Cristovam defende choque social para concluir abolição



"A Lei Áurea foi o único gesto radical de política social feita no Brasil em toda nossa história, mas foi um gesto incompleto." A opinião foi manifestada pelo senador Cristovam Buarque (PT-DF), que defendeu a necessidade do Senado completar o trabalho com um choque social que acabe com a exclusão. O primeiro passo neste sentido, sugeriu, seria dar dignidade ao salário do professor do ensino básico do país.

Na avaliação do senador pelo Distrito Federal, o Senado deve assumir o compromisso moral de declarar que a abolição está incompleta, reconhecer que é sua tarefa histórica completá-la e se indignar, através de cada senador, com a realidade da exclusão social. Exigir o fim do analfabetismo, e contribuir com o Executivo para que tal objetivo seja alcançado, é um passo que precisa ser dado, segundo Cristovam.

Uma das propostas do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, a de determinar como um direito de toda criança brasileira ter uma vaga na escola mais próxima de sua casa no dia em que completar quatro anos de idade, seria outra iniciativa a ser tomada. Uma reforma agrária que assegure aos sem-terra uma área onde possam trabalhar e assegurar seu sustento é uma outra exigência para concluir a abolição da escravidão, acrescentou o senador.

- Em 1888 tínhamos 720 mil escravos vivendo em senzalas, trabalhando obrigatoriamente, praticamente todos analfabetos, sem direito a um pedaço de terra próprio. Hoje temos 30 milhões vivendo em favelas, 12 milhões de desempregados, 17 milhões de analfabetos, 4 milhões de sem-terras. O número de escravos mudou, o nome passou a ser excluído ou pobre, o endereço não é mais o mesmo, mas pouco mudou na realidade social, nas condições de vida, na cor da pobreza, na violência, na prostituição infantil, na falta de higiene, na fome, nas filas - afirmou Cristovam Buarque.

Em aparte, o senador Mão Santa (PMDB-PI) opinou que as propostas apresentadas por Cristovam representam inestimável contribuição para a democracia. Já o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) comentou que sem uma reforma política o Congresso não terá condições de ampliar os recursos para a área social, se este também não for o desejo do Executivo. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) ressaltou a importância do país concluir seu processo abolicionista acabando com as amarras das injustiças sociais que atingem milhões de brasileiros.



13/05/2004

Agência Senado


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