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Silvio Santos é único capaz de enfrentar Lula
Pesquisa divulgada ontem revela que candidato do PT venceria, com facilidade, Serra, Garotinho e Ciro .
O apresentador e empresário Silvio Santos é o único nome, entre os que até agora foram colocados para a eleição presidencial de outubro próximo, com condições de enfrentar no segundo turno o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. O cenário está presente na nova rodada da pesquisa do Instituto Sensus, encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), divulgada ontem, em Brasília.

Lula, de acordo com a pequisa, só não vence no segundo turno o apresentador do SBT. Em uma eventual disputa com Silvio, caso ele seja escolhido candidato pelo PFL, Lula apareceria com 41,4%, contra 36,1% do apresentador. A situação é de empate técnico (margem de erro é de 3 pontos percentuais).

Lula, no entanto, ampliou a vantagem sobre seus prováveis adversários na campanha, em todas as simulações de um eventual segundo turno apresentadas pela pesquisa Sensus/CNT.

Em um confronto com o candidato do PSDB, José Serra, a vantagem de Lula seria de 46% contra 32,3%. Na pesquisa anterior, realizada em março, ambos empatavam tecnicamente – Lula aparecia com 42,9% e Serra, 41,2%.

Contra Anthony Garotinho (PSB), a vantagem de Lula seria ainda maior. O petista venceria com 46,6%, contra 30% do ex-governador do Rio. A diferença em favor de Lula era menor em março – 45% contra 37,3%.

O candidato do PPS, Ciro Gomes, apresentou o pior desempenho contra Lula. Neste cenário, o candidato do PT teria 47,3% e Ciro, 28,6%. No levantamento anterior, Lula aparecia com 48,7% contra 31,8% de Ciro.
A CNT/Sensus entrevistou 2.000 pessoas entre os dias 21 e 25 de abril, em 24 estados.

O presidente da CNT, Clésio Andrade, que é filiado ao PFL, afirmou que o nome de Silvio não foi incluído a pedido do partido, mas sim por sugestão dos jornalistas. No primeiro turno, com a inclusão de Silvio, Lula lidera as intenções de voto, com 30,5%. Silvio aparece com 17,8%, empatado tecnicamente, com Serra (13,6%) e Garotinho, com 12,9%.

Como a margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos, Ciro, que tem 8,8%, de acordo com a pesquisa, empata tecnicamente com Garotinho e Serra, mas não com Silvio. Isto porque, Ciro pode ter entre 5,8% e 11,8% de intenção de voto (variações dentro da margem de erro), Serra entre 10,6% e 16,6%, e Garotinho entre 9,9% e 15,9%.

Crescimento petista
O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, subiu 5,8 pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto à Presidência da República entre março e abril, de acordo com o levantamento realizado pelo CNT/Sensus. O petista está com 37,9%. Em março, Lula estava com 32,1%.

O ex-ministro José Serra, candidato do PSDB à Presidência, vem logo atrás de Lula, com 16,1% (em março, ele estava com 19,1%), seguido pelo candidato do PPS, Anthony Garotinho, que aparece agora com 15,2% de intenção de voto – contra 19,0%, em março –, e pelo presidenciável do PPS, Ciro Gomes, que está com 10,5% da preferência do eleitorado.

Na pesquisa anterior, ele estava com 9,7% da preferência do eleitorado .

Como a margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo, Serra, Garotinho e Ciro estão empatados tecnicamente em segundo lugar.

O candidato do Prona, Enéas Carneiro, está com 2,4% das intenções de voto (estava com 2,9% na pesquisa anterior).

Brancos, nulos e indecisos somam 18,2% na pesquisa divulgada ontem. Em março, este número era de 17,4% do eleitorado.

Segundo o presidente da CNT, Clésio Andrade, a pesquisa mostra que a situação de Serra está perigosa por causa da sua oscilação negativa que apresentou entre os últimos dois meses.

A pesquisa apontou, ainda, queda no índice de rejeição de Lula, que passou de 42,7% em março para 38,8% em abril, o menor dentre os cinco principais candidatos. Silvio Santos teve 43,5% de rejeição. A rejeição a Serra aumentou de 41,9% para 46,6% de março para abril; a de Garotinho, de 44,7% para 50%; e a de Ciro, caiu de 53,8% para 51,9%.


