Cristovam critica reforma política e pede reforma republicana
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), em pronunciamento nesta quinta-feira (31), foi duro em suas críticas à reforma política que vem sendo preparada pelo Senado, em comissão criada especialmente com essa finalidade. O parlamentar considera a reforma proposta como exclusivamente eleitoral e sugeriu o que denominou de reforma política republicana.
- Precisamos fazer a verdadeira reforma, mas temo que estejamos nos encaminhando para uma reforma puramente eleitoral, e não uma reforma republicana - disse o senador.
Entre as propostas defendidas por Cristovam está o fim da reeleição para cargos no Executivo e previsão de apenas uma reeleição consecutiva nas eleições proporcionais.
- Nenhum de nós, senador, deputado, vereador poderia ser reeleito consecutivamente mais de uma vez. Então, ninguém teria mais de dois mandatos seguidos. Agora, para ser uma reforma política republicana, seria preciso fazer uma coisa que incomodaria a muitos: eu acho que até líder sindical não deveria ter direito a mais de uma reeleição. Nem o presidente da CBF [Confederação Brasileira de Futebol] deveria ter direito a mais de uma reeleição - sugeriu.
Cristovam disse também ser favorável à fidelidade do eleito ao partido que o elegeu, mas admitiu que muitas vezes o partido não é fiel ao eleito e este deve ter a chance de pedir seu desligamento e candidatar-se como independente.
O parlamentar defendeu ainda a manutenção do voto obrigatório e comparou-o com a obrigatoriedade de a criança, a partir dos cinco anos ter de ir para a escola. Votar, argumentou, é "um ato pedagógico", por meio do qual se está aprendendo.
Cristovam defendeu também um sistema mais democrático de escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal de Contas da União (TCU), com a participação de instituições como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Por fim, o senador propôs que sejam realizadas votações no Senado durante três semanas no mês, tendo os parlamentares uma semana para visita às bases eleitorais. Propôs o fim do voto secreto; do voto de liderança; e do que chamou de voto "parado".
- Nada me desmoraliza mais, quando descubro que uma coisa foi aprovada na minha presença, sem eu saber, porque disseram: 'Quem estiver de acordo, fique como está'. Eu me descuidei e não me mexi, e a coisa foi aprovada com a minha conivência - protestou.
31/03/2011
Agência Senado
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