Crise reduziu envio de recursos de emigrantes brasileiros para suas famílias



Segundo o embaixador Oto Agripino Maia, que fala em nome do Itamaraty aos senadores da Comissão de Relações Exteriores (CRE), a redução das remessas dos brasileiros que vivem no exterior para suas famílias pode ser verificada em dados do Banco Central desde a agudização da crise financeira mundial, em outubro de 2008.

Um dos dados desse impacto, falou Oto Maia, é de que houve uma queda de 37% das remessas do Japão para o Brasil, no primeiro trimestre deste ano. No caso dos Estados Unidos, os envios bancários foram reduzidos em 25%, no mesmo período. Ele citou, inclusive, exemplo de famílias que recebiam cerca de mil dólares por mês e passaram a receber quatrocentos dólares de seus parentes emigrados.

- É sintomático que a crise econômica mundial, ao gerar desemprego, está tendo um impacto claro sobre a diáspora brasileira. Mas, desde a deflagração dessa crise e desde que sentimos que podia estar havendo incidência sobre as comunidades brasileiras que habitam no exterior, passamos a monitor a situação - informou o embaixador.

Ele contou que, apesar de não ter como medir com precisão essas ocorrências, é possível supor, por alguns dados, que está acontecendo desemprego entre brasileiros no estrangeiro. Oto esclareceu, porém, que os relatórios demonstram ser diferenciados os impactos sobre as três grandes concentrações de emigrantes: Estados Unidos, Japão (onde vivem 315 mil brasileiros) e na Europa.

No caso do Japão, explicou, os brasileiros que lá vivem têm contrato de trabalho nas fábricas, são descendentes de japoneses que emigraram para aquele país e têm etnia e cultura uniforme com o Japão. Por outro lado, se a pessoa perder seu emprego, tem pouca alternativa que não o retorno ao Brasil.

Já nos EUA e na Europa, existe uma maior multiplicidade de perfis de trabalhadores, especialmente nos EUA, onde existem desde brasileiros professores universitários até trabalhadores domésticos irregulares. Assim, ainda que esse emigrante brasileiro perca o emprego, tem possibilidade de mudar região e de atividade,como acontece hoje com brasileiros que viviam na Flórida e foram trabalhar na Geórgia e Nova Orleans, que sãohoje grandes canteiros de obras por conta do furacão Katrina.

- Há opções, portanto, para esses grupos. Ainda que percebamos que haja uma tendência residual ao retorno, o que pode ser detectado pela venda de maior número de passagens one-way [sem retorno] e pela procura por programas de retorno voluntário, como o oferecido pela Espanha - disse Oto Agripino Maia.



18/06/2009

Agência Senado


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