Crise da lavoura do cacau na Bahia é debatida em audiência



A crise da lavoura cacaueira da Bahia - que é o maior produtor do país - foi tema da audiência pública realizada nesta quarta-feira (15) pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). Durante a reunião, vários senadores pediram maior atenção do governo federal com o setor, além de solicitar melhores condições para o pagamento das dívidas dos agricultores. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária da Brasil (CNA), os produtores de cacau baianos têm um passivo estimado em mais de R$ 700 milhões.

No final dos anos 80, os agricultores do setor já enfrentavam a queda dos preços internacionais do cacau quando surgiu a praga da vassoura-de-bruxa, causada por um fungo, que arrasou boa parte das plantações locais - concentradas no sul do estado. E o país, que durante muito tempo foi o segundo maior produtor mundial desse fruto, impulsionado pela Bahia, figura atualmente entre a quarta e a quinta posição.

Devido a essas e outras dificuldades, a produção do estado, que se aproximou das 400 mil toneladas em meados dos anos 80, caiu para cerca de 123 mil toneladas entre 1999 e 2000. Na safra de 2005/2006, a produção foi de aproximadamente 172 mil toneladas.

O senador César Borges (DEM- BA), autor do requerimento para a realização da audiência, defendeu a renegociação das dívidas desses agricultores - destacando que ele próprio é um cacauicultor e provém de uma família de produtores de cacau. Também se manifestaram favoravelmente à renegociação o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia, João Martins da Silva Júnior, e os senadores Jonas Pinheiro (DEM-MT) e Kátia Abreu (DEM-TO).

O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia disse que essas dívidas aumentaram, entre outros fatores, devido às taxas de juros cobradas. Já César Borges argumentou que os investimentos feitos pelo cacauicultores na tentativa de desenvolver outros tratos culturais (diferentes daquele afetado pela praga da vassoura-de-bruxa) foi uma das razões para a expansão dos débitos.

Quanto a possíveis investimentos na região, o diretor geral da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, Gustavo Costa de Moura, afirmou que há estudos no Ministério da Agricultura que prevêem recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a lavoura cacaueira.

- Mas isso ainda não está formalizado - ressalvou ele.

Ausência

César Borges criticou ainda a ausência do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, na audiência pública, já que este havia sido convidado para ser um dos palestrantes.

- [Comparecer] é o mínimo que se pode fazer - declarou César Borges, acrescentando que a ausência de Stephanes "é uma desconsideração para com esta comissão e a situação da lavoura cacaueira".

Kátia Abreu foi outra a criticar o governo federal, afirmando que o governo federal não dispensa a devida atenção à agricultura do país. Ela ressalvou, no entanto, que "o problema não é apenas deste governo, mas dos passados também". Mas, quanto à renegociação de dívidas, ela afirmou que Stephanes "tem tentado ajudar, e muito".

- Tenho fé nele - ressaltou a senadora.



15/08/2007

Agência Senado


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