Moedas sumidas viram artigo de câmbio negro
Até o final de maio o Banco Central estará colocando em circulação novas moedas de R$ 1 e de 50 centavos.

A queixa é geral entre os consumidores e os comerciantes: está faltando moeda na praça. Apesar de pequenas e de terem valor nominal baixo, elas são indispensáveis na hora de dar o troco.

O comerciante Marcos Seitiro Tanaka, proprietário de uma frutaria, disse que várias vezes passou aperto na hora de dar o troco para os cliente. "As moedas estão realmente escassas", afirmou. Para ele, o maior problema é o fato de muitas pessoas ficarem guardando dinheiro nos cofrinhos.

Sempre que as moedas estão chegando ao fim, Marcos Cézar Carneiro, gerente da lanchonete Pizzas Dom Bosco, recorre aos vigias de carro. "Em banco é sempre um mais demorado", explica ele. Mesmo assim, às vezes é difícil. Na lanchonete, as únicas moedas que nunca faltam são as de chocolate.

Quando chega ao fim do dia na quadra 303 do Sudoeste, o vigia de carros Josivaldo Rodrigues de Souza, 23 anos, está quase sem moedas. Mas cheio de cédulas. É que os comerciantes da quadra recorrem a ele e a outros vigias de carro para conseguir moedas. "Tem uns que me pedem para reservar o trocado para eles", disse.

Algumas pessoas (que não são comerciantes, é claro) odeiam esses pequenos objetos. "São pequenas demais e eu perco com facilidade", reclama a estudante de Medicina Eliones Dantas Pinto, 21 anos.

Para tentar melhorar essa situação, a Panificadora Siciliano, do Sudoeste, criou uma campanha para que os clientes comprem com moeda. É a Campanha do Troco. A cada cinco pães comprados com moeda (R$ 1,10), o freguês leva um grátis.

Além disso, afixaram-se cartazes incentivando seu uso: Moeda também é dinheiro. Nunca deixe de usar. De acordo com o gerente Raimundo Gomes, o resultado foi ótimo. "Agora, é difícil ficar sem moeda", comemora.

Os consumidores costumam ser responsabilizados pelo sumiço: deixariam as moedas em cofrinhos ou as desprezariam por seu pouco valor, deixando que se percam. Mas a verdade é que o número de moedas em circulação ficou abaixo do esperado: por economia, o governo suspendeu encomendas já feitas.

Até o final de maio o Banco Central estará colocando novas moedas de R$ 1 e 50 centavos em circulação. As moedas de níquel serão substituídas por moedas de alumínio. O custo de mil unidades de níquel é de R$ 360, enquanto o alumínio sai por R$ 126. É verdade que o Brasil já teve uma experiência ruim: as moedas de alumínio são muito leves e desgastam-se com rapidez.

Este ano, o BC disponibilizará para o mercado 1,2 bilhão de moedas. Uma média de 50 moedas por habitante.


Dicas de última hora para o IR
Hoje é o último dia para acertar as contas com o leão. Até às 17h de ontem, a maioria dos contribuintes de Imposto de Renda, ou 12.117.000 de um total de 14 milhões, tinha prestado contas ao Fisco sobre seus rendimentos e despesas, referentes ao ano passado. Quase 90% dos contribuintes já pagaram IR e, por conta disto, a Receita Federal não espera tumulto, hoje, em seus postos.

No Distrito Federal, dos 360 mil contribuintes, 318.422 já tinham entregue até às 2h de ontem. Se você está entre os atrasadinhos existe, tecnicamente, o risco de enfrentar congestionamento na internet, hoje. Se isto ocorrer, não perca tempo em frente ao computador. Grave a declaração em disquete e corra a uma agência da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil, que funcionam das 11h às 16h.

Mas o risco de congestionamento não é tão grande assim. Ontem, a Receita recebeu a média de 100 mil declarações por hora, sem qualquer problema.

Os contribuintes que não entregarem a sua declaração dentro do prazo poderão arcar com uma multa mínima de R$ 165,74 e máxima de 20% do imposto devido. É preciso guardar o comprovante, eletrônico ou não, de que a declaração foi enviada com sucesso à Receita.

