Crise nos Estados Unidos depois do 11 de Setembro faz brasileiros retornarem ao País
Depois de 11 anos vivendo nos Estados Unidos, o trabalhador da construção civil Jovino Caldeira Coutinho, de 45 anos, resolveu fazer as malas e voltar ao Brasil em 2009. Em meio à estagnação do mercado imobiliário norte-americano, os serviços de reforma, construção e demolição ficaram escassos.
Em compensação, no Guarujá (SP), onde participa das obras de um condomínio, Coutinho disse que “não está dando conta” de tanto trabalho. “Lá [nos Estados Unidos] estava muito 'ruinzinho' mesmo. Tenho amigos que estão lá, sem dinheiro para voltar, trabalhando sem receber. Falei para um deles abrir mão [do dinheiro que lhe é devido], que aqui ele vai ter trabalho”, acrescentou.
A norte-americana Donna Roberts, de 48 anos, que saiu da Flórida para o Brasil em fevereiro, relatou contraste semelhante. “Lá, víamos muitos restaurantes e negócios fechando, nossos amigos perdendo suas casas”, diz a documentarista e educadora ambiental. “Aqui, parece que nada está reduzindo o ritmo [da economia]”, contou.
Como maior economia do mundo, os Estados Unidos têm um Produto Interno Bruto (PIB) quase sete vezes maior que o do Brasil, e PIB per capita de US$ 47,2 mil – quatro vezes superior ao brasileiro.
Mesmo após o 11 de Setembro, a economia americana manteve taxas de crescimento entre 2% e 3,5% até 2007, e o país continua sendo um dos mais procurados por estrangeiros em busca de oportunidades.
Em contrapartida, os Estados Unidos mergulharam em duas guerras na última década, sofreram com o estouro de uma bolha imobiliária e chegaram a um endividamento de US$ 14,3 trilhões, teto que foi elevado após uma desgastante votação no Congresso.
Um mercado deprimido e o índice de desemprego de cerca de 9% desafiam o governo do presidente Barack Obama. O Brasil veio de anos de baixo crescimento econômico, mas domou a inflação e o desemprego, estabilizou sua dívida e criou um mercado de consumo interno forte nos últimos dez anos, decorrente da entrada de milhões de pessoas na classe C.
Em 2008, a Standard & Poor's, mesma agência que neste ano rebaixou a nota da dívida norte-americana, deu ao Brasil o título de grau de investimento, o que fez com que o País fosse considerado de baixo risco para aplicações estrangeiras.
O cenário se tornou mais atraente para estrangeiros. No primeiro semestre de 2011, 4.312 americanos receberam vistos do Ministério do Trabalho brasileiro, em comparação com 3.622 no mesmo período de 2010.
O professor de macroeconomia da Fundação da Getulio Vargas (FGV) em São Paulo Rogério Mori disse que enquanto os Estados Unidos tiveram um grande crescimento amparado pela expansão do crédito até 2007, no Brasil a lógica foi outra: um crescimento mais moderado, derivado do fortalecimento do mercado interno e dos altos preços das commodities. "A diferença é que, de 2008 para cá, o motor do crescimento americano se esgotou. No caso brasileiro, as bases foram preservadas", avaliou.
Fonte:
Agência Brasil
05/09/2011 10:25
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