Cristovam: "abolição será completada quando escolas da senzala e da casa-grande forem iguais"
- Hoje não há escravidão, mas há exclusão social - ressaltou ele.
O parlamentar afirmou que, quando se propõe "acabar com a abolição" por meio da escola integral para todas as crianças, um dos primeiros questionamentos que se faz é quanto à origem dos recursos e se há verbas suficientes.
- Mas não se pergunta de onde virá o dinheiro quando se discute o PAC e os R$ 503,9 bilhões que se pretende gastar com esse programa - disse ele, acrescentando que "ninguém nesta Casa veio questionar de onde virá o dinheiro para o aumento de cerca de 26% dos salários de deputados federais e senadores".
Segundo Cristovam, seriam necessários "não mais que R$ 7 bilhões por ano, inicialmente", para se implantar o horário integral em todas as escolas do país, em um processo que duraria, de acordo com ele, em torno de 15 anos.
- Esse gasto não é tão alto - frisou o senador, destacando que, "no fundo, o que nós estamos fazendo, e ninguém pode dizer que não tem culpa, é deixar as crianças para trás".
Redenção
O senador também comentou sua visita ao município cearense de Redenção. Ele lembrou que o Ceará aboliu a escravatura em 25 de março de 1884 - portanto, quatro anos antes da abolição em âmbito nacional -, e que aquela cidade o fez ainda mais cedo, em 1883. Cristovam citou a história de Gil Ferreira Gomes, senhor de engenho de Redenção que, naquela época, decidiu alforriar seus escravos e comprar aqueles que estavam submetidos a outros senhores de engenho, para também libertá-los.
- Se fosse hoje, todos perguntariam: 'mas quanto custa isso?' - disse o parlamentar, acrescentando que "Gil Ferreira Gomes não se fez essa pergunta, levantando dinheiro com outros abolicionistas".
Cristovam lamentou que seja tolerada "essa escravidão chamada exclusão social", frisando: "seremos lembrados por isso".
26/03/2007
Agência Senado
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