Do total de contribuintes que já entregou sua declaração de IR, quase a totalidade preferiu a internet. Mas ainda há pessoas, como a aposentada Lúcia Japp, 60 anos, que desconfia do sistema on-line. "Me sinto mais segura em fazer pelo formulário, pois ali está o que eu escrevi", explica ela, que conserva o hábito de entregar sua declaração nas agências dos Correios há 30 anos.

A principal preocupação dela é com uma possível fraude, pela internet, de seus dados, que são sigilosos. A Receita garante que o sistema é seguro, mas Lúcia, que embora aposentada trabalha em um hospital, prefere o método tradicional.

Ontem à tarde, ela entregou a declaração dela e do marido na agência dos Correios do Setor Bancário Norte, onde havia pouco movimento. Lúcia pagou R$ 5 para entregar os formulários, uma tarifa que considera cara. "É muito maior que uma postagem ( a simples custa R$ 0,40)", reclama.

Lúcia teve de refazer a declaração do marido, que é diabético, porque havia deduzido gastos de R$ 5 mil com tratamento da diabetes. Ela estava respaldada em uma liminar da Justiça, que foi derrubada na quinta-feira. Por isto, atrasou a entrega dos formulários.

Essencial é não perder o prazo
A Receita Federal não pretende prorrogar o prazo de pagamento do IR. Portanto, se você ainda não está em dia com o Fisco reúna o máximo de informações sobre rendimentos e despesas referentes ao ano passado para fazer a sua declaração, hoje. Pela internet, o prazo final vai até as 20h.

Mesmo que você não puder reunir toda a documentação hoje, inclua as informações na declaração e providencie depois os comprovantes. "O que importa é colocar dados reais", alerta o advogado tributarista Guilherme Castelo Branco.

Se você errar alguma informação, poderá fazer uma correção a qualquer tempo em sua declaração. Mas lembre-se: depois do prazo final da Receita Federal, não é possível mudar o modelo da declaração (completo ou simplificado).

Para quem ainda não fez a declaração, o primeiro passo é definir qual o modelo a seguir. Especialistas recomendam que, se o contribuinte tem muitas despesas com saúde, Previdência Social ou Privada, educação dos filhos e ainda muitos dependentes, deve escolher o modelo completo, pois assim pagará menos IR.
Pelo modelo simplificado, é possível deduzir 20% das despesas, desde que não ultrapasse R$ 8 mil. Se você tiver despesas que podem ser deduzidas, procure simular a declaração pelos dois modelos, para saber qual o caminho deve trilhar.

Para os cônjuges, se um dos dois não trabalha, o melhor caminho é fazer uma só declaração. Mas se os dois trabalham, devem fazem declaração separado, pois assim poderão se valer do limite de isenção (R$ 10.800), se for o caso. Em geral, é melhor também declarar a pensão alimentícia dos filhos separado da renda de quem detém a guarda deles.


Plano de saúde deve subir
Quem tem plano de saúde pode ir se preparando para pagar mais pela mensalidade entre maio e junho próximos. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) ainda não bateu o martelo sobre o reajuste deste ano dos planos, mas já tem operadora reivindicando 15% de correção. A ANS confirma apenas que está examinando os preços .

A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge-RJ) está pleiteando 15% por conta dos gastos que os planos tiveram decorrentes da epidemia de dengue. "Somente o nosso custo ambulatorial aumentou em 40% por conta da epidemia. Vivemos uma situação atípica este ano e isto deve ser levado em conta pela Agência", diz Sérgio Vieira, presidente da Abramge/RJ.

A Abramge nacional não fala em percentuais. A Associação informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o aumento esperado depende da composição de custos de cada empresa e que, depois disso, a ANS tira a média para aplicar o reajuste para todo o País.

No ano passado, a ANS autorizou um reajuste de 8,71% para as mensalidades dos planos de saúde. Em 2000, a correção autorizada foi de até 5,42%.

A ANS está analisando as planilhas de custos das operadoras de planos para definir o percentual. A correção será aplicada na data de renovação dos contratos.

As operadoras de planos de Medicina de Grupo (como Amil e Golden Cross) reclamam do fato de a ANS não ter autorizado o aumento este mês. "Estamos angustiados. O correto é este reajuste já ter sido autorizado para que a gente pudesse aplicá-lo em maio", reclama Sérgio Vieira.


