Cristovam pede que Lula vá a Copenhague com proposta capaz de mudar o padrão de desenvolvimento



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sugeriu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dê um exemplo aos países desenvolvidos e exerça um papel de liderança mundial, levando à Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas ( COP-15) uma proposta alternativa de modelo de desenvolvimento econômico, que garanta a sobrevivência não apenas das gerações atuais, mas também das gerações futuras.

- Temos uma chance raramente vista de levar ao cenário mundial uma proposta alternativa para os destinos do mundo inteiro. Para termos credibilidade, porém, temos que ter o compromisso com o que vamos fazer aqui dentro - ressaltou.

Cristovam Buarque insistiu que o Brasil deve assumir uma posição ousada na COP-15, sem esperar que os países desenvolvidos apresentem metas igualmente ambiciosas de redução das emissões de gases do efeito estufa. Para o parlamentar, o país deve assumir suas responsabilidades ambientais para combater o aquecimento global, independentemente da atitude e das metas adotadas por outros países.

Muro de Berlim

Em seu pronunciamento Cristovam Buarque lembrou os 20 anos da queda do muro de Berlim, comemorados nesta segunda-feira (9), que, simbolicamente, representou o fim da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética.

O senador reconheceu que a queda da "Cortina de Ferro" trouxe avanços econômicos e liberdade individual, observando, no entanto, que o muro de Berlim foi substituído por outros "muros" no mundo moderno: o da desigualdade social; o do desequilíbrio ecológico, que provoca desigualdade entre a geração atual e as gerações futuras; a desigualdade tecnológica entre os detentores dos bens tecnológicos e os que não têm acesso a eles; e a desigualdade da saúde, que torna a expectativa de vida diferenciada de acordo com a classe social.

- Uma rede internacional [de televisão] anunciou que, na parcela rica da população, há 50% de chances de se viver até os 100 anos. De duas crianças nascidas, uma chegará aos 100 anos, enquanto para a outra a esperança [de vida] é de 39 anos. Um muro tão duro ou pior que o de Berlim entre a Alemanha Oriental e a Ocidental - disse o senador.

Cristovam Buarque acredita ser "eticamente incompatível" a existência de uma modernidade rica à custa de excluídos sociais, após o desaparecimento de fronteiras geopolíticas que separavam os países, como há 20 anos. Para o senador, justamente por reunir contradições sociais visíveis e, ao mesmo tempo, contar com cientistas capazes de encontrar soluções para as desigualdades sociais e alternativas ambientais compatíveis com uma economia socialmente mais justa e menos agressiva ambientalmente, o Brasil é o país apropriado para assumir a liderança global de um novo modelo econômico.

Para isso, sugere o senador, o presidente Lula teria que adotar uma postura consentânea com os desejos de uma grande maioria da civilização atual, que anseia por uma proposta alternativa capaz de pôr um fim aos diversos "muros" existentes, que separam uma minoria privilegiada da grande maioria desfavorecida.



09/11/2009

Agência Senado


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