Cristovam Buarque defende afastamento de Arruda do governo do DF



Em pronunciamento nesta segunda-feira (7), o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu o afastamento do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, para que sejam apuradas as denúncias de corrupção que vieram à tona com a divulgação de fitas de vídeo que mostram a distribuição de dinheiro a deputados distritais, autoridades e empresários por um ex-secretário do governo local.

- Ele [Arruda] prestaria um serviço à cidade, como fez ao afastar os secretários de governo envolvidos nas denúncias de corrupção - afirmou Cristovam, que foi governador do DF.

No início de seu discurso, Cristovam voltou a defender o entendimento entre os deputados distritais e os estudantes que na semana passada ocuparam a Câmara Legislativa do Distrito Federal em protesto contra os atos de corrupção.

O senador chegou a apelar à juíza Júnia deSouza Antunes, que autorizou a Polícia Militar do Distrito Federal a desocupar a sede da instituição, para que concedesse mais tempo para o diálogo entre as partes envolvidas. Pouco antes de deixar a tribuna, no entanto, o senador foi informado que a retomada da Câmara Distrital pela polícia foi adiada.

Cristovam disse que uma eventual retirada à força dos estudantes pelos policiais militares representaria um "gesto extremamente perigoso para a democracia". Dessa forma, segundo ele, o Distrito Federal estaria passando a imagem de "terra sem lei e sem ordem para o cumprimento do livre exercício da democracia".

- Ali não estão malfeitores, para roubar o patrimônio. Ali está um grupo de jovens se manifestando, que às vezes ultrapassam os limites. Os que fazem isso terão que amanhã prestar conta, mas a retirada dos estudantes transcende muito, é um dano de ordem moral na democracia do Distrito Federal - afirmou.

Em aparte, o senador Sadi Cassol (PT-TO) associou-se a Cristovam e sugeriu que a polícia "retire os corruptos e os corruptores de seu local de trabalho, e deixe lá aqueles que querem ver a administração pública limpa e transparente". Para Cassol, as imagens que mostram a distribuição de dinheiro "envergonham o Brasil e o mundo".

Por sua vez, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) parabenizou Cristovam "por tentar encaminhar uma solução de bom senso entre os estudantes que se encontram na Câmara Legislativa e as autoridades locais".

"Inversão de valores"

Já o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) disse que está havendo uma "inversão de valores" em torno do episódio e que as autoridades policiais não deveriam se voltar contra os estudantes, que estão exercendo um direito legitimo ao protestarem contra a corrupção.

Para o senador João Pedro (PT-AM) também defendeu os estudantes e pediu rigor "contra essa vergonha que macula não só a política do Distrito Federal, mas a política nacional".

Na avaliação do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), "a impunidade é a rainha no cenário em que o Brasil é o paraíso da corrupção". Para ele, "o julgamento político prescinde de provas materiais, o que se viu [nos vídeos] é suficiente".

Antes de concluir seu pronunciamento, Cristovam defendeu a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado para apurar as denúncias de corrupção no governo do Distrito Federal, caso essa providência não seja adotada pela Câmara Legislativa, "que parece controlada pelas mesmas forças que aparecem na televisão".

- Se não tiver lá, vai ter aqui. Vamos colher as assinaturas. Já temos sete - informou.

O Regimento Interno do Senado exige 27 assinaturas no requerimento para a abertura de CPIs.



07/12/2009

Agência Senado


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