Juízes negam direito a eutanásia a britânica
A Corte Européia de Direitos Humanos rejeitou, ontem, um recurso de Diane Pretty, uma britânica em estado terminal que reivindica que seu marido, Brian, não seja processado criminalmente caso a ajude a cometer suicídio. Na Grã-Bretanha, uma pessoa que auxilia outra a se suicidar pode ser condenada a até 14 anos de prisão.

Os juízes de Estrasburgo declararam que o fato de o suicídio assistido ser um crime naquele país não consistia em uma violação dos direitos humanos de Diane.

A corte européia era a última esperança de Diane de garantir o que acredita ser seu direito de morrer com dignidade.

Mãe de dois filhos, Diane, de 43 anos, sofre de uma doença degenerativa desde 1999 e, embora seu intelecto esteja perfeito, ela está tetraplégica, mal consegue falar e é alimentada através de um tubo. Diane, que apelou à corte européia após perder a batalha judicial na Grã-Bretanha, enfrenta a perspectiva de morrer a curto prazo de falência respiratória e pneumonia quando a musculatura envolvida na respiração for afetada pela doença. Após o veredicto, Brian declarou: "Não quero dizer muito no momento.".

O caso de Diane tem alimentado um antigo debate na Grã-Bretanha sobre a eutanásia, o suicídio assistido e o direito de uma pessoa de escolher quando morrer.


Israelenses ocupam Hebron e matam 9
O Exército israelense ocupou na noite passada a cidade de Hebron (Cisjordânia), matando nove palestinos, segundo fontes da segurança palestina. De acordo com as fontes, entre as vítimas está Rajai Abu Chami, um membro das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, o principal grupo armado vinculado ao movimento Fatah, de Arafat. Outros 20 moradores de Hebron (120 mil habitantes), a cidade mais povoada da Cisjordânia, foram feridos pelo Exército em troca de tiros com os palestinos.

Também ontem, um atirador israelense matou um palestino dentro do complexo da igreja da Natividade, que permanece cercada pelo Exército israelense há 25 dias. Os militares israelenses afirmaram que as tropas que cercavam a igreja mataram o homem porque ele estava armado.

O ministro da Defesa de Israel, Benjamin Ben-Eliezer, disse que o líder palestino Iasser Arafat já pode sair do quartel-general em Ramallah, na Cisjordânia, onde está confinado, se os seis palestinos procurados por Israel permanecerem no quartel-general.


Artigos

Jogo da verdade na tributação
Eduardo Brito

Lula poderia ter poupado o povo das explicações a respeito de sua proposta de aumento do Imposto de Renda. Como vovó dizia, o que começa mal, pior acaba. Lula falou bobagem quando propôs aumentar o imposto de renda e transformou a tolice em desastre quando tentou corrigi-la.

O problema não foi o aumento de imposto em si. Qualquer mortal medianamente bem informado sabe que, quando o PT assume qualquer cargo, sua primeira providência é aumentar imposto. Nem o Distrito Federal escapou. Quando o Cristovam Buarque estava na reta final das eleições de 1994, um entrevistador da TV Brasília perguntou-lhe se, caso eleito, aumentaria impostos. O professor só não repetiu George Bush, o pai, porque respondeu em português. Read my lips: no more taxes, dissera o ex-presidente dos EUA. Empossado, Cristovam mandou imediatamente à Câmara um projeto aumentando tudo a que julgava ter direito.

Mas o PT está certo ao fazer isso. Goste-se ou não, os tributos são o caminho mais eficaz para a redistribuição de renda. Os europeus que o digam. Se hoje existe boa distribuição de renda na Europa, isso se deve em parte à erosão sofrida pela poupança privada nos períodos de guerras e entreguerras, mas principalmente à política tributária.

O problema está na forma de usar a tributação. E foi nesse ponto que Lula cometeu erros colossais, que podem lhe custar a campanha. Primeiro, falou na coisa errada, na hora errada. Mais de 14 milhões de brasileiros estão danados da vida neste momento, quando acabam suas dolorosas declarações de Imposto de Renda. Vêem quanto lhes foi garfado e em muitos casos, quanto lhes tomarão ainda. Falar em aumento do IR neste momento é como falar em febre amarela em casa de atleticano.

