÃO OUVE CINCO PROCURADORES SOBRE LIBERAÇÃO DE VERBAS PARA TRT-SP

Deputado Vieira faz relato sobre apreensão de documentos na casa de Diógenes

CPI ouve depoimentos sobre apreensão de drogas no Parque Harmonia

JÁDER QUER ESCLARECIMENTOS SOBRE DENÚNCIA DE SUBTRAÇÃO DE DOCUMENTOS

CFC ouve procuradores sobre evasão de divisas e "lavagem de dinheiro"

PROCURADORES MOSTRAM DOCUMENTOS "COMPROMETEDORES" E CPI ADIA MAUCH