Cristovam: Brasil ficará melhor se lei sobre ensino de cultura e história indígenas for cumprida



Em audiência pública sobre a lei que torna obrigatório o ensino de história e cultura indígenas, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), senador Cristovam Buarque (PDT-DF), afirmou que o cumprimento desse texto legal é fundamental para que o Brasil seja mais tolerante e mais rico.

A Lei nº 11.645/08, discutida na audiência, alterou a Lei nº 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino sobre a história e a cultura afrobrasileiras nos currículos do ensino fundamental e médio, para incluir na mesma exigência os conteúdos sobre a história e a cultura indígenas.

Ao comentar afirmação do coordenador-geral do projeto Séculos Indígenas no Brasil, Frank Coe, que disse que gostaria de clonar os senadores Cristovam Buarque e Marina Silva (PV-AC), por suas posições em favor dos povos indígenas, o parlamentar pelo DF disse que há uma maneira de "clonar pessoas" - pela educação:

- A maneira de acabar com essas deformações [referindo-se a relatos feitos por índios sobre discriminação e repressão] é aplicar essa lei. Isso é o que vai mudar a cabeça das futuras gerações.

Sobre a declaração do historiador indigenista André Ramos de que os índios não são contra o progresso, o senador afirmou que os povos indígenas não estão, de modo obscurantista, contra novas formas de produção:

- O progresso precisa ser modificado para incorporar a vontade dos índios, dos negros, dos ecologistas. O progresso que está aí tem características antiétnicas, é um progresso branco. É preciso respeitar diferentes gostos e maneiras de viver - completou.

Cristovam anunciou que estudará, com sua assessoria, a possibilidade de apresentar um projeto de lei proibindo os cartórios de se recusarem a registrar crianças com nomes indígenas. O anúncio foi feito depois que Álvaro Tukano, idealizador do projeto Séculos Indígenas no Brasil, relatou dificuldades enfrentadas por índios na hora de registrar os filhos.

Cocar e gravata

No início da audiência, Cristovam disse que o ensino das culturas afro-brasileira e indígena serve para manter o patrimônio cultural da República e resgatar a dívida que o país tem com os povos indígenas e os afrobrasileiros:

- A riqueza só se manifesta quando se tem a diversidade. É importante ensinar às crianças as culturas dos povos que nos deram origem - afirmou Cristovam.

Ao lado de Álvaro Tukano, que usava um grande cocar, o senador declarou que "um país que tem uma vestimenta dessas é mais rico do que o que só tem a gravata".



11/11/2009

Agência Senado


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