Segundo, Lula falou no imposto errado. O Imposto de Renda responde por menos de um terço da arrecadação tributária do País e, sabe todo mundo, morde só o salário de quem tem carteira assinada. Terceiro, tentou corrigir a bobagem dizendo que só vai taxar quem ganha mais de R$ 300 mil ao ano. Será que ele tem algo contra o Sílvio Santos, um dos raríssimos brasileiros que fatura isso e declara ao Leão? Zero de credibilidade.
Quarto, perdeu uma ótima chance de colocar em pratos limpos o que seu partido vai saber. O PT promete renda aos ditos excluídos. Lógico que isso custa dinheiro, muito dinheiro, e que terá de vir de algum lugar. Como ninguém diz de onde virá, cada um teme que saia do seu bolso. Melhor seria informar quanto se pretende dar aos excluídos e quanto os não-excluídos pagarão. Ou, antes, quanto cada não-excluído pagará. Só assim Lula poderá conquistar alguma confiança na classe média, que hoje decide eleição. Quinto, aprofundou as dúvidas e o temor. Taxar quem ganha mais de R$ 300 mil, poucos que são, não paga a ponte aérea de Favre para Paris e muito menos o salário dos sindicalistas e da militância que o PT costuma premiar com cargos de confiança.

Em resumo: Lula precisa assumir que vai, mesmo, aumentar impostos. E, principalmente, que fará isso de modo justo, dizendo de onde tirará a grana e para onde ela irá. Olhaí, marqueteiros.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Novo escândalo: Lalau fez escola
O Tribunal Superior do Trabalho investigará denúncias de irregularidades na construção do TRT de Rondônia. O escândalo representa meio TRT do juiz Lalau: foram gastos R$ 61,4 milhões e o superfaturamento atingiu 52,7% desse total. Três ex-presidentes são citados pela auditoria do TST por suposto envolvimento: Heraldo Fróes Ramos, Pedro Pereira de Oliveira e Rosa Maria do Nascimento. O presidente do TST, ministro Francisco Fausto, avisa: "não vou passar a mão na cabeça de ninguém".

Operação Roosevelt
Já tem nome o conchavo que objetiva substituir José Serra pelo próprio FhC: é a "Operação Roosevelt" – numa alusão ao governante americano reeleito três vezes. O TSE (ou "TSDB"), informalmente, já teria sinalizado que a reeleição vale a partir da sua aprovação, o que permitiria a FhC mais um mandato. E a recomposição da esfacelada base do governo.

Luta de classes
Se depender das pesquisas, o segundo turno poderá ter um ex-camelô contra um ex-metalúrgico.

De olho no futuro
Repercute em Brasília a pesquisa do jornal O Dia sobre a relação Conteúdo vs. Capacidade de Execução dos presidenciáveis. Ganhou José Serra, com média 7,1 para conteúdo e 6,3 para a condição de executar as próprias propostas. As notas foram atribuídas por dez personalidades. Lula, por exemplo, ganhou média 2 do ex-ministro Maílson da Nóbrega, e média 9 de João Felício, presidente da CUT.

Nepotismo e censura
O governador Ronaldo Lessa (AL) o-d-e-i-a imprensa independente. O jornalista Ricardo Motta, âncora da TV Pajuçara (SBT), criticou a nomeação do irmão de Lessa para o Tribunal de Contas, e provocou a ira do governador. Ele rodou a baiana e bateu pezinho, reunindo os secretários para ofender Motta e proibi-los de conceder-lhe entrevistas.

Pensando bem...
...quando a polícia quer se livrar de bandido, é melhor chamar o ladrão.

Gente fina
Só acontece lá: prostituta de luxo sobe na vida espertamente e expõe os podres dos políticos e da alta sociedade, envolvida com lavagem de dinheiro e muita corrupção, especialmente dos bancos. É "Beresina", o último filme do cineasta Daniel Schmid, que chega hoje ao Rio para o festival de cinema suíço, promovido pela Pro Helvetia e Banco do Brasil.

Sacrossanta missão
Madre Paulina, primeira santa brasileira, poderia fazer mais um milagre: devolver aos cofres públicos os gastos da Viúva com os nossos probos e pios deputados, que vão reverenciá-la em Roma, Paris e arredores.

