Cristovam: ausência de Brizola torna incerto palpite sobre transferência de votos do PDT no segundo turno



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que ficou com 2,64% dos votos válidos na eleição presidencial, avalia com cautela o potencial de transferência dos mais de 2,5 milhões de sufrágios conquistados para um dos dois candidatos que seu partido venha a apoiar no segundo turno - o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo PT, ou Geraldo Alckmin, pelo PSDB.

Cristovam observou, em entrevista à Agência Senado, que os votos dos eleitores do partido sempre convergiam, quase que na totalidade, para nomes e siglas indicados quando o PDT ainda estava sob o comando de Leonel Brizola. Ressalvou, porém, que essa será a primeira eleição presidencial sem o envolvimento do histórico líder, falecido em 2002, o que representa um desafio novo para o partido.

- Sou muito sincero, pois essa será a primeira vez que o partido decidirá sem a força do Brizola - disse ele, ao justificar a dificuldade de um prognóstico sobre a adesão dos eleitores do partido ao nome a ser indicado.

O senador reafirmou mais uma vez que o apoio a Lula ou a Alckmin, no segundo turno, não será fruto de decisão pessoal sua, mas uma definição partidária. Cristovam também avaliou de forma positiva sua participação na disputa presidencial. Primeiro, como observou, por ter contribuído para a arregimentação de votos para fortalecer a sigla, favorecendo a superação da cláusula de barreira.

Com os votos obtidos, acrescentou o senador, o partido também contribuiu para que a disputa presidencial fosse levada a segundo turno, com possibilidade de maior debate em torno das propostas de governo dos candidatos. Além disso, o senador disse que sua participação permitiu que fosse apresentada ao país a proposta de uma "revolução doce", por meio da educação, entendida, a seu ver, por um exército apreciável de 2,5 milhões de eleitores.

- Uma revolução com lápis, no lugar de fuzis; com escolas, no lugar de trincheiras; uma guerra com professores, em vez de guerrilheiros - esclareceu.

Eleito senador pelo PT, Cristovam integrou a equipe do atual governo como ministro da Educação. Deixou o cargo depois de longo embate com a área econômica por mais verbas para a pasta. Reassumiu o mandato, mas continuou em rota de colisão com o antigo partido, do qual se desligou no ano passado. Afirmou então se sentir frustrado pela não-realização das "mudanças" prometidas. Filiou-se depois ao PDT, dando seqüência ao mandato que se estenderá até 2011.



02/10/2006

Agência Senado


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