Cristovam: abolição só estará completa quando houver "escola igual para todos"



Ao festejar os 120 anos da Lei Áurea, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou em discurso que a abolição da escravatura brasileira "só estará completa quando houver escola igual para todos; quando o filho do empregado puder freqüentar a mesma escola do filho do patrão". Para ele, os brasileiros do século 21 precisam ter a coragem e a persistência dos abolicionistas e lutar por total condições de igualdade, o que começa pela educação.

Cristovam comparou os atuais grupos educacionistas, já criados em 50 cidades do país, aos abolicionistas do século 19, os quais acreditam na educação como o caminho para a igualdade e lutam por melhorias gerais no setor. O último grupo foi criado há poucos dias em Campinas (SP) e o senador informou que, ao promoverem manifestação pela cidade, com a sua presença, seus integrantes contaram com a simpatia da população e isso "é um ótimo sinal".

- Como tudo no Brasil, não só a abolição ficou incompleta. Nossa República, por exemplo, tem uma bandeira com a frase Ordem e Progresso, a qual de 13 a 16 milhões de brasileiros não podem ler, pois são analfabetos - afirmou.

O senador acha que "a democracia recuperada pelos brasileiros em 1985" também continua incompleta, inclusive por causa das constantes mudanças nas leis. Ponderou que hoje os brasileiros não têm nem certezasobre qual lei eleitoral estará em vigor nas próximas eleições presidenciais - se ela preverá ou não a reeleição indefinida.

Cristovam Buarque lembrou que os abolicionistas discutiam que a libertação dos escravos deveria ser feita com três itens: a abolição em si, a educação para todos e a reforma agrária para garantir terra aos ex-escravos.

- Não fizemos reforma agrária e nem garantimos escola para todos - lamentou.

Ele voltou a propor três revoluções para mudar radicalmente o Brasil: escola até o final do segundo grau para todos; escola igual para todos; e escola tão boa quanto as melhores do mundo.



13/05/2008

Agência Senado


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