Saindo do sufoco
Certamente determinado a sair do sufoco, o Palácio do Planalto contratou empresa de consultoria para fazer "análise de viabilidade econômico-energética" da modernização de sua central de água gelada do ar-condicionado. O blablablá custará R$ 13.760,00 ao erário.

Desmancha no ar
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vulgo "Picolé de chuchu diet", disse na TV Record (pouco antes de derreter) que a candidatura de José Serra já decolou. O digirível Hindemburgo também, lembram?

Discurso engavetado
No poder, o PT parece esquecer sua crítica à substituição do concurso público pela contratação "emergencial" de funcionários, sem concurso, por meio de empresas de mão-de-obra amigas. Marta Suplicy ordenou ontem a Secretaria de Educação paulistana contratar 1999 "auxiliares de desenvolvimento infantil" por 12 meses. Até a eleição acabar, claro.

Secretário-reserva
O governo Benedita da Silva tem dois secretários de Meio Ambiente: um de direito, Litz Vieira, e outro de fato, o deputado estadual Carlos Minc, petista afinado com o peemedebista Sérgio Cabral. Minc, que quer se reeleger, escalou Litz para assinar a papelada, enquanto outubro não vem. Aí, assume o posto, até 31 de dezembro.

Cascata vaiada
José Serra tomou uma vaia constrangedora, ontem, durante debate na Força Sindical, ao afirmar a uma platéia de trabalhadores que há remédios de graça para o povo. "Só não chegam à população, mas existem", jurou. Dos quatro candidatos, Lula foi o mais aplaudido.

Faz-de-conta
Ariel Sharon, a besta humana, já resolveu o problema diplomático com Bush filho: de manhã ele se retira de duas cidades palestinas, Bush finge satisfação; à noite, quando Bush finge que dorme, ele ocupa outras duas.

Jacaré com cobra d'água
A vaca foi para o brejo na USP: o professor José Antônio Visintin clonou uma nelore adulta, mas nasceu um bezerro macho. Ele não sabe o que aconteceu com a célula tirada da orelha da estranha vaca.
Ou temos o primeiro bicho gay da história ou esse bezerro é "laranja".

Poder sem pudor

Ladrão fora da tropa
José Calixto, primo de Leonel Brizola, fundou no noroeste do Rio Grande do Sul, em 1961, o Movimento dos Sem Terra. Ao saber que os militares não queriam a posse de João Goulart, com a renúncia de Jânio Quadros, ele reuniu cinco mil homens e marchou para Porto Alegre. No meio do caminho, com dificuldades para alimentá-los, disse em voz alta:
– Vou dar uma chance de vocês roubarem um pouco. Quem quiser roubar, dê um passo à frente.
Apresentou-se uma centena de manifestantes dispostos a "roubar".

– Eu só queria saber quem eram os ladrões. Quem deu um passo à frente, fora da tropa! Ladrão não luta pela pátria!

E seguiu viagem.


Editorial

CORRIDAS IRRESPONSÁVEIS

Em matéria publicada ontem, este jornal denunciou os locais de pegas de veículos, que têm local, público cativo e hora marcada. Não é admissível uma cidade como Brasília, cujos índices de educação no trânsito superam a média brasileira, ainda conviver com situações como essas.

Além do reforço do policiamento nos locais determinados, que a própria polícia admitiu saber onde são, é necessário mais rigor da lei. Jovens que assumem o volante de veículos e saem a toda velocidade pelas ruas da cidade são criminosos.

Sabem que qualquer falta de atenção pode causar a morte de inocentes. Põem em risco não só suas próprias vidas, como a de quem assiste a essas corridas irresponsáveis e fora de hora.

Pelas regras atuais, esses foras-da-lei que acreditam ser pilotos só podem ser punidos pela lei de trânsito. Falta a tipificação do crime que cometem ao pisar fundo no acelerador em locais não apropriados. A falta de rigor, somada à origem rica de grande parte dos infratores, cria um clima de impunidade e as "corridas" se repetem.
As autoridades devem ficar atentas para tais práticas e, em caráter de urgência, enquadrar os pegas (ou rachas) como crime. Em conjunto, a polícia deve estar aparelhada para identificar, perseguir e prender os falsos pilotos.


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04/30